A mudança do horóscopo

O horóscopo, tal qual nós o conhecemos, foi inventado por ancestrais narcotizados há mais de 3000 anos. Sim, porque a partir de meia dúzia de estrelas dispersas no céu, os caras conseguiam enxergar formas de peixes, touros, aquários. Fora outros animais que só existiam na cabeça deles. O que raios é um sagitário? Que porra é essa de Áries? Como é que vocês acham que aquelas estrelas formam uma mulher, que além de tudo é virgem?


Pois bem, esses maconheiros desgraçados inventaram o horóscopo. Com uma teoria absurda de que a posição das estrelas no seu nascimento influenciaria a sua vida toda. Por motivos inexplicáveis, a humanidade achou isso aceitável. E ao longo dos séculos, o horóscopo se popularizou, principalmente nas páginas de jornal. Não adianta mentir, você sempre dá uma olhadinha no seu signo, quando se depara com um horóscopo no jornal.

Esses horóscopos são feitos por charla... digo, estudiosos da astrologia, profissionais especializados que escrevem coisas utilíssimas como: “A fase é ótima para acordos de negócios e trabalhos em equipe”. Essa frase é para o horóscopo de Áries de ontem, mas se eu falasse que era Gêmeos de hoje, você, geminiano, acreditaria piamente.

Pois bem, essa teoria idiota, que acredita que pessoas nascidas na mesma época do ano terão fases iguais, independentemente de suas condições sociais, econômicas, históricas, familiares, essa teoria, ficou abalada nas últimas semanas.

Tudo porque um astrônomo – ciência rival, disse que estava tudo errado. Que as mudanças na órbita terrestre fizeram com que a posição das constelações mudasse. Vários escorpianos viraram librianos e surgiu até um signo novo, o do Serpentário. Os astrólogos ficaram com o cu na mão. Perceberam que tal notícia poderia fazer com que a humanidade finalmente percebesse que sua suposta especialidade é uma besteira gigante. Falaram que não é nada disso, que tudo continua igual.

Mas a notícia gerou uma depressão nos meios sociais. Um jornal entrevistou uma mulher que se dizia “leonina convicta” e que tinha muito medo das mudanças, pois elas poderiam mudar muito as suas convicções. Ela tinha medo de que sua personalidade mudasse.

É um dos momentos em que você se pergunta porque. Porque o homem descobriu o fogo e inventou a roda. Foi à lua e inventou o antibiótico. Criou o avião e os computadores. Porque a humanidade fez tudo isso, para que em pleno ano de 2011 uma mulher tenha medo de mudar de personalidade e ter suas convicções abaladas por conta de uma mudança de nomenclatura. Essa mulher me fez ser favorável a pena de morte. Me faz ser contra a Lei Maria da Penha.

É claro. Existem muitos interesses por trás disso. Existem empresas que montam bancos de dado com frases de efeito para serem publicadas aleatoriamente em horóscopos diversos. Existem pessoas que ganham a vida fazendo isso. Existem sites que vivem de dizer se seu signo bate com o seu amado e que tentam te falar sobre seus ascendentes, cores e tudo o mais. Existe um mundo cruel que domina essas informações. Para que pessoas possam se apresentar como “Canceriana típica”.

Falei com Pai Jorginho de Ogum, aquele que sempre fez nossos horóscopos – pois é, convicções são convicções, negócios a parte – e ele nos disse que estava feliz com essa mudança. Ele já estava criando um banco de dados incluindo o novo signo e tentaria sair na frente de seus outros concorrentes charlatões. Também estava fazendo uma empresa especializada em trocar camisas e outros adereços relacionados aos seus signos. E também fazia um convênio com uma empresa, especializada em remover tatuagens – para aqueles que tatuaram uma Balança libriana nas costas.

Mas, ainda de acordo com Jorginho de Ogum, mudando ou não o horóscopo, ele ainda vai continuar ganhando muito dinheiro com isso. O único problema: a saga das 12 casa está profundamente abalada.

Comentários

Gressana disse…
Pois é. Lembro uma vez que eu disse que não sabia meu signo no trabalho, todos se assustaram. Quando eu disse em que dia eu tinha nascido, leram meu horóscopo e disseram: "você é assim, assim e assim". Eu disse: "não, não sou". Daí falaram: "Ah, é porque seu ascendente é tal signo".
Fiz um facepalm mental.