Fora de época

Ok. O calendário é uma convenção, tal qual o tempo é convencionado. Foi um Papa que resolveu deixar o calendário do jeito que está, estabelecendo que um ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do sol, que um dia tem 24 horas – o tempo que o planeta leva para dar uma volta em torno de si. A semana tem 7 dias, uma relação com as fases da lua.

Agora, porque uma hora tem 60 minutos? Não sei. Se alguém quisesse que o dia fosse composto por 10 horas de 15 minutos? Poderia ser assim. De tal forma que os minutos demorariam 9,6x mais do que os minutos atuais, e isso não significa que a vida passaria mais devagar. Seria tudo igual, mas apenas convencionado de uma maneira diferente.

E os meses? Durante algum tempo alguns meses não existiam. Fevereiro foi prejudicado historicamente para que Agosto tivesse 31 dias, igual a Julho. Uma viadagem de imperadores romanos. Se tivesse passado na cabeça de um desses imperadores, que Setembro merecia ter 332 dias, os outros 33 dias seriam miseravelmente divididos entre os outros 11 meses. As pessoas se defecariam fazendo contas como “Bem, acho que a prova vai ser marcada no dia 289 de setembro. Talvez na décima-sexta feira seguinte... que será no dia... 328 de setembro?”.

Ok, eu concordo que é mais fácil aceitar as coisas como são. Um viva para as nossas modernas convenções. A questão é aceitar que seja assim, ora. Cada vez mais os nossos lares são invadidos por celebrações fora de época.

Tudo começou com os carnavais fora de época. Como se já não fosse ruim o suficiente ter um carnaval por ano, as pessoas resolveram fazer dois, três carnavais fora de época. E o que é mais grave, sem a única coisa que presta no carnaval – o feriado. Vem as bandas de axé, mas as pessoas continuam precisando trabalhar. É como se o açúcar e o leite fossem retirados do chocolate, permanecendo apenas o cacau e a gordura. Provavelmente as micaretas são obra de alguma mente demoníaca. Sua função é dar emprego para os grupos de axé.

De um tempo para cá, podemos observar um aumento das festas juninas fora de época. Se a festa tem esse nome é porque acontecem em Junho. J-u-n-h-o. Se fosse em julho, seria julhina, se fosse em agosto, agostina e em maio... não sei, fica esquisito de falar. Não tem como fazer um São João fora de época, porque São João tem o dia dele. Talvez as pessoas pudessem conversar com ele, pra ver se ele aceita mudar a data, mas acho difícil que isso aconteça.

Imagino que logo mais os publicitários vão criar um Natal fora de época. Ou uma páscoa fora de época. Setembro e novembro seriam os melhores meses. Em Janeiro temos as férias escolares, entre Fevereiro e Abril o carnaval e a páscoa, dia das mães em Maio, dos namorados em Junho, férias em Julho, dia dos pais em Agosto e crianças em Outubro. Setembro foi desprestigiado no quesito consumista. Talvez ele realmente merecesse ter 332 dias.

Comentários

Gressana disse…
Férias fora de época são muito bem vindas.