Troca de Família

Nos últimos anos, o mundo assistiu a uma proliferação de reality shows. Essa expressão que sempre me gera dúvidas. Devo escrever reality ou realitys? Essa palavra deve ser colocada no plural? E isso deve ser feito em um neologismo local, ou de acordo com a norma da língua original da palavra? Grandes dúvidas que os estrangeirismos nos proporcionam.

Pois bem. Temos aqueles programas que isolam os participantes em uma casa, ou em uma ilha, àqueles que propõem situações inusitadas e ainda àqueles que tentam mostrar soluções para problemas da vida real. Esses programas têm suas provas, que vão desde tentativas fracassadas de simular um quadro das Olimpíadas do Faustão, até comer fetos de rato em uma jaula cheia de cobras venenosas e vomito de cavalo. Afinal, toda realidade precisa de um pouco de entretenimento.

Nessa semana, um dos mais simples, a Troca de Família ofuscou o famoso e grandiloqüente BBB. Nesse programa, caso você não saiba, eles promovem uma troca de mães. Mãe A vai para a casa da família B e a mãe B vem para a casa da família A. Assim, elas vão lidar com as diferentes culturas, com os filhos dos outros, as bizarrices dos outros. Viver uma vida que não é a delas. E, se tudo der certo, elas vão surtar com isso, brigar com a nova família.

Sim, você pode me dizer que esse programa é machista. Porque as mães é que tem que trocar de casa e não os pais? Heim? A culpa é de quem? Da sociedade patriarcal. Ok, eu sei, eu sei.

O motivo do sucesso do programa nessa semana foi a troca que envolveu o casal composto por um marinheiro inglês e uma mulher desconhecida, e outro casal, composto pela escritora Clara Averbuck (famosíssima, escreveu muitos livros famosos) e o baixista da banda Vanguart, Reginaldo Lincoln.

Antes de prosseguir, uma pequena pausa dramática, para tentar mostrar como esse autor acumulou informação e vivência ao longo de sua vida.

Este blog é de Cuiabá, tal qual o Vanguart era – agora eles são de São Paulo. O guitarrista da banda, David, veja você, era um veterano dos autores do blog. Ele era reprovado em Teoria 1 e fazia aula conosco. Riamos dele por ele ser reprovado e achávamos graça dele usar bermuda com meia até a canela. Já o Reginaldo, hoje conhecido mundialmente, grudava cartazes de apresentações do grupo nos murais do nosso bloco. Fazia isso sem ninguém o reconhecer e era provável que achassem que ele era um membro do DCE convocando os estudantes para manifestações contra o aumento da passagem do ônibus.

Voltando. A polêmica desse episódio é a seguinte: Clara disse com todas as letras “Eu sou Corna”. Tatuou as palavras na testa e espalhou a notícia por todos os cantos. É provável que ela tenha procurado o cantor Falcão para comporem algumas canções. Reginaldo Lincoln e a outra mulher que, pesquisei agora, se chama Daniella, negaram qualquer envolvimento amoroso. Ninguém teria catado ninguém na história e o que rolou foi apenas uma amizade forte. Os dois se deram super bem.

Nós somos da opinião de que: se Reginaldo traçou a mulher, o fez bem. Nesse tipo de programa, as pessoas querem ver justamente a realidade. Afinal, Reality, caso você não saiba, significa Realidade em português. Não querem imitações da vida. O casal que lava a louça, põe a roupa na corda, leva o lixo pra fora e a noite dorme separado. Reginaldo e Daniella levaram o nome do programa e a sua essência até as últimas conseqüências, ou talvez, até as conseqüências normais.

Tal ato deveria estar até no regulamento do programa, afinal, as famílias envolvidas recebem 25 mil reais cachê. Valor mais do que o suficiente para perdoar os supostos chifres. Clara e Reginaldo, aliás, se divorciaram, e não foi por conta do programa.

Resta torcer para que o programa varie um pouco seu formato. Que o homem seja trocado de casa. Para que, além de comparecer na outra patroa, ele possa assistir televisão tomando cerveja. Que ele eduque os filhos da outra casa e ainda mije (o Word sugere que urine é melhor) de porta aberta.

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