A brilhante equipe CH3 esteve presente neste domingo na capital nacional do Bullying, Primavera do Leste, para acompanhar o aniversário do Garoto Fabinho, que a essa altura faz algo parecido com... 10 anos. Ou seja, ele está na época em que as crianças aprendem a falar palavrões.
Fui na condição de repórter a este evento, enquanto o Cão Leproso ganhou uma credencial de fotografo para nossa coluna social. Não sei por que levamos ele para tirar fotos. Não sei por que eu fui lá. Não sei o porquê de várias coisas. Mas o fato é que a vida é nossa e nos temos que arcar com as conseqüências das decisões que tomamos.
Nada mudou na vida de Fabinho. Ele realmente não tem amigos. Todos os que foram até a sua casa para o aniversário só foram motivados pelo fato de que, além da comida de graça, seria exibida uma sessão do filme Up.
Fabinho não recebeu nenhum presente e nem sequer os parabéns de alguém. Mas estava feliz. Seus pais nunca haviam feito nada em seu aniversário. Ou melhor, quando ele fez sete anos seus pais o levaram para tomar picolé de Limão na esquina. Picolé esse que Fabinho teve que pagar. Como ele não recebia mesada, foi obrigado a andar na rua vestido de menina.
Chegou o momento do bolo. As crianças se reuniram em frente do bolo e Fabinho ficou perdido atrás de todos não aparecendo em nenhuma fotografia. Depois dos parabéns, alguém começou a puxar.
“Com quem será, com quem será?
Com quem será que o Fabinho vai casar?
Vai depender, vai depender
Vai depender se alguém vai querer
Ninguém aceitou, ninguém aceitou
Ele morreu sozinho e ninguém o enterrou”
As crianças avançaram sobre os doces e Fabinho não conseguiu comer nenhum brigadeiro. Mas se contentou com um beijinho com cravo. Foi o melhor que ele comeu em sua vida.
Mas o grande momento da noite aconteceu depois. Quando os convidados já haviam ido embora e apenas eu e o Cão Leproso estávamos no local terminando de guardar nossos equipamentos, Fábio, o pai, chamou Fabinho para uma conversa.
Disse ele: “filho, agora você está crescido. Você tem 10 anos e acho que é a hora de você sair de casa e viver a sua vida. Você tem 15 minutos para fazer a sua mala e eu vou te levar na rodoviária. Comprarei sua passagem e te darei 20 reais para você viver os primeiros dias”.
Fabinho arrumou suas coisas, atônito. Levou suas poucas roupas e o DVD de Madagascar que ele ganhou de uma tia, mas que nunca viu, porque seus pais nunca o deixaram ver. E que manteve escondido para que não fosse confiscado.
Chegou à rodoviária e o primeiro ônibus que estava saindo indicava o seu destino: Gaúcha do Norte. Fabinho entrou no veículo e com olhos perdidos fitou seus pais pela última vez. Eles sorriam e acenavam.
O ônibus arrancou deixando um pouco de poeira para trás e levando para sempre o Garoto. Seus pais voltaram para casa e tomaram uma garrafa de champanhe antes de dormir.
Fui na condição de repórter a este evento, enquanto o Cão Leproso ganhou uma credencial de fotografo para nossa coluna social. Não sei por que levamos ele para tirar fotos. Não sei por que eu fui lá. Não sei o porquê de várias coisas. Mas o fato é que a vida é nossa e nos temos que arcar com as conseqüências das decisões que tomamos.
Nada mudou na vida de Fabinho. Ele realmente não tem amigos. Todos os que foram até a sua casa para o aniversário só foram motivados pelo fato de que, além da comida de graça, seria exibida uma sessão do filme Up.
Fabinho não recebeu nenhum presente e nem sequer os parabéns de alguém. Mas estava feliz. Seus pais nunca haviam feito nada em seu aniversário. Ou melhor, quando ele fez sete anos seus pais o levaram para tomar picolé de Limão na esquina. Picolé esse que Fabinho teve que pagar. Como ele não recebia mesada, foi obrigado a andar na rua vestido de menina.
Chegou o momento do bolo. As crianças se reuniram em frente do bolo e Fabinho ficou perdido atrás de todos não aparecendo em nenhuma fotografia. Depois dos parabéns, alguém começou a puxar.
“Com quem será, com quem será?
Com quem será que o Fabinho vai casar?
Vai depender, vai depender
Vai depender se alguém vai querer
Ninguém aceitou, ninguém aceitou
Ele morreu sozinho e ninguém o enterrou”
As crianças avançaram sobre os doces e Fabinho não conseguiu comer nenhum brigadeiro. Mas se contentou com um beijinho com cravo. Foi o melhor que ele comeu em sua vida.
Mas o grande momento da noite aconteceu depois. Quando os convidados já haviam ido embora e apenas eu e o Cão Leproso estávamos no local terminando de guardar nossos equipamentos, Fábio, o pai, chamou Fabinho para uma conversa.
Disse ele: “filho, agora você está crescido. Você tem 10 anos e acho que é a hora de você sair de casa e viver a sua vida. Você tem 15 minutos para fazer a sua mala e eu vou te levar na rodoviária. Comprarei sua passagem e te darei 20 reais para você viver os primeiros dias”.
Fabinho arrumou suas coisas, atônito. Levou suas poucas roupas e o DVD de Madagascar que ele ganhou de uma tia, mas que nunca viu, porque seus pais nunca o deixaram ver. E que manteve escondido para que não fosse confiscado.
Chegou à rodoviária e o primeiro ônibus que estava saindo indicava o seu destino: Gaúcha do Norte. Fabinho entrou no veículo e com olhos perdidos fitou seus pais pela última vez. Eles sorriam e acenavam.
O ônibus arrancou deixando um pouco de poeira para trás e levando para sempre o Garoto. Seus pais voltaram para casa e tomaram uma garrafa de champanhe antes de dormir.
Comentários
Rezemos pela alma desse garoto, pois ele tem tudo pra virar um serial killer.