Uma Questão de Avião

Amanhã é Natal, e depois muitos dos CHnautas irão viajar, se já não estão viajando. E falando em viagem caímos no assunto avião. (Evite o erro de usar qualquer tempo do verbo “cair” na mesma frase que “avião”, isso pode causar um pânico generalizado). Objetos de pânico para alguns e adoração para outros, os aviões causam polêmicas, felizmente o CH3 não teme polêmicas. O CH3 não tem medo de nada.

O termo “avião” deriva de “ave”, palavra latina criada de forma muito inusitada pelo primeiro comandante da Guarda Suíça do Vaticano. Em um dia ensolarado de 1506, o Papa Júlio II fazia sua caminhada matinal pelo Campo de Marte quando foi atingido por uma suntuosa cagada de pombo na cabeça, e o seu acompanhante, o intaliano Capitão Timótius Gressana caiu em uma crise compulsiva de risos. Timótius gargalhava e apontava dizendo “aveeee!!!” para o horrorizado Papa, assim o termo passou a ser utilizado para se designar os pássaros em geral e nunca mais se ouviu falar do Capitão.

O avião foi inventado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, uma cara bizarro que usava chapéus afeminados, mas até hoje os americanos insistem que seus inventores foram os irmãos Wright. Durante a Segunda Guerra Mundial os kamikazes japoneses usavam aviões para abater o inimigo, suicidando-se no processo. Tem quem pense que isso era uma prova de coragem, pra mim é burrice, mas o fato é que os japas eram obrigados a decolar com pouca gasolina pra não fugirem, e o melhor, não ensinavam eles a pousar o avião.

Mais de 100 anos depois do primeiro vôo do 14 bis o avião é utilizado principalmente para transporte de cargas, atentados terroristas em escala global, usos militares, pulverização de fertilizantes e principalmente, para viajar. Viajar de avião exige uma metodologia que envolve primeiramente chegar ao menos uma hora antes no vôo no aeroporto para fazer o check-in. E porque afinal de contas existe o check-in? Simplesmente porque as companhias aéreas vendem mais passagens do que a capacidade do avião, e se você não fizer o check-in dane-se, seu lugar vai pra outro.

O segundo passo é ter a paciência de aguardar os atrasos nos aeroportos, que aliás só existem porque mais pessoas do que o previsto fizeram check-in. Como as empresas vendem mais passagens do que cabe no avião, elas mentem para os passageiros que sobram que o vôo está atrasado até encaixá-los em outro. Hoje a Infraero está registrando apenas 19,6% de atrasos nos aeroportos, um número excelente.

Se você sobreviveu até a hora do embarque meus parabéns, mas ainda não acabou. Agora é hora de passar pelo salão e pelo detector de metais, logicamente depois dos velhos, grávidas e mulheres com criança de colo que sempre surgem nessas horas. Me pergunto porque as pessoas passam devagar pelo detector, cheios de tensão mesmo sem carregar nenhum metal, como se o aparelho desse choques. A bagagem de mão também passa por um detector, que no aeroporto Marechal Rondon não funciona. Eu já passei com um canivete dentro da mala e os seguranças não disseram nada, ou seja, eles fingem estar assistindo malas na tela. Não tente passar com objetos cortantes em outros aeroportos além do Marechal Rondon, principalmente para entrar nos EUA. Nos Estados Unidos um mero cortador de unhas já é motivo pra revista anal. Mês passado um iraniano foi detido com uma chupeta no aeroporto de Boston. As autoridades locais alegaram que ela poderia ser usada para asfixia.

Passando pelo embarque é a rotina de sempre. O capitão diz o nome dele e que tem autorização pra voar, como se fosse algo relevante. Depois a aeromoça dá algumas instruções em português e em um inglês perfeito e o capitão diz a velocidade e altitude de cruzeiro, como se você pudesse fazer algo a respeito. Nessa hora você pode sacanear com quem tem pavor de avião, diga: “Ufa, passou o segundo momento mais perigoso do vôo. O pior é o pouso, onde acontecem 78% dos acidentes aéreos.” (Se é você quem tem pavor fique tranqüilo, são apenas 75%). O vôo continua tranqüilo, com bebês chorando e senhoras falando o tempo todo. É também quando nos filmes as pessoas entram no banheiro pra transar. O único caso real de sexo em avião do qual tenho conhecimento aconteceu com Hanz. O velho bastardo transou com um sombrero em um vôo para Acapulco.

Enfim, se o avião pousa geralmente está todo mundo vivo. Com o cu na mão de for em Congonhas, mas vivos, e só resta descer e ir buscar a bagagem, se elas estiverem lá. Observar esse momento é como assistir “As Portas da Esperança” do Silvio Santos. Escolhemos falar sobre aviões porque tivemos vontade, e porque o Cão Leproso não viaja em aviões, não anda de barco, não pega túneis nem usa balões. Agora ele está de férias na Inglaterra, atravessando o Canal da Mancha a nado até a França.

Comentários

Guilherme disse…
Uma das coisas interessantes sobre as viagens de avião, é que tem gente que acha que tá indo pra entrega do Oscar. Se arruma mais que qualquer coisa.

Assim como sair de São Paulo, quase nevando, todo agasalhado, e chegar em Cuiabá com 50º.

E, eu acho engraçado como as pessoas reclamam dos lanches do avião. Você vai ficar uma hora lá dentro, e o pessoal reclama! Quer jantar 5 estrelas!
Gressana disse…
É, no meu último vôo, eu quase morri quando teve a aterrissagem.
E quando eu desci, vi que tinha um buraco na turbina.
Nunca mais vôo de novo.