Grandes Nomes da História (11)

O Outro e o Mesmo

O Mesmo é uma das grandes figuras de nossa sociedade contemporânea. Aquele cara que fica espalhando o terror por elevadores de todo o Brasil. É provável que você não o tenha visto, mas sabe que ele existe. Afinal, sempre que você vai entrar em um elevador, lá está o misterioso aviso: “antes de entrar no elevador, verifique se o Mesmo está no andar”.

Poucas pessoas já encontraram o Mesmo. E ninguém sabe o que fazer, caso ele realmente esteja lá. Isso é um bom sinal? Ou você deveria fugir? O Mesmo irá te matar, extirpar seus órgãos vitais e comer as suas vísceras temperadas com limão e orégano? E em que lugar do andar ele estará? Dentro do elevador, com o zíper abaixado? Pendurado no lustre, pronto para lhe oferecer um champanhe safra 86?

Ninguém sabe. Temos apenas que conviver com esse medo que corrói as nossas almas. Mas, enfim, falemos da vida deste nobre cidadão. Ele nasceu um dia, cresceu e sempre manteve a coerência. Todos os seus amigos dizem que ele sempre foi o Mesmo. Habita elevadores por motivos desconhecidos. É provável que seja um fetiche por aquele sobe e desce interminável. Há quem sinta desejo sexual por patos, porque não sentir tesão por um elevador? Aquele ambiente metálico, cheio de botões e espelhos. Fim.

Agora, falemos sobre o Outro. O Outro é uma pessoa simples, mas sempre misteriosa. Ninguém sabe aonde ele vive, mas vive de dizer frases. Você nunca viu uma pessoa dizendo “como diria o outro: rapadura é doce, mas não se enfia no cu”? Então. É provável que você tenha imaginado que este era apenas um recurso estilístico, uma lição sobre a arte de citar fontes inexistentes. Mero engano.

O Outro realmente existe. Dizem que ele talvez seja um louquinho de bairro, que seja um messias perdido. Ninguém sabe aonde ele vive, mas vive de dizer frases. O Outro atende pelo número de celular 9200-2891. Você liga para ele e pede uma frase. Ele te dirá. Todas as frases da história do universo foram proferidas por Outro. Tirando algumas frases desse texto, que fui eu quem escreveu.

Foi o Outro que disse “tomai todos e bebei, este é o meu sangue”. Também foi Outro que falou “Minha terra tem Palmeiras aonde cantam os Sábias”. E também foi o Outro que disse “mulek preiboi, funkero séquisso anal, a chatuba de mesquita pega as mulé de geral”.

Mas, nunca se esquece. O Mesmo não é Outro. E o Outro não é o Mesmo, não que isso seja um julgamento de caráter, entenderam?

Comentários