Entendendo: o Tour de France

Sempre nessa época do ano ele está lá: o Tour de France. O nome parece chique, como tudo em francês parece chique. Trata-se apenas de uma corrida de bicicletas. Sim, bicicletas. Sim, isso mesmo. Pessoas sobem em suas bicicletas e começam a pedalar. Pedalar. Pedalar. Mas, ao contrário de vocês, eles não vão apenas até o colégio. Eles pedalam por toda a França, ao longo de dias, em etapas muito longas.

A tradição teve início em 1903. Cansado de sofrer sozinho, o jornalista Henri Desgrange resolveu criar uma corrida de bicicletas que percorresse mais de 3 mil km. A idéia era louca, mas assim que ela chegou a um sanatório, dezenas de pessoas vestidas de Napoleão curtiram a idéia. E o Tour teve seu começo.

Certo, andar de bicicleta a gente nunca esquece. Por algum motivo, essa metáfora monopolizou nossa memória sobre memória. Existem dezenas de outras coisas que nós nunca esquecemos como é que se faz. Respirar, por exemplo. Sim, é verdade que não nos esquecemos como é que se anda de bicicleta. Podemos ficar dez anos sem subir em uma, mas no momento em que o fizermos a mágica estará feita. Andar-lhe-emos. Só que, dez anos depois, você ficará muito cansado. Extremamente cansado. Ficamos cansados apenas em ver as pessoas pedalando até a eternidade.

Fora isso, as etapas são sempre iguais. Mais de 50 km de prova. Um cara dispara na frente. Ele abre minutos de vantagem. Lidera 48 km. Um gás impressionante. Vai ganhar! Não. Vai perder. Sempre o cara que lidera a corrida toda perde no final. Acaba em nonagésimo sétimo. Na corrida seguinte o mesmo cara vai fazer a mesma coisa e vai perder de novo. A vontade é falar para ele: “meu filho, muda isso!”. É como se em todo jogo de futebol, um time saísse na frente só pra tomar a virada no final.

Como tudo na França é muito fresco, o Tour também se destaca pela moda. Essa coisa desprezível. Os corredores são identificados pelas coloridas camisas que eles usam. Para se entender:

Camisa Amarela: A amarelinha, tão sagrada, idolatrada por Zagallo! É utilizada pelo líder da competição para que todos possam se sentir humilhados ao vê-lo.

Camisa Verde: É utilizada pelo líder... só que o líder em um outro critério, entende? Pois é, eu também não.

Camisa Branca: É dada para o líder entre os mais jovens. Tem a cor branca para lembrar que todos eles são virgens e pueris. Ao final da competição, com a fama conquistada, eles não poderão mais utilizá-la.

Camisa Branca com Bolinhas Vermelhas: Este modelo gay é dado para o melhor corredor de montanha. Para lembrar o que é que acontece quando alguém se perde nas montanhas.

Camiseta Azul: Não é mais utilizada. É dos tempos remotos em que os corredores acampavam na beira da estrada durante o tour. A camisa azul ia praquele que armava a barraca mais rapidamente.

Camisa Bege: Dada para o ciclista que ficar mais tempo sem tomar banho na competição. Como muitos franceses participam, geralmente são distribuídas 58 dessas camisetas por ano.

Camisa Vermelha com listras pretas: Semelhante ao modelo utilizado pelo Flamengo, essa camisa é dada para o ciclista que conseguir assaltar mais pedestres e fugir durante o caminho.

Existem ainda: o Dorsal Vermelho, dado para o ciclista mais combativo, aquele que não desiste nunca, enche os participantes de porrada e é barrigudo; o bracelete dourado para o ciclista que andar na bicicleta sem selim; a cinta-liga roxa para a mulher mais fiel e a bermuda laranja. Não por nenhum motivo especial, é que a loja tava em liquidação. A fita prateada, para o ciclista que não se dopasse durante o tour não é distribuída há 25 anos.

Agora que você já sabe tudo sobre o Tour de France, não percam essa emocionante competição, em suas belas paisagens. A quadragésima etapa está acontecendo hoje. Os ciclistas já percorreram 78 km e dentro de cinco horas devem cruzar a linha de chegada.

Comentários

Emily Ferrari disse…
NOSSA, ha muito tempo não visitava esse blog! Parabéns, os textos continuam otimos! Eu pareço uma besta rindo de tudo que eu leio hahaha ai ai..
Mas enfim, parabens mesmo :D
Thiago disse…
Cara, me lembro que quando fazia francês o Vini sempre falava dessa corrida, que um dia participaria vestindo meias vemrelhas, somente.