Analisando "Atirei o Pau no Gato"

Todo mundo conhece a seguinte cantiga infantil:

"Atirei o pau no gato-to
Mas o gato-to
Não morreu-rreu-rreu
Dona Chica-ca
Admirou-se-se
Do berro, do berro que o gato deu
Miau"

Observando-a hoje com a experiência de vida que nós temos, há algumas ponderações a serem feitas. Que muitos de nós nunca percebemos em todos esses anos. Vamos parar para analisá-la.
Primeiro, ela repete as últimas sílabas. Licensa poética? Acho que não. Pra mim, foi um gago que inventou. Vamos colocar os versos em texto corrido e sem gagueira:

"Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu. Dona Chica admirou-se do berro que o gato deu."

Mais simples, não? Agora veja.
Percebe o quanto essa música é sádica? O narrador atirou um pedaço de pau em um pobre e inocente gatinho! Que crueldade... Que tipo de pessoa faz uma coisa dessas deliberadamente com um gato? E isso ainda nem é o pior. A letra diz que ele ficou frustrado pelo gato não ter morrido. Ou seja, o eu lírico é na verdade uma pessoa fria e cruel que tem tendências assassinas. Pior ainda se considerarmos o sentido sexual de "pau". O agressor no caso, seria um zoófilo.
Sim, estupefato CHnauta. Nós aprendemos desde crianças a sermos cruéis e violentos. Por nossos próprios pais e professores. Acham que isso não influencia o caráter? Bem, fiquem de olho em quem maltrata os animais (especialmente gatos) no seu círculo de convivência e vocês vão ver.
E o que dizer da Dona Chica? Ela viu tudo o que aconteceu e não fez nada para impedir. Nada. Tudo que fez foi ficar olhando, e admirar o gemido de sofrimento do inocente felino. Ela foi conivente com o ato. Pode-se até dizer que ela sentiu algum prazer em ouvir o miado agonizante. Um prazer doentio para uma dona de casa.

E para piorar, esta não é a única cantiga infantil macabra. Vejamos outro exemplo:

"Nana, neném, que a Cuca vem pegar. Papai foi na roça, mamãe foi trabalhar."

A Cuca é um demônio do folclore popular, que é retratada pela TV como um jacaré com o cabelo do David Bowie. Mas independente da aparência, a Cuca é um bicho cruel.
Nesse versinho aparentemente inocente, podemos inferir que o eu lírico é a própria Cuca, referindo-se a si mesma na terceira pessoa. Ela está cantando para a criança assustada. Lembrando-a que seu pai foi na roça e sua mãe foi trabalhar. Ou seja, ela está sozinha em casa. Não tem ninguém para protegê-la. É hora da Cuca fazer seu banquete...

Ainda há outros versinhos tendenciosos:

"Boi, boi, boi. Boi da cara preta. Pega esse menino que tem medo de careta."
É só eu ou vocês também enxergaram tendências racistas aqui?


"Sou pequeno do tamanho de um botão, carrego papai no bolso e mamãe no coração."
Desde cedo ensinando que a fonte de amor da família é a mãe, e o pai tem mero propósito financeiro, só serve para sustentar a família. E você, criança, é pequena e insignificante.

Cara, olha o que ensinavam para as crianças!! E depois reclamavam de Pokémon!! Lógico que quando a gente era pequeno era burro demais pra fazer essas associações, mas... Meu Deus.
Mais cabuloso do que isso, só as músicas satânicas da Xuxa:

Comentários

Thiago Borges disse…
as vezes eu atiro em gatos com uma espingarda de chumbinho... agora está explicado, tudo influência dessas letras macabras.

fora o fator xuxa. meu aniversário de 3 anos teve decoração de palhaço e músicas da xuxa. nunca me recuperei do trauma.
Guilherme disse…
realmente. Nana nénem é de uma crueldade ímpar. Quem vai obrigar a criança a dormir, com ameaças psicológicas? Nem sempre é fácil dormir.
Anônimo disse…
Minha mãe vivia chamando a Xuxa de Bruxa... E eu ainda a defendia, até ver esse vídeo, mas dai foi tarde demais... Há outras letras, mas agora lembro de uma só:

"se eu fosse um peixinho e soubesse nadar, eu tirava fulano do fundo do mar"...
Anônimo disse…
Não sei se vocês viram o relato dessa ex criança na hora de dormir. (o vídeo é otimo. Rafinha bastos)
http://www.youtube.com/watch?v=XvTQyuHvHHk

Enfim, isso tudo do gato tbm é horrivel! eu tinha pensado em algumas coisas disso, mas essa analise encerra o assunto.