A Indústria da Multa

O Brasil é um país curioso. Muito se fala que aqui as regras não são cumpridas, que falta fiscalização, sobra impunidade. Mas, no momento em que se pensa em fiscalizar algo a certeza é de que há algum esquema por trás disso. Nunca fizeram nada, porque vão fazer apenas agora? Poderia se pensar que, afinal, é preciso começar um dia. Mas o pior é que as dúvidas costumam estar certas. Geralmente há um esquema por trás disso.

Não é a toa que aqui é um ótimo país para a propagação de teorias da conspiração. Fulano deixa um cargo e alega cansaço. A certeza geral é de que não estava cansado nada, tem algo por trás disso. O que é eu não sei, mas que tem, tem. O Fulano pode até mostrar exames médicos mostrando que ele estava prestes a ter um colapso cardíaco e mental. Com certeza os exames foram pagos. O sistema é foda parceiro.

E o trânsito é o lugar perfeito para isso. Afinal o trânsito é o lugar onde nos tornamos irracionais. Como já mostrava esse clássico e ainda atual vídeo do Pateta.



Não há ninguém para controlar esses bárbaros. Um único policial para prender àqueles que avançam sobre a faixa de pedestres. Um único fiscal para multar quem para em lugar proibido e congestiona a via expressa. Ninguém para conter esses loucos que correm por nossas avenidas como se estivessem no comando de um Fórmula 1. Isso é claro, até o momento em que você é multado por parar na faixa amarela. Sendo que você foi apenas deixar um papel, um minutinho. Até que se coloquem radares na cidade.

Radares eletrônicos devem ser um dos grandes temas de debate do mundo. Os dois lados do yin-yang. Políticos se orgulham por ter tirado os radares da rua e terem acabado com a Indústria da Multa. Canais de televisão se dizem ao lado da sociedade e cobram a volta dos mesmos. Você nunca terá argumentos suficientes para discutir se radares devem ou não ser utilizados. Descobrir essa solução é a resposta para o dilema universal. É se tornar o homem mais próximo de Shaka de Virgem.

Pois, a Indústria da Multa. Essa empresa sem CNPJ. Alvo de incontáveis matérias em programas de televisão (não necessariamente os que defendem a volta dos radares). Ela realmente existe? Como funciona? Mas é claro que ela existe. E a maneira como ela funciona é que nós iremos mostrar a partir de agora.

Perguntamos a uma fonte nossa, secreta e não identificável e ele nos deu a resposta. Levou-nos até o lugar onde as multas são fabricadas. Apresentou-nos a Beth. A chefe dessa Indústria. Ou não, é apenas uma funcionária que cumpre com suas funções burocráticas. O trabalho de Beth é o seguinte: Todo dia, chegam a ela as notificações das multas aplicadas na cidade. Parados em lugar proibido, desrespeito a sinalização.

Com a placa do veículo, o horário e a infração, ela joga as informações no sistema, gerando a multa. O próximo passo é colocar uma folha de papel A4 na impressora e clicar Ctrl+P (Beth é experiente. Conhece os atalhos). A multa é então impressa. Existe outra máquina que dobra e cola o papel, gerando aquelas linhas pontilhadas que nunca rasgam no lugar certo.

Estávamos diante de um absurdo. Então é dessa forma que essas linhas são feitas? Perguntamos a Beth porque nunca fazem um serviço decente, qual eram as intenções dela e da sua Indústria em fazer com que pessoas rasguem o papel e tenha que juntar os pedacinhos para ler as informações? Pressionamo-la, mas ela chamou o segurança que nos retirou do local, sem as respostas.

Sem dúvida, há muita sujeira por trás da Indústria das Multas.

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