A Pamonha Final


Na última quarta-feira, Vinícius Gressana mandou uma mensagem no meu Whatsapp que logo se mostrou o começo de um pequeno inferno na minha vida. O titular do Café do Feliz disse que iria fazer um horóscopo para seu popular blog e me perguntou se ele poderia entrevistar Pai Jorginho de Ogum para o material. Falei que era claro, Jorginho era um cidadão livre e poderia fazer o que bem quisesse da vida dele e a mesma afirmativa se fazia válida para Vinícius.

Pois bem, Vinícius foi até lá na Casa de Diversão Noturna Carnicentas, descobriu que Pai Jorginho de Ogum estava com um novo empreendimento relacionado à venda de pamonhas e saiu de lá como o feliz proprietário de um horóscopo. E você então me pergunta: Ok, onde é que está o inferno na minha vida?

Os poucos fiéis leitores do CH3 sabem que todo ano nós publicamos aqui uma série de previsões para o ano que está nascendo. É uma tradição herdada do melhor da programação televisava de entretenimento. Todo ano no Domingão do Faustão, ou em algum programa do Gugu, lá estavam a Mãe Dinah (in memoriam) ou algum outro vidente do tipo fazendo aquelas previsões batidas, do tipo "um famoso irá morrer", "um avião vai cair" e essas coisas que todos nós sabemos que sempre vão acontecer todos os anos. Então, porque não produzir nós mesmos esse material? Jorginho fez previsões para 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 (estou com preguiça de fazer os hiperlinks. Mas, é fácil procurar, é só ver os primeiros textos de cada ano no menu aí do lado) em textos que contam um pouco da história do CH3 e do próprio Jorginho e sua Casa de Diversões Noturnas.

Em 2014, o processo de conseguir essas previsões não foi assim tão fácil. Resolvemos participar da mega festa de Réveillon da Carnicentas e acabou não dando muito certo. Nos perdemos em uma noite amnésica junto com um Papai Noel, um delinquente juvenil, um pansexual e um amigo nosso que vocês não conhecem não. Apartamos brigas, tentamos arrombar lojas, fomos parar em Jangada e no final não nos lembrávamos de nada.

Já no dia 1º de Janeiro, Pai Jorginho de Ogum me ligou perguntando porque não fomos no seu Réveillon. Respondi que eu precisava trabalhar no dia 1º e que não poderia correr o risco de acordar em um porta-malas, ou algo do tipo. Ele lamentou nossa ausência, já que disse que o Réveillon desse ano não chegou perto do realizado ano passado, que nós divertíamos muito o ambiente. Falei que era realmente uma pena, mas que 2016 já está logo aí mesmo. Ele encerrou o telefonema dizendo que me esperava no fim da tarde para fazer as previsões de 2015, já às tinha na ponta da língua.

Não aparecia lá no dia 1º, nem no dia 2, nem no final de semana. Na terça-feira, Jorginho me ligou inconsolado. Perguntou o que é que estava acontecendo. O que é que ele havia feito para mim, porque eu o ignorava, porque eu não queria mais as suas previsões. Que ninguém merece ser tratado desse jeito. Ao fundo, escutava Marcão gritando desesperado, palavras de dor e de saudade. Ou não, talvez fosse apenas uma diarreia. Falei para Jorginho que logo eu apareceria por lá, que ele não precisava ficar assim. O velho cafetão do destino me chamou de mentiroso e desligou na minha cara.

Na quarta Vinícius me mandou o Whatsapp, na quinta ele foi até a Casa de Diversão Noturnas e desde então a minha vida tem sido um inferno.

Quinta-feira a noite Pai Jorginho de Ogum já entrou em contato comigo, me contando que o Vinícius tinha ido visitá-lo e havia comido a pamonha dele. Por um instante, fiquei chocado, achando que alguma situação esdrúxula havia levado Vinícius e Jorginho a manter uma relação carnal tão íntima, mas não entrei em detalhes. Só entendi quando o Horóscopo do Feliz foi finalmente publicado na sexta-feira.

Sexta, aliás, foi o pior dos dias. Um mensagem de Jorginho chegava no meu Whatsapp a cada cinco minutos. Mensagens hora ofensivas, hora dramáticas, hora desiludidas. Recebi ameaças, xingamentos e correntes que não tem a menor ligação com o mundo real. Jorginho disse que iria romper o contrato com o CH3 e assinar por uma quantia milionária com o Café do Feliz. No começo eu respondi, mas depois resolvi ignorar. Apenas para receber mensagens perguntando se eu o estava ignorando.

Por um instante, me lembrei da história daquele médico que assassinou e esquartejou a amante. Um crime bárbaro e injustificável. Só que depois, descobriram que a mulher ligava a cada dois minutos, 24 horas por dia. Isso enlouquece uma pessoa.

Pensei então que eu precisava resolver essa situação e que no sábado eu iria até a Casa de Diversão Noturna Carnicentas para dar um basta no problema. Bem, só adianto, para tranquilidade geral da nação, que eu não levei nenhum bisturi ou qualquer outro instrumento de corte preciso até o local.

(Continua no próximo post).

Comentários

Gressana disse…
Rapaz, precisava ver o olhar do Pai de santo quando mencionei seu nome. Uma mistura de profundo desgosto com amargura.
Ah, Marcão estava mesmo com diarreia, o que explica aqueles gemidos ao telefone, mas já passa bem.