Amigo Meu

Tem um amigo meu, que vocês não sabem o que ele fez. Já deu tapetadas em travestis, prostitutas, crianças, idosos e mulheres grávidas. Já teve atos de perversão sexual com homens, mulheres, animais, vivos ou mortos. Já praticou contravenções das mais diversas. Feriu todos os fundamentos da constituição brasileira. A soberania, a cidadania, a dignidade humana e tudo mais.

Pode perceber. Qualquer assunto que for colocado em uma roda de conversa. Qualquer um mesmo. Não tenha dúvida que pelo menos um dos presentes terá um amigo que já tenha feito aquilo. Andado nu na Avenida do CPA? Tem um amigo. Colocado um avestruz dentro de uma piscina de óleo de macadâmia? Um amigo já fez.

É um evento interessante. O que está acontecendo com as amizades da juventude brasileira? Levantamos algumas hipóteses para tentar explicar esse fenômeno que atinge a mesa da família nacional. Em breve traremos nossas justificativas, e o referencial teórico.

Desculpa para atos individuais: Ninguém teria coragem de admitir que já usou uma cueca de elefantinho. Então o “amigo meu” vira o seu alterego. “Um amigo meu disse que já usou cueca de elefantinho”. E na seqüência começa a contar vários detalhes dessa aventura sexual com o traje. É lógico. Ninguém guardaria tantos detalhes sobre a experiência de um amigo. Quando começarem a aparecer os comentários de que “isto é uma doença”, “se eu fosse mulher eu ia embora”, perceba que o cidadão ficará meio indignado e dirá “isso é normal”. Bem capaz de conclua com um “afinal, quem nunca usou cueca de elefantinho?”. O uso do “quem nunca” é a maior prova incriminadora do planeta Terra.

A figura do “Amigo Meu”, esta entidade, realmente existe: Talvez realmente exista um “Amigo Meu” que faz tudo isso. Talvez ele esteja no mesmo nível do “Mesmo do Elevador”. Puxe na memória. Talvez você se lembre que realmente tenha um.

É tudo mentira: No intuito de se enturmar e fazer as outras pessoas ficarem impressionadas, você inventa. Um amigo meu é como o depoimento do delegado no e-mail, o dossiê da Veja ou Carta Capital, o calhamaço de papel do debate. Uma figura inexistente que serve para embasar uma história mirabolante. E o famoso “um amigo meu, que vocês não conhecem”.

Qualquer coisa vira “amigo meu”: Uma história sua, uma história realmente de um amigo seu, uma notícia que você viu na internet, uma história que um outro amigo contou sobre um terceiro amigo. Qualquer coisa pode ser alcunhada como “amigo meu”. Tomem cuidado, porque sua história será contada pelos outros como “um amigo meu”, ou seja – você. Será você que pratica sexo com esquilos e se besunta na massa do pão de queijo escutando Believe da Cher.

E antes que eu me esqueça, essa idéia de post foi de um amigo meu, que vocês não conhecem não.

Comentários

Adérito Schneider disse…
Hahahah! Pior q tem um amigo meu q usou cueca de elefantinho. Mas, para ninguém ficar pensando q foi eu, vou delatar. Foi o Danilo. Proto, falei. Ganhou de amigo secreto no Natal, mostrou pra todo mundo (não no corpo dele, q fique bem claro), usou em casa e contou pra todo mundo. Hahahah!
Gressana disse…
Haheahehaheahehaehaeha!!
Pô, quem nunca usou cueca de elefantinho?
O foda é quando VOCÊ é o "amigo meu" e as histórias bizarras que os outros contam são protagonizadas por você.
-O cara chato comentando: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana são princípios, não fundamentos!
Hahehaehaheaea.
Eduardo Butakka disse…
Para de falar de mim!!!