Grandes dúvidas que não têm explicação (15)

Fitas K7 com mulheres peladas

Talvez as novas gerações nem saibam o que são as fitas K7. Talvez, elas imaginem que esta seja uma sigla tosca para cassete. Talvez elas escrevam “peg no meu K7 kkkkk”. Mas elas existiram e foram importantes. Fizeram vários de nossos antepassados perderem horas sintonizando rádios, para tentar gravar suas canções favoritas. E elas também eram comercializadas, parece estranho, mas existiam K7 oficias de artistas renomados.

Geralmente você as escutava no carro e era um luxo ter um toca-fitas que mudasse de lado. Você também poderia escutá-la em seu moderno walkman. Eu tive algumas poucas fitas K7, geralmente coisas infantis e geralmente compradas em viagens, algo do tipo “vai filho, escolhe algo pra você ouvir”. E geralmente, essa compra ocorria em Rondonópolis.

Rondonópolis, a maior cidade do interior mato-grossense com seus quase 200 mil habitantes movidos pelo agronegócio. Também pode ser considerada a bifurcação de Mato Grosso, pois, a partir dela você escolhe se vai para Goiás ou para o Mato Grosso do Sul. Para mim, ela era a Meca das fitas K7.

Pois, sempre que eu comprava uma fita K7 me deparava com um pequeno mistério da humanidade. Haviam por ali, algumas fitas cujas imagens da capa consistiam em mulheres de seios grandes e nus. Ano após ano eu encontrava lá as peitudas do K7. Era algo parecido com aqueles copos, que quando cheios, tiravam as roupas das mulheres.

Dois anos atrás, estava de volta a estrada e de volta a Rondonópolis. E dessa vez, encontrei não fitas, mas sim CDs com seios fartos a mostra. Uma prova de que os toca-fitas entraram em extinção. Mas os CDs não eram assim tão misteriosos. Eles poderiam ser colocados em computadores e lá eles poderiam exibir imagens de centenas de mulheres nuas ou o que mais que a inclusão digital permitir.

As fitas K7 não. Qual seria o conteúdo delas? Uma espécie de tele-sexo sem interação? A gravação de uma telenovela erótica? Contos eróticos na voz de Cid Moreira ou Monique Evans? Qual seria a graça de andar quilômetros e quilômetros em estradas esburacadas ouvindo gemidos? Ou será que o objetivo era trazer estímulos para os atos dos caminhoneiros na solidão da boléia?

É difícil obter uma resposta para isso, uma vez que qualquer busca sobre o assunto, será comprometida por resultados pornográficos da internet. Mas a minha hipótese é muito menos misteriosa do que a situação sugere.

Tratavam-se apenas, de fitas K7 com gravações de duplas sertanejas. É difícil chamar a atenção num mundo cheio de chapéus gigantes e nomes simétricos. Então, coloca-se uma mulher pelada na capa e o comprador pensa “uau, que peitos!” e leva a fita pra casa. Conseqüentemente, ele acaba escutando o conteúdo. Nada mais do que uma estratégia de divulgação. Já dizia a capa do primeiro jornal “Planeta Diário” – “publicações com mulheres peladas na capa, tem mais chances de chegar ao próximo número”.

No fim, ainda serve para fazer alguma graça, sendo uma inutilidade – tal qual qualquer produto vendido a beira da estrada. A fita K7 com mulher pelada cumpre uma função similar ao caixão cujo defunto mantém uma ereção quando a tampa é aberta.

Comentários

Gressana disse…
Ainda existiam as carteiras com mulheres semi-nuas que, se você aproximasse um esqueiro, elas ficavam nuas em pêlo (pubiano).
E eu lembro muito bem dessas fitas com peitudas na capa. Eu também tinha vontade de levá-las quando ia viajar com a família, mas levava coisas como a Discoteca do Quico.