Teoria sobre o Axé

Convenhamos que não é muito difícil compor a letra de uma música de sucesso. Tudo dependerá apenas do estilo que você pretende seguir. Não é preciso ser original, nem é preciso ser muito criativo.

Para compor um funk, basta juntar palavrões aleatórios em seu sentido original, dentro de uma sórdida história sexual. Caralho pra lá, buceta pra cá. Traições. Orgias. Quase a vida de um jogador de futebol.

O sertanejo varia entre a linha “corno amargurado” – aquele que dorme na praça, e o corno redimido – aquele que sabe que no fundo ela paga pau. O forró versa sobre a alegria de cantar e dançar um forrózão. Mesmo o Heavy Metal costuma a juntar elementos místicos, com fatos históricos, deus e o diabo, a escuridão, a morte.

Mas nada é como o Axé. Basicamente você tem que fazer rimas de duplo sentido. Ralando na boquinha da garrafa, cuidado com a cabeça do pimpolho. Também é só fazer rimas com calcinha e colocar um verso sobre “beijar na boca”.

Mas é claro, isso se você quiser ter o trabalho de compor uma letra de Axé. É muito mais fácil pegar uma música qualquer e transformá-la em Axé. Sim, qualquer música pode ser transformada em Axé.

A primeira vez que percebi isso foi escutando Ivete Sangalo cantando aquela música de que “A semana inteira, fiquei te esperando pra te ver sorrindo, pra te ver cantando”. Pois foi que em outro dia eu escutei aquela música do Wando “Você é luz, é raio estrela e luar” em ritmo de axé. Depois escutei a macabra “Super Fantástico” do Balão Mágico em ritmo de axé. E também a música do He-Man. A não menos diabólica Ilariê E nem lembro mais quais outras. Mas qualquer uma pode.

Todo axé é igual. Uma batida firme e um ritmo agitado para que a cantora possa gritar “tira o pé do chão galera!”. Metais podem dar uma animada maior no ritmo. Basta a música começar calma, primeiro verso praticamente declamado. E depois as pessoas começam a pular.

Chico Buarque poderia virar Axé. “Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode as seis horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã”. Há palavras como “sacode”, “sorriso” e “beija” que faria todo mundo suar o abada. Até mesmo a ultra-depressiva “Vento no Litoral” do Legião Urbana poderia ser cantada em ritmo de axé. E aí então, versos como “Eu deixo a onda me acertar e o vento vai levando tudo embora” farão as pessoas pular.

O CH3 irá em breve lançar uma banda de Axé sobre composições clássicas da Música Popular Brasileira como “Pra não dizer que não falei das flores”. Nosso objetivo? Sim, ganhar dinheiro.

Comentários

Zoi de Tandera disse…
Caso os senhores tenham interesse, pesquisem pelas postagens "Corram para as montanhas" no meu blog, o Abutre e Costela. Esses maníacos já atacaram tudo, desde o metal clássico aos videogames das antigas!

TEMOS QUE DETÊ-LOS!!!!!
Adérito Schneider disse…
Senhores...