Efeito Dominó

Japoneses, chineses e outros orientais adoram. Colocar dominós alinhados, por quilômetros e quilômetros. Trilhões de dominós lado a lado. Então, derruba-se o primeiro e o primeiro derruba o segundo, que derruba o terceiro, que derruba o quarto, que derruba o quinto, o sexto, o sétimo, oitavo, nono e ad eternum.

É uma atividade de risco. Em qualquer momento durante o processo de montagem, um simples esbarrão, uma brisa forte pode derrubar um dominó que derrubará todos os subseqüentes. E um trabalho de horas pode cair. Tipo um castelo de cartas. Mas o castelo de cartas é muito mais um trabalho digno de pessoas que tem pacto com o demônio.

Existem os dominós humanos, que consistem em várias pessoas vestidas de dominó. E elas cedo ou tarde serão derrubadas e derrubarão todas as seguintes. Talvez seja divertido participar de um.

Mas falo aqui do efeito dominó na vida das pessoas. Um simples fato que começa a derrubar todos os dominós que constituíram a sua vida.

Tiger Woods é o esportista que mais ganhou dinheiro ao longo da sua vida. Aqui, vale discutir se golfe é um esporte mesmo, mas enfim. Fato é que ele ganhou muito dinheiro. Muito, muito dinheiro. Mais do que você vai ganhar em toda a sua vida. Mais do que você poderia ganhar na mega-sena. Fora isso, ele era um ídolo. Adorado por crianças e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres. O negro norte-americano que triunfou. Virou jogo de vídeo-game. Herói nacional. Nada, jamais, houve em sua vida que pudesse acabar com sua imagem.

No dia 26 de novembro de 2009, Woods sofreu um acidente de carro às 3h da manhã. Atingiu um hidrante e um poste. Mas não se machucou muito. O motivo do acidente foi a imprudência e uma leve embriaguez. Porque ele bebeu? Porque estava nervoso. E porque ele estava nervoso? Porque havia brigado com a mulher. E porque ele... bem, ele havia brigada com a mulher porque tinha casos extra-conjugais.

E lá se foi. Na conservadora sociedade norte-americana, um caso extraconjugal já seria o suficiente para arranhar sua imagem pública. Mas depois veio o pior. Surgiram outras amantes. E uma delas disse que Woods era um compulsivo sexual. Que constantemente ele participava de orgias sexuais. Logo surgiram informações que ele mantinha relações sexuais inclusive com homens. Já estava prestes a acontecer o momento em que necrofilia e zoofilia entrariam na pauta de perversões sexuais.

Reconhecido como viciado em sexo, ele se internou em uma clínica de reabilitação. Sim, existe um SPA desse tipo. Com funcionários gordos, fedidos e com mau-hálito para não estimular nada. Os pacientes dormem com as mãos algemadas na cabeceira e os banhos são monitorados.

Entendem? Se ele não tivesse batido o carro naquele dia, era provável que ninguém soubesse que ele estava bêbado por ter brigado com a mulher, por causa de traições e da sua compulsão sexual.

Pode acontecer com grandes empresas. Um acidente com um caminhão da empresa de fast-food revela que lá dentro havia cadáveres e que eles eram utilizados para fazer hambúrguer. Ou o nobre empresário que ao tropicar na rua corta profundamente a mão, é levado para exames que revelam que ele tinha AIDS, graças a relações homossexuais que ele mantinha com o presidente da república, também aidético. Se não houvesse o acidente, o Mcdonalds não encerraria suas atividades, se não houvesse tropeção, o presidente não sofreria o impeachment. E por aí vai.

Os grandes segredos, guardados com tanto cuidado, podem não resistir a um simples esbarrão.

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