Doenças Pós-Modernas

A pós-modernidade. Este evento tão discutido na comunidade acadêmica e que no fundo não interessa a ninguém. Que na verdade é um assunto chatíssimo, que ninguém gosta de verdade e só lê sobre o assunto quando você tem que fazer a sua monografia, ou um trabalho acadêmico qualquer. E dá-lhe Stuart Hall. E dá-lhe fragmentações, transmutações e qualquer outra coisa que de a idéia de perca e reorganização de sentidos, idéias, identidades.

Mas, no imaginário normal, não existem essas histórias de fragmentação. Pensamos na pós-modernidade como uma era. Tal qual houve a Antiguidade, a Idade Média, a Idade Moderna, temos a Idade Pós-Moderna, também conhecida como Contemporaneidade. No fundo, ninguém sabe o que a pós-modernidade é, a não ser o fato de ser um termo bonito pra caramba, que te dá ares intelectuais infinitos quando você o pronuncia. Por isso ele foi escolhido para estar lá no começo.

Vamos falar de doenças da atualidade e deixar esse papo pós-moderno de lado. Acontece assim, há 500 anos, muita gente morria de varíola. Houve uma época em que se morria de resfriado. Hoje, talvez não se morra, mas a moda é ter problemas psicológicos.

Fobia Propagandista: Consiste no medo de que situações típicas de comercial ocorram em sua vida. É muito parecida com uma fobia típica dos anos 70, de que você estivesse involuntariamente preso dentro de um musical. Eu pelo menos, sempre tenho medo quando vou comprar alguma coisa com dinheiro, mesmo que seja uma Sete Belo. Tenho medo de que um grupo de cantores mexicanos surja ao meu lado cantando “no tiene visa... que cosa triste”.

Medo de que crianças retardadas queiram defecar em seu banheiro ao apertar um desodorante. Medo de que três carecas pintados de azul comecem a batucar no meio da rua. Medo de que um panda psicopata invada o seu quarto quando você não quiser comer queijo. Medo de que você esteja repentinamente dentro de uma propaganda de cerveja.

Crise de Abstinência do Twitter: Há cinqüenta anos ninguém falava ao telefone. Há 10, internet ainda era uma raridade. E dois anos atrás ninguém usava Twitter. Hoje não. Hoje você precisa estar conectado 24 horas por dia com o seu smartphone. Você precisa. Sua vida precisa estar expostas o tempo todo. Onde você vai, o que você pensa, o que você fez. Céus, alguém deve ter atualizado minha timeline, preciso ir lá correndo saber o que o pessoal almoçou!

Será que? Eu tranquei a porta de casa? Acionei o alarme do carro?

Medo de e-mail: Consiste no medo de ter mandado o e-mail para a pessoa errada. Ter cometido um erro de português grotesco. Ter anexado o documento errado. Imagine se você fala mal de uma pessoa para a pessoa errada? Ao invés de anexar sua apresentação de monografia, anexou um Power Point com fotos de flores e mensagem de bom dia.

Medo de ataque anônimo: Na Idade Média seria difícil sofrer um ataque anônimo. Só se o cara saísse correndo em sua armadura de metal depois de tacar uma pedra no vidro. Depois tivemos os ataques terroristas, quando de repente, um anônimo ia lá e pá, explodia tudo. Hoje é muito mais fácil. Enquanto você lê isso aqui, o seu twitter, o seu blog, o seu Orkut pode estar sofrendo um ataque de anônimos.

Bons eram os tempos em que morríamos apenas de varíola.

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