Doce Vingança

Fomos ridicularizados. Ao redor do mundo inteiro, pessoas apontavam seus dedos para nossas caras e riam de nós. No blog, multidões clicavam que o post não fazia sentido e depois cuspiam na nossa cara. Se essas pessoas moravam longe, elas pesquisavam nossas casas no Google Maps e viajavam apenas para poder cuspir e ver nossa cara de fracasso. Estávamos na miséria, no fundo do poço, sendo retuítados pelo Cão da Depressão e escutando Scorpions.

O motivo? O nosso post sobre as letras e as neuras. Fomos taxados de neuróticos. Loucos. Retardados. Bovinos. Palmeirenses. Aquilo não fazia lógica nenhuma. Éramos todos um bando de desocupados. O fracasso era tanto que a corda era curta demais. A arma estava descarregada, a faca não tinha corte e a luz acabou na hora de jogar a torradeira na banheira.

Mas existe a doce vingança. Aqui, eu não valo da vingança típica, aquela cruel, sanguinária, que envolve muita violência e uma reação muito mais forte do que a ação. Falamos da doce vingança. Aquela que é apreciada com prazer, silenciosamente, degustando um espumante da melhor safra.

E é isso que nós temos hoje. Nós aqui no CH3 estamos com nossos copos cheios e rimos. Rimos do olhar de desolação, da culpa, do ressentimento, do fracasso que agora está estampado nos rostos de nossos inimigos. Pois o tempo, sim o tempo, sempre ele, veio trazer a verdade à tona. E não há nada que possa ser feito para contestar a verdade, quando ela se põe diante de nossos olhos.

Foi divulgado o gabarito do concurso que originou o outrora famigerado post. E lá está a realidade, escondida, subjugada diante da empolgação ou da melancolia pelo resultado. Do total de 60 questões, temos 12 letras A, 12 letras B, 12 C, 12 D e E. E digo mais! Das primeiras 10 questões formuladas pela prova, a proporcionalidade de mantinha a mesma.

A lei da proporcionalidade e razoabilidade das letras da prova, defendida com a ênfase, vigor e o rigor cientifico necessário pelo nosso blog, se mostra correta. Revolucionamos o mundo dos concursos e vestibulares. Dominamos o planeta terra e exigimos sermos reconhecidos como chefes supremos. É a única maneira de que a sociedade e a humanidade como um todo, evite as clamorosas derrotas que tem sofrido diante de nós.

Além disso, ah, como é que é? Isso já é falado nos cursinhos e até existem pessoas que escrevem apostilas sobre isso? Ninguém nos ridicularizou? Ahn, é... bem. Esqueça então.

Mesmo assim, ainda podemos falar sobre a doce vingança. Relacionada a essa prova de concurso.

Quando eu a fiz, eu percebi, não vi, mas percebi nos olhos de alguns antigos professores meus, que eles estariam com suas taças de champanhe observando o meu fracasso. Lembrei-me da professora de Vídeo e a imaginei gargalhando com um Moët Chandon em seu braço direito ao ver que eu não sabia responder qual era o nome de um tipo de microfone. Que ela até passou uma Xerox sobre o assunto, mas que nós todos conversávamos e não prestávamos atenção naquilo pensando “afinal, qual é a importância de saber disso”.

Pensei nos professores se divertindo ao ver o desconhecimento de questões gerais acerca de planejamento gráfico, cores e nomenclaturas. Pude ver até mesmo o professor de economia, não que tenha caído alguma coisa em economia, mas o pude ver se divertindo com a possibilidade de que algum dia eu seja reprovado em algum lugar por não saber alguma coisa que ele ensinou na aula dele. “Quer ganhar um salário de 9 mil? Pois tente aprender sozinho com aquelas Xerox de administração que você jogou fora, hahahahahahahahahahahah hhahahahahahahahahahah HAHAHAHAHAHAHAHA”

Imaginei vários professores de matérias menos, digamos, prestigiadas pelos alunos, organizando coquetéis, com o cúmplice sorriso da satisfação. Por terem se mostrado importantes, por terem derrotados seus inimigos, mesmo com anos de atraso. Por terem obtido a doce vingança. Aquela que o tempo se encarrega de fazer.

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