Meninas e Meninos

“Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher são só garotos”

Bem, eu acho essa música deplorável. Provavelmente é apenas uma música que o Leoni deve ter escrito quando foi na zona pela primeira vez. Mas sei lá, sempre quis começar um texto com citação de música. E sempre quis mostrar publicamente o quanto eu desprezo essa música. Existem apenas duas maneiras de se expressar sua indignação nesses tempos modernos: postar isso no seu blog, ou entrar na comunidade de ‘eu odeio’ no Orkut.

Mas voltemos, ou melhor, comecemos o assunto desse post. Para isso, voltaremos aos tempos da sexta, sétima série. As meninas eram maiores do que os meninos, e elas já começavam a ficar com caras mais velhos. Para os garotos, a maior diversão era se masturbar. Fazer ameaças anônimas também é a coisa mais foda que um cara de 12 anos consegue imaginar.

Naquela aula daquele professor que queria enrolar um pouco, estabelece-se um momento de conversa. As meninas conversando sabe-se lá o que (até hoje ainda pode ser um mistério o que as meninas conversavam na sexta série) e os meninos do outro lado, falando de punheta e casos escabrosos. Também tinham os CDFs que faziam os exercícios que o professor mandava. Mas esses, em pouco nos importam.

Enfim, a roda de amigos. Sempre (sim, sempre) vai ter um cara que vai chegar com o tema “A mais bonita da sala”. E sempre vai ter o cara mais tímido que vai ficar envergonhado em dizer. Então vai começar aquela história
- E ai Pedro, quem é a menina mais bonita da sala pra você?.
- Ah, não sei Lucas.
Enfim, depois de alguma insistência, o Pedro vai lá e fala:
- Acho que é a Marina.
Muitos ahhhs, brincadeiras e etc., e então chega o momento de tensão.

O Lucas fala
- Ahhhh Pedro, vou falar pra Marina que você é a fim dela.
O Pedro responderá:
- Não, não cara, faz isso não, pô, sacanagem cara, faz isso não pô, sujeira cara, faz isso não.

- Vou falar cara, po, tem nada demais não”.

Apesar dos apelos do Pedro, o Lucas vai falar com a Marina. Ele chega e diz:
- Ô Marina, me empresta uma caneta.
- Ué você, não tem?
- Tenho, mas não é pra mim, é pro Pedro ali – aponta – mas, ele tem vergonha de falar.
- Ah sim. – diz Marina sorrindo.

O Pedro, que estava sentado do outro lado da sala não irá escutar o diálogo. Irá ver apenas o Lucas apontando para ele e a Marina rindo. Imaginará que o seu maldito amigo realmente falou isso. A essa altura ele já estará roxo. E o Lucas ainda voltará dizendo para o Pedro que sim, a Marina está afim dele. Os outros amigos em volta vão começar a falar “Ahhhh Pedro, vai lá e agarra ela!” – “Come ela!”. Uns mais exaltados irão tentar ensinar como é que se faz sexo. Como se na sexta série, todos tivessem vida sexual ativa.

Ao Pedro, restarão duas opções: Não fazer nada, e ficar durante anos sendo chamado de viado pelos amigos. Ou então, ir, a base de empurrões, falar com a Marina. Ele dirá alguma coisa ridícula qualquer, e a garota responderá que não tem nada haver, que ela nunca disse isso. Os amigos tentarão apontar os erros na estratégia adotada pelo Pedro. E ele, vai querer nunca mais ir no colégio. Principalmente se o garoto do segundo ano que está ficando com ela aparecer. Mas logo ele vai se recuperar e vai passar um bom tempo se masturbando enquanto pensa na Marina. Sim, pensamentos de dominação.

Os tempos da sexta série são complicados. Quem passar ileso por eles, já pode se considerar um sobrevivente.

Comentários

J. Tomaz disse…
tive um susto quando abri o blog e ele está diferente...

ficou muito clean...

depois me acostumo.
Thiago Borges disse…
rapaiz...coitado do predro hein, depois olha oq acontece, começa a chamar garotinhos pra cagar na casa dele.
Gressana disse…
Isso é a mais pura verdade.
Pobre do garoto que tem que escolher entre ser zoado o resto da vida no colégio e fazer papel de idiota na frente das garotas.
Até seria engraçado, só pra descontar em alguém, ir em alguma sexta série e esfregar na cara de todos que eles são virgens.