Cara de Pau

No caso, não iremos falar desse amor cara de pau. Mas que é gostoso. Esse amor é bom demais. Demais.

É difícil saber a origem da expressão Cara de Pau. Ou melhor, talvez seja fácil, mas eu estou com preguiça de fazer uma pesquisa longa sobre o assunto. Mas eu imagino que seja algo mais ou menos assim: pessoas normais, geralmente demonstram sentimentos em seu rosto. O cara de pau consegue escondê-los. Afinal, ele não tem músculos e sim madeira na sua cara. Portanto a pessoa mente sem demonstrar.

Ser Cara de Pau é uma arte. Não é todo mundo que conseguiria. Ou não é todo mundo que consegue ser o tempo todo. Você pode conseguir hoje, mas talvez não amanhã. Aqueles que conseguem geralmente se transformam em advogados ou políticos.

Um exemplo clássico de cara de pau é o advogado daquela procuradora Vera Lúcia. Aquela que foi flagrada chamando uma criança de 2 anos de vaquinha e gritando “você vai engolir isso sua maluca, cachorrinha”. De acordo com o advogado dela, essa era a maneira carinhosa que ela encontrava de fazer a menina sorrir. Depois foram divulgadas fotos da menina com marcas roxas nos olhos. Um acidente. A menina era arteira, deve ter caído no chão, diz.

O casal Nardoni era outro exemplo. Uma das hipóteses levantadas era a de um acidente. Sim, a menina Isabella pegou uma tesoura, rasgou a tela, se pendurou na tela e se jogou através dela. Com o mórbido detalhe de ter passado espremida pela tela.

E os casos em que há gravações que comprovem o ato criminoso, são ainda mais interessantes. Recentemente os jornais mostraram as imagens de um senhor que reclamou do barulho de uma festa e foi agredido por cinco jovens. As câmeras de segurança do prédio filmaram os jovens espancando o senhor, um segurava e os outros batiam, jogando-o, inclusive, contra uma porta de vidro. Um dos jovens afirmou que ao contrário do que as imagens mostravam, ele estava sozinho e apenas reagiu a agressão do senhor de idade. Sim, as imagens são uma ilusão de ótica. Um truque de espelhos. Não acredite nas câmeras.

Ou a mulher do caso do Mensalão de Brasília filmada recebendo propina. Ela afirmou que tudo aquilo era uma pegadinha. Simples assim. Era tudo uma pegadinha do Mallandro. Sempre acontece no jornal. O cara com uma câmera escondida filma o suspeito pedindo propina. Logo depois a TV pergunta sobre o caso e ele nega. Falam que foi tudo filmado, e a resposta é que é uma brincadeira.

Brincadeira sem noção, claro. “Haha, pedi 800 reais dele, mas eu já ia devolver”. Então eu pergunto se você teria a cara de pau de falar uma mentira dessas na frente de todo mundo? Ou o cantor Netinho (o de pagode, o que não é gay, pelo menos não assumidamente). A mulher dele saiu correndo de casa de camisola de madrugada, chorando e com os olhos roxos. Disse que foi agredida.

Netinho disse que era mentira. Eles tiveram uma pequena discussão e ela estava muito nervosa. E os olhos roxos? Sem querer ele havia batido a porta do carro na cara dela, atingindo de maneira curiosa, e coincidente, os dois olhos. Foi orientado por advogados.

Ora, há momentos em que era melhor assumir a culpa. Dizer que foi mal, que cometeu um erro e que irá pagar por ele, contribuindo da melhor maneira possível para a sociedade. Há coisas que simplesmente não possam ser mentidas. Essas histórias vão muito além do “já tava morto quando eu encontrei”. O padre pedófilo pego no flagra, que diz que era uma missa?

Foi nesse momento que a Inquisição bateu na minha porta, com tochas na mão e vestindo capuzes pretos. Acusaram-me de ter cometido injúrias hereges. De ter afirmado que existem padres pedófilos no mundo, o que é proibido na constituição episcopal. Eu teria supostamente publicado isso em um blog. Neguei veementemente que eu tenha feito isso. É uma coisa que jamais faria. Nem blog eu tenho.

Comentários

MANGABEIRA disse…
Adorei o texto, Guilherme.
Anônimo disse…
Tem uns cara que são tão car de pau que quando fazem a barba sai serragem. Existe gente assim por natureza, mas tembám tem gente que é obrigada a ser assim por causa da profissão (como você citou no texto, alguns advogados). Muitas vezes esses caras não são assim, odeiam fazer isso mas a necessidade e a ética (se tem alguma ética em fazer isso) profissional os obrigam.