Debate Filosófico: Juízes e Deuses

Na última quinta-feira, 13 de novembro, o CH3 voltou a abrir as portas de seu auditório para receber uma multidão disposta a debater o sentido da vida. Cientistas, políticos e interessados em geral participaram do primeiro debate filosófico de 2014 e provavelmente o último, já que o ano está acabando.

Nosso anfiteatro ficou lotado com a presença da bancada parlamentar do PMDB, historiadores, bibliotecários, arqueólogos e taxidermistas. A mesa de honra foi composta por Rodrigo Constantino, Aécio Neves, Stanley Burburinho, Joaquim Barbosa, Michel Bastos, Vinícius Gressana, Sandra de Sá, Steve Jobs, a Mulher Maçã e o carnavalesco Joãozinho Trinta.

Coube a Vinícius Gressana fazer as honras da casa e introduzir o tema. Explicou que os debates estiveram suspensos ao longo do ano em respeito ao calendário eleitoral. Agradeceu a presença de todos que se fizeram presentes, abrindo espaços em suas concorridas agências e lamentou a ausência de Padre Quevedo, que perdeu seu voo em algum ponto entre Maringá e Londrina.

Vinícius introduziu brevemente o assunto. Lembrou o polêmico caso trazido a tona nesta semana, quando uma fiscal de trânsito foi condenada a indenizar um juiz que dirigia sem habilitação e em um carro sem placas, por afirmar que ele poderia ser juiz, mas não era deus. Afinal, falar que um juiz não é deus é uma ofensa? Juízes são deuses? O que podemos falar sobre esse assunto.

O biólogo ateísta, Richard Dawkins logo pediu a palavra e disse que deus não existe, portanto, ninguém pode ser deus. Foi o suficiente para que o Pastor Marcos Feliciano invadisse o auditório com uma milícia evangélica e levasse Dawkins para fora, junto com o humorista Marcelo Adnet que estava traindo sua mulher. Quando descobriu que um dos organizadores do evento era dono de um prostíbulo, Feliciano entrou em combustão espontânea e suas chamas se dissiparam no ar.

Gilmar Mendes pediu a palavra e afirmou que juízes são deuses sim e que quem negar o contrário, deverá enfrentar a letra fria da lei. Foi então questionado pelo Padre Marcelo Rossi, que disse que Deus é o criador, que entre outras coisas, ele foi o responsável por criar o mundo em seis dias e descansar no sétimo. O papa Francisco disse que não tinha certeza se isso era verdade.

Não satisfeito, Mendes afirmou que ele é, sim, capaz de criar o mundo em seis dias e descansar no sétimo. Todos ficaram olhando para ele, espantados e esperando uma reação. O ministro afirmou que são precisos seis dias, que ele não pode criar o mundo ali naquele auditório e, além do mais, este já poderia ser o sétimo dia e alguém teria que ser capaz de provar que ele não criou o mundo nos seis dias anteriores.

O cantor Wando teve acesso ao microfone e cantou uma bela e suada canção de amor, momento no qual uma gaúcha atirou suas roupas nele e passou a correr pelada pelo auditório e então, porta afora. Segundo o rei das calcinhas, ele também pode dizer que criou o mundo em sete dias e desafiou qualquer um a provar que ele não tivesse realizado esse feito.

Criou-se um impasse nesse momento e Gressana precisou intervir fortemente, disparando dois tiros para o alto, lembrando todos qual era o assunto. O presidente norte-americano, Barack Obama, então, afirmou que achava que juízes não eram deuses e que não havia ofensa nenhuma em alguém trazer essa realidade a tona. Enquanto Obama falava, a Associação de Magistrados de Penedo-AL atirava bolinhas de papel no presidente. Luciano Huck postou uma foto com uma bolinha de papel no Instagram, como retaliação.

Perguntado sobre o tema, Aécio Neves disse que era tudo culpa do PT, que esse é mais um dos setores em que o governo da presidente Dilma falhou, que ela errou em tudo. Questionado diretamente sobre o caso do juiz-deus, Aécio voltou a responder que a culpa era do PT. Descobriu-se então que o senador havia enviado um holograma de si próprio que repetia uma gravação.

Para provar que juízes podem ser deuses, o desembargador Paulo Roberto Pereira Machado, abriu a boca e começou a puxar um lenço colorido entrelaçado de dentro da sua garganta. O ato durou cerca de seis minutos, tempo no qual já havia aproximadamente oito metros de pano babado pelos corredores do nosso auditório. Paulo Roberto recebeu aplausos constrangidos.

Em pouco tempo, Rodrigo Constantino e Stanley Burburinho passaram a discutir a questão da feitiçaria em um sociedade bolivariana, enquanto a Mulher Maça tirava selfies com toda a plateia. Percebendo que o debate não mais iria avançar, apagamos as luzes do auditório e mandamos pessoas fantasiadas de poupançudos da Caixa correr pelo local emitindo barulhos estranhos. A estratégia surtiu efeito e em pouco tempo o auditório estava completamente vazio, pelo menos até o próximo debate filosófico.

Comentários

Gressana disse…
Esse dia foi foda, apesar de não termos chegado a resultado algum.