Como traumatizar crianças

Esse post contém spoilers. Consiste em dizer que, por exemplo, o Jack vai morrer.

Pouco tempo atrás o Vinícius fez uma postagem analisando a letra de “Atirei o Pau no Gato” além de outras cantigas infantis. O post deixou bem claro o quão cruéis são essas canções, só que as crianças não percebem.

Um dos exemplos modernos mais claros é a música da Xuxa sobre os cinco patinhos. Ao longo de toda a canção, os patinhos iam brincar além das montanhas. E a cada vez um patinho a menos voltava. Durante toda a canção a impressão é de que os patinhos vão morrendo. Depois se descobre que eles deviam estar apenas fumando um baseado ou participando de uma suruba.

Mas essa música ainda fica na inocência das crianças que não imaginam essas maldades. Vamos falar de coisas que a indústria cultural produz e que realmente traumatizam as crianças, porque elas percebem o mal que está acontecendo.

Filmes
Nada de filmes de terror. São os filmes da Sessão da tarde. O locutor sempre fala da confusão, do barulho e de uma galera da pesada. Mas nem sempre é assim.

“Uma turminha do barulho apronta altas confusões numa viagem. Só que o nível do rio começa a subir e agora muita aventura vai rolar”.

Trata-se do filme “Enchente: quem salvará nossos filhos”. A história do filme basicamente é que durante uma excursão escolar começa a chover muito forte. O rio perto da estrada enche rapidamente o ônibus cai nas correntezas e as crianças se perdem no rio. Os pais ficam desesperados e algumas crianças morrem. Para completar, o filme é baseado em fatos reais. Qualquer criança fica com medo de fazer qualquer viagem do colégio.

Também baseado em fato reais há “O resgate de Jéssica”. Uma menina que caí num cano e fica presa lá por mais de dois dias. Ela pode morrer a qualquer momento pelo frio, e todos torcem para não chover. Há também a possibilidade de ela se quebrar toda. E ela chora o tempo todo. Qualquer criança fica com medo de cair em qualquer lugar e ser engolida por um cano.

Há também “O Campeão” a história de um menino sapeca que adora seu pai, um lutador decadente de boxe que tenta voltar ao auge. O menino sempre chama o pai de campeão. Tudo bem, até que no final do filme o “campeão” morre nos braços do menino que se desespera gritando “o campeão não pode morrer, o campeão não pode morrer”.

Há também as histórias em quadrinhos. Uma clássica é “o cão e a raposa”. A história de um cão que vira amigo de uma raposa, apesar de isso ser contra as leis da natureza. Até que o cachorro cresce e a dona da raposa resolve levar o cachorro embora. Eles nunca mais vão se ver novamente. Vocês entendem o quão traumatizante é para uma criança essa possibilidade? É preciso ser muito cruel.

E há o exemplo mais clássico, do Mauricio de Souza. Primeiro, ele sempre publicava as tiras do Horácio. Que é um dinossauro mais depressivo do que Joy Division. Mas aí, existe na internet, a história da irmãzinha do Chico Bento. O Chico Bento fala da sua expectativa de brincar com a menina, de brigar com os namorados dela, de ensinar ela a pescar. Até que ela morre. E o Chico chora com a certeza de que ela será sempre uma estrela no céu. Se depois de ler, eu com 20 anos, tive meu dia destruído. Imagine uma criança.

Lembre-se. Se você não consegue dormir de noite, tem medo do escuro ou qualquer coisa parecida. Pode ter sido algum filme desses que te passaram na sessão da tarde. E tantos outros. Quando o trauma é grande as vezes acaba se bloqueando.

Comentários

Emily Ferrari disse…
meu, cooooooomo, COMO vocês fazem pra colocar o link de alguma página no que vocês escrevem? tipo aqui ó: Pouco tempo atrás o Vinícius fez uma postagem analisando a letra de “Atirei o Pau no Gato” além de outras cantigas infantis.
sabe? me ensina pelo amor de deus! que to tentando desde que criei o meu blog e até hoje não descobri como!
:)
Gressana disse…
Cara, O Resgate de Jéssica! Lembro de ter sido o primeiro drama que eu assisti, acho que foi quando eu tinha uns 7 anos. Eu nunca superei. Lembro de, já com 12 anos, zapear a tv e ver esse filme passando. Quase tive um ataque de epilepsia.

Quanto à história do Chico Bento, eu li mas gostaria de nunca tê-lo feito. Na boa.
Lali disse…
Realmente, chorei em "O Cão e a Raposa". Mas meu maior trauma infantil-televisivo foi quando eu estava trocando de canais e percebi que estava passando um desenho tarde da noite. Mais especificamente, um animê. Fui assistir toda contente com a sorte de encontrar desenhos em horários diferentes dos usuais e fiquei chocada ao ver um monstro inserindo tentáculos em todo e qualquer orifício que encontrasse (ou algo assim). ISSO é traumatizante de verdade. Sério! T-T'' Demorei anos pra assistir qualquer animê de novo.
Gressana disse…
AFFFFFFF, pro comentário da Lali.
Thiago Borges disse…
Meu Deus Lali, isso é preocupante!!

Eu li essa hisória do Chico Bento, mas já adolescente, é algo capaz de fazer alguém se suicidar