A fantástica saga dos Benga Boys

O ano era 1990. Após uma década dominada por ombreiras, maquiagem e penteados ridículos uma banda cuiabana aparecia na cena musical para mudar a situação. Eram os BengaBoys. Formado por Zé Coveiro no vocal e guitarra, João Cavalo na guitarra, Pedro Tolete no baixo e Cláudio Defunto na bateria, a banda se caracterizava pelo som agressivo, inspirado em Dead Kennedys. Faziam shows em banheiros e em kitnets, sempre para mais de 400 pessoas. Pelos cálculos, eram cerca de 40 pessoas por metro quadrado. Um recorde. Com seus primeiros sucessos “Fucking with dead women”,e “Pussy Vomit”, a banda foi levada para o primeiro escalão do ultrahardcore, e realizaram seu primeiro show fora de um banheiro. Gravaram um disco “Drinking in devil Ass”. O que causou a perca de alguns fãs, que diziam que a banda havia se vendido.

Em 1993, a banda conseguiu dinheiro para gravar um novo disco. A banda já se mostrava então com um som mais calmo e se mudaram para Brasília. Os membros trocaram seus apelidos pelos sobrenomes, e lançaram o segundo CD mais parecido com Blink 182, e músicas como “In love with a cat”. Ah, o nome do segundo foi “Naked Dick”.

Apesar dos fãs tradicionais da banda terem se afastado, os BengaBoys já tocavam em ginásios com mais de mil pessoas. E foi nesse cenário que eles conseguiram o primeiro contrato com uma gravadora independente. Um grupo independente das gravadoras independentes se revoltou e começou a queimar os discos antigos da banda. Foram queimados 3 discos no total. O terceiro CD trouxe composições em português e músicas com acompanhamentos de cordas no fundo. O principal sucesso foi “Balada do coração solitário”.

A partir daí, o baterista e o baixista da banda saíram, e a banda assinou com uma grande gravadora e lançou seu quarto disco, em 1999, com influências de música eletrônica. Os BengaBoys fizeram uma tour, tocando em Londres, inclusive. O antigo vocalista, Zé Coveiro também abandonou a banda, e num acidente de carro João Cavalo morreu. Por pressão da gravadora, eles continuaram, com uma formação toda nova e lançaram um disco, o quinto, na onda dos Backstreet Boys, ainda em 1999.


Com a virada do século, surge um novo rumo para os BengaBoys e eles lançam seu sexto álbum em 2002, junto com um cantor de rap. O sucesso é imediato. Tocam em estádios lotados pela América Latina, na final do Big Brother e no programa do Faustão. Com o sucesso, eles escrevem uma música para Ivete Sangalo. E em 2003, num projeto audacioso lançam um CD de Axé Music e tocam em aproximadamente 289 micaretas ao longo do ano.

A banda entra em conflito, as vendas dos CDs de axé despencam, e eles são demitidos da gravadora. Em uma última tentativa, lançaram seu oitavo e último álbum, flertando com o Funk.

Hoje, com a ajuda de novos membros, os BengaBoys tocam em festas de formatura no Acre. Zé Coveiro mudou de sexo, e hoje em dia toca numa banda Emo. Pedro Tolete atualmente é mais conhecido como Chimbinha e Cláudio Defunto virou massagista tailandês, além de ter participado da última edição do Big Brother.

Comentários

Gressana disse…
Pois é, uma tristeza o que aconteceu com os BengaBoys. Eu estive presente no primeiro show deles, no banheiro do IL em 1990. Tá certo que eu tinha só 5 anos, mas desde aquela época eu já sabia curtir um som foda.
Hoje em dia, se você anda com uma camiseta dos BengaBoys na rua, as pessoas perguntam se você vai no Micareciua. Triste uma coisa dessas, triste.