Utilizando o Seguro

O seguro é aquela típica coisa que você tem mais pelo medo do que poderia ocorrer caso você não tivesse um. Sabe como é, esse mundo nos deixa sujeitos a muitos riscos. Nossos carros e casas podem pegar fogo espontaneamente, podem ser atingidos por árvores, por motoqueiros possuídos pelo demônio, por mamutes selvagens renascidos após experiências científicas. E se isso acontece... ai meu amigo, o prejuízo vai ser enorme. De uma hora para outra o seu patrimônio se desfez ao sabor do vento.
"Sinto muito senhor, o seguro não cobre acidentes com asteroides"

Nessas horas que o seguro entra em ação. Ele está ai para prevenir seus eventuais prejuízos caso o seu carro seja atingido por um meteorito. Por um preço módico parcelado em algumas vezes, seu patrimônio estará garantido e seguro durante o ano.

A princípio, montar uma seguradora parece um péssimo negócio. Você recebe R$ 2.000 e garante que irá bancar qualquer prejuízo que o cidadão tiver no carro dele, incluindo o prejuízo total depois que o automóvel despencar no Portão do Inferno. Há um precipício não literal entre o valor recebido e o valor que precisa ser pago. Dinheiro que não aparece assim, tão facilmente.

Mas é claro que não é assim. Se tantas empresas gigantes investem no ramo do seguro patrimonial e elas têm rendimentos anuais bilionários, deve ser porque é um bom negócio. E realmente é, diria que um ótimo negócio. Seguradoras lucram com tragédias que nunca vão acontecer e relutam até o último momento para pagar as indenizações que elas deveriam pagar.

Uma bigorna caiu do céu e acabou com toda a parte mecânica do seu carro. A seguradora vai dizer que a culpa é de quem derrubou a bigorna e que você deve procurar essa pessoa para que ela te ressarça. Você irá sofrer um bom tempo argumentando que é impossível acessar o deus que joga bigornas do céu.

Se você resolver assumir o prejuízo ou tiver culpa no cartório, irá ter que pagar a franquia, um valor bem razoável, acima de mil reais. Qualquer dano abaixo desse valor o seguro não irá cobrir e é provável que eles digam que arrumar o teto do carro que está tocando o assoalho vai ficar abaixo do valor da franquia.
"Seu reparo não atingiu o valor da franquia"

Se eles finalmente aceitarem restaurar o automóvel, os seus problemas ainda não terão acabado. Será preciso peregrinar pela oficina autorizada que provavelmente tem 821.291 vítimas de pombos que comeram chumbo. O relatório da seguradora esqueceu de apontar que as duas portas e o para-choque traseiros também precisam ser trocados e será preciso realizar um novo pedido e no fim da história você receberá seu carro em seis meses.

Tempo no qual você precisou utilizar o carro reserva, que é claro, não cobriu todos os dias do reparo. Quando você for ver, perceberá que em dez anos gastou mais de trinta mil reais com seguro para trocar um farol e desamassar o para-choque. É isso o que acontece com 97% dos segurados, os outros 3% são aqueles que tiveram perda total ou morreram nos acidentes.

Ainda uma surpresa extra. Se você tiver que utilizar o seguro uma única vez para trocar aquele vidro trincado, na próxima renovação irá pagar um preço maior. Você usou o seguro, você é um irresponsável, um perigo ambulante que precisa pagar mais para garantir a segurança de todos os motoristas e pedestres. Se você for homem, solteiro e com menos de 25 anos, ai então você é um assassino em série atrás do volante. Não devia nem sair de casa.

Mas você tem que fazer o seguro. Porque, sabe-se lá o que pode acontecer se você não tiver um. A Lei de Murphy costuma a pegar pesado.


Comentários