Ônibus (ou o Inferno sobre Rodas)

Férias de final de ano é aquela alegria. Finalmente você tem tempo pra descansar de tudo e tirar um tempo pra você acordar até o meio dia e ficar coçando até a hora de dormir de novo. Muita gente aproveita esse tempo pra viajar... E qual o melhor lugar pra se viver essa tranqülidade do que o campo, certo?

Errado, é óbvio. Quem tem essa paixão bucólica no mínimo é doente, devo dizer. Mais uma vez eu estava lá, como no ano passado. Porém, esse texto trata de outro assunto.
Suportei alguns dias fora de casa, depois resolvi voltar sozinho. E, para economizar umas duas centenas de reais, resolvi voltar de ônibus. Grande erro.

Peguei meu ônibus em Cascavel para voltar pra Cuiabá. 1.325 km, segundo dados do DNIT. Teoricamente, 22 horas de viagem. É o que disseram quando fui comprar a passagem. Mas é claro, é preciso ser muito inocente para acreditar que vai chegar no tempo previsto. Quando se viaja de ônibus, você sempre pega algum congestionamento na estrada, ou dá algum problema no motor, ou o motorista fica enrolando, ou até mesmo resolvendo problemas de superlotação do carro nas rodoviárias. Aí, por exemplo, se te dizem que sua viagem vai ser de 22 horas, pode saber que vão ser 26 no mínimo.

Ou seja, mais de um dia inteiro dentro de um ônibus sem tomar banho, com o cabelo todo seboso e acesso a banheiros nojentos. Rapaz, sabe como é difícil mijar em um ônibus em movimento? Tem a alternativa de esperar até o ônibus parar na rodoviária, mas não é uma opção muito atraente também. E nem pense em soltar o barro. Espere chegar em casa pra isso. Na boa.

Como se não bastasse o tédio colossal de intermináveis kilômetros de estrada que parecem não acabar nunca, o desconforto também é terrível. Primeiro, ônibus fedem. Mesmo os mais "chiques" fedem. Por quê? Porque sempre tem uma criança a bordo, e ela sempre dá um jeito de gorfar. Porque tem uma cassetada de passageiros ali sem tomar banho. E bem, lembra do que eu falei sobre a dificuldade de mijar? Então.

E outra, tem a questão de quem senta na poltrona do seu lado. Vocês vão ficar disputando espaço e o direito de usar aquele apoio para o braço. Você tem que conquistá-lo a qualquer custo se não quiser levar cotoveladas a viagem toda. Mas o pior mesmo são as pessoas que se sentam à sua frente. Porque elas inclinam a poltrona ao máximo e mal dão espaço pra você sentar. Cruzar as pernas então é uma utopia. Quando isso acontece, você deve ficar cutucando a poltrona com o pé, sem dó, até que o folgado entenda.

A hora de dormir é uma das piores partes, porque dormir numa poltrona de ônibus naquelas condições é horrível. Ficar acordado também não é uma boa opção, porque vai ter um monte de gente roncando pra te tirar a paciência.

Enfim, o que quero dizer é: Não viaje de ônibus. Nunca. Avião é mais caro e pode atrasar, mas vai por mim, compensa cada centavo e cada minuto se comparar com ônibus. Não fede, você chega mais rápido ao seu destino (nem dá tempo de ficar nojento), e ainda tem lanche grátis durante o vôo. Sem falar que aeroportos são muito mais bacanas que rodoviárias.

Comentários

Guilherme disse…
é, essa é uma das coisas que eu sempre achei engraçada na cobertura da crise aérea. Mesmo o vôo, digo, voo atrasando dez horas, ainda é mais rápido do que o ônibus. E a pessoa do ônibus sofre muito mais.
Thiago Borges disse…
eu já fui assaltado viajando de ônibus