Chove Chuva

Choveu pra caralho. Choveram canivetes, cats and dogs. Foi a maior chuva que você já viu em sua vida. Choveu tanto, que você teve a impressão de ter visto um rato com um papel escrito “Noé” pedindo carona, enquanto você tentava salvar seus móveis, colocando-os em lugares altos.

No dia seguinte, lá estarão às imagens da devastação expostas no jornal. A destruição, as ruas alagadas, os rios que transbordaram e os barracos que caíram. As casas destruídas e a busca pelas vítimas. O choro desesperado das famílias, a contagem de cadáveres e os governantes informando que as providências serão imediatas.

É um cenário corriqueiro de janeiro. Não é preciso ser Pai Jorginho de Ogum para saber que isso vai acontecer. Para completar, ainda teremos a informação dos repórteres de que “choveu em um dia, o esperado para o mês inteiro”. Não há fenômeno que seja mais subestimado do que a chuva, nem mesmo o Ronaldo.

O clima é um assunto que interessa a vários setores da sociedade. Principalmente a velha pergunta que move tantos amigos sem assunto: se chove ou não. A chuva ainda interessa a agricultores, caminhoneiros, comerciantes, pessoas que querem ir à praia. Afinal, a chuva pode acabar com os planos do seu dia. A chuva pode te deprimir – isso claro, numa visão mais boba dos efeitos da chuva.

Para saber se chove ou não, existem institutos meteorológicos que gastam fortunas tentando desvendar os mistérios do céu. E, mais do que saber se chove ou não, esses institutos querem saber o quanto vai chover. Utilizando aquelas medidas de centímetros, que são difíceis de entender.

E a chuva é subestimada. Todo ano, em qualquer mês do ano, a qualquer chuva mais forte que caia em qualquer lugar do país, você escuta os especialistas falarem que choveu mais do que o esperado. Que em um dia choveu o que deveria chover no ano inteiro. Oras, não é possível que as pessoas sejam enganadas assim o tempo todo. É preciso que os especialistas parem de subestimar a chuva.

Na última (por enquanto) enchente paulistana, o prefeito Gilberto Kassab deu mais uma informação: em um dia choveu mais do que a média dos últimos anos. Então eu entendo menos ainda. Se em 2010 isso também aconteceu, em 2009 também, 2008, 2007 e 2006, como é que essa média não aumenta? Alguém está fazendo um cálculo errado. Ou então, realmente o volume de chuva está quadriplicando a cada ano.

Não sei se o pessoal pensa “ah, ano passado choveu muito, então esse ano vai dar uma trégua”. É preciso mudar esse conceito, precisam aumentar suas expectativas. Ao caso da chuva, não se aplica aquela máxima de que é bom não criar muita expectativa, para depois não se decepcionar. Deixem de subestimá-la. Coloquem aí no ano que vem, que o esperado é uma chova apocalíptica. De que já é bom tentar reservar um assento na Arca de Noé. Avisem que em um dia irá chover mais do que no ano inteiro.

Se essa chuva não vier, não tem problema. É melhor que a casa continue em pé para guardar os botes em excesso.

Comentários

Laíse disse…
Mas ano que vem a chuva vai ser apocalíptica mesmo, e com tsunamis. Vocês não viram 2012?
Ivone disse…
por favor, disponibilize o COMPARTILHAR! ;o)