Manifesto pró arroz com feijão

Recentemente eu fui a um baile de formatura. Em meio a entradas triunfais, vestidos berrantes e música alta uma coisa me chamou a atenção: a comida. Eu fui esperando a tradicional comida de Buffets, o filé ao molho madeira, o frango com molho branco, arroz ou arroz à grega.

Mas não. Logo que cheguei à mesa das entradas percebi que o responsável pelo cardápio naquela noite era o mesmo Buffet, nefasto Buffet que tinha tido tal responsabilidade na minha formatura. Senti um frio em minha espinha pensando que deveria ter comida um Misto quente antes de sair de casa. Em nível de comida a noite estaria perdida.

Até torci, sim, torci, para que eu pudesse ser contrariado. Que a comida de madrasta feita na minha formatura tivesse sido apenas um lamentável lapso do estimado Buffet. Mas não.

Eis o cardápio: salada crocante servida em taças, bifum (aquele macarrãozinho japonês) temperado com vinagre e limão. Mais um risoto de bacalhau. Me perguntei “porque? Ó, porque não temos um filé ao molho madeira?” se fosse uma peça de teatro, provavelmente faria uma alusão ao deus dos desgraçados (no caso aqueles que estavam ali comendo).

A verdade é: risoto de bacalhau não é um prato universal. Até haverá aqueles que bebem em taças com o mindinho esticado que dirão “Céus, risoto de bacalhau, que espetáculo”. Mas haverá aqueles que acharão o prato suspeito.

Na minha formatura tivemos dois risotos diferentes com uma massa sem graça. E de sobremesa ainda existiu um estrogonofe de banana com uma maisena com cor de chocolate e bolo sem recheio.

A outra verdade a ser dita aqui é: comida simples é melhor.

Não me venham com os french-rec de cordeiro, rã ao vapor de cerveja, e aqueles pratos preparados por chefes de cozinha que custam caro e não matam a fome. Mal ocupam um prato e ainda são cheios de desenhos com molhos esquisitos. Nada de Claude Troaugos ou sabe-se lá como se escreve esse nome.

Viva o arroz, o feijão, macarrão, purê de batata, bife. Viva o frango frito! A farofa! Viva a comida normal. É preciso dar um basta nessa frescura que assola os buffests e os confins desse nosso país. Basta!

*atenção, esse texto não foi escrito por Alfredo Chagas.

Comentários

Adérito Schneider disse…
Viva o pão de queijo e a pamonha! Viva o churrasco e a costela assada cheia de gordura que deixa a latinha de cerveja escorregando da sua mão!
Anônimo disse…
A comida que comemos normalmente é, sem dúvida, muito boa. Arroz, feijão, macarrão, carne moída, panqueca, bife com batata frita, etc.

Imagino que se fossemos obrigados a comer os pratos oferecidos pelos buffes todos os dias, sentiríamos saudade do arroz com feijão.

Mas formatura é um dia único, e raro. Casamento também. E por ser tão diferente, eu iria querer encontrar algo diferente pra comer, e não o habitual macarrão.

Comidas diferentes podem sim ser gostosas. Mas eu imagino o buffet contratado nessa formatura: a descrição do cardápio é identica a um casamento que eu fui.

O problema aí são os cozinheiros, e não os pratos. E também o fato de você não gostar de bacalhau.