Tortura escolar

Apesar do título do post, hoje não vamos falar da 6ª série. Vamos falar sobre seu passado na pré-escola e nos primeiros anos do primário.

Se você tem mais do que vinte e poucos anos, procure voltar mentalmente à essa época. Você ali, naquelas mesinhas baixas, no meio daquela molecada que não parava quieta, pintando desenhos horríveis que a professora dizia que eram bonitos. O coleguinha bagunceiro, o coleguinha chorão (ou a chorona), o coleguinha rico, o coleguinha que volta e meia comia os giz-de-cera, e claro, o coleguinha dedo-duro FDP. Você nem podia quebrar alguma coisa acidentalmente que logo vinha um e dizia: "Foi o Pedro, tia, eu vi!"

Ah, é a coisa mais linda do mundo todos aqueles projetos de gente adoráveis juntos, aproveitando os anos mais inocentes de suas vidas, certo? Errado, é óbvio. Todo professor (no caso, professora, pois nunca vi um homem tomando conta de turmas de pirralhos) sabe que crianças juntas tendem a disseminar o caos e transformar uma simples aula de desenho em um pandemônio.

E como controlar essas pequenas crias do capeta? Com tortura psicológica, é claro!
Hoje é proibido, mas tente se lembrar o que faziam na sua época para te meter medo. Nem precisavam aplicar o castigo propriamente dito, mas a mera menção dele já era suficiente para fazer um de nós borrar as calças, o que às vezes de fato acontecia.

Citaremos alguns exemplos conhecidos.

Palmatória: No tempo de seu avô, provavelmente a palmatória era um castigo dos leves. Com o passar dos anos foi proibido, ainda que adotado clandestinamente. Mas cada vez que um professor ameaçava te dar uma surra de palmatória, você já abaixava a cabeça e dizia "vou ser bonzinho".

O Livro Negro: Até hoje não se comprovou se é lenda urbana ou não. Mas outra ameaça que os professores faziam era que, se você fizesse bagunça, seria mandado à diretoria e assinaria um livro de capa preta, o temível Livro Negro. Se você assinasse esse livro três vezes, seria expulso da escola. Alguns diziam que se você assinasse três vezes, poderia até morrer. Alguns bagunceiros juram que o Livro Negro existia e chegaram a assinar nele. Mas ainda assim há suspeitas.

A porta trancada: Provavelmente na sua escola tinha uma porta que vivia trancada e nunca se abria. Provavelmente os professores e diretores diziam que alunos mal-comportados iriam ser trancados lá como castigo, na escuridão total. No meu caso era ainda mais assustador, pois eles diziam que o quarto era cheio de espinhos de ferro enormes que saíam das paredes e você não podia se mexer, senão era espetado. Aumentavam ainda mais o terror dizendo que havia esqueletos de crianças arteiras lá dentro.

Ajoelhar no milho: Clássica. Crianças bagunceiras ficavam de joelhos sobre grãos de milho espalhados pelo chão. Dizem que surgiu uma variação, em que crianças eram forçadas a sentar na espiga, mas ninguém nunca comprovou.

Lendas urbanas: Como na época éramos inocentes, acreditávamos em todo tipo de lenda urbana. Os nossos educadores se aproveitavam disso e usavam-nas para semear o medo. Daí os casos variam. Na minha escola por exemplo, tinha uma vizinha que era meio mal humorada, pois sempre deixávamos a bola cair no quintal dela, e ela sempre devolvia com cara de brava. Quando devolvia. A diretora então dizia que ela era uma bruxa e que se fizéssemos baderna, ela iria nos entregar a ela para ela cozinhar a gente no caldeirão e fazer farinha com nossos ossos. Claro que esse tipo de tortura não daria certo nos dias de hoje, pois não existem mais crianças inocentes.

Enfim, "tortura infantil" devia ser uma matéria na grade dos cursos de Pedagogia nas universidades antigamente. Torçamos para que o MEC tenha removido, pois não se esqueçam que um dia teremos filhos.

Comentários

Guilherme disse…
de fato, o pessoal sempre é malvado com as crianças. Pensando hoje em dia, nossos professores deviam ser presos pela tortura psicológica.