Protesto Moderno

A notícia foi publicada nesta semana. Grupos de Black Blocks a paisana na internet, ensinaram maneiras de vandalizar as figurinhas da Copa do Mundo de 2014. Utilizando isqueiros, estiletes, canetas piloto e colas, eles conseguiam abrir os pacotes de figurinhas, adulterar as fotografias (no melhor estilo deste post) e então lacrar o pacote novamente. O objetivo é protestar contra a Copa do Mundo.
Reprodução da reprodução feita pelo jornal O Globo

Bom saber que os movimentos sociais da internet finalmente descobriram novas formas de protestar, saindo daquela santíssima trindade das passeatas, cartazes e pneus queimados. O negócio agora é sabotar os produtos relacionados ao alvo do protesto. Uma manifestação, sem dúvidas, muito inteligente.

Vejamos. O manifestante terá que ir até uma banca de jornal e adquirir determinada quantidade de pacotes de figurinha, ao preço de um real cada. Ele também poderá furtar as figurinhas, mas isso pode resultar em embaraço e detenção provisória. Em posse dos pacotes, ele irá até sua casa, onde utilizará técnicas Ninjas para a violação do pacote e do seu conteúdo, sem deixar rastros de sua ação. Há o risco de que nem sempre a técnica seja bem aplicada, o que pode gerar prejuízo.

Quando finalmente as figurinhas estiverem com bigodes, cílios, máscaras do Mister M, pirocas desenhadas, enfim, o manifestante terá que arrumar uma maneira de reinserir sua arte entre os produtos originais. Os próprios tutores do protesto reconhecem que essa é a parte mais difícil do processo, que muitos acabam não encontrando maneiras de finalizar o ato. O que torna a situação meio ridícula, gastar vinte reais para ter 100 figurinhas enfeitadas com bigodes de Hitler.

Mas vamos considerar que tudo ocorra perfeitamente. Que as figurinhas adulteradas sejam reinseridas no meio dos pacotes originais. O que aconteceria? O dono da banca acabaria inadvertidamente revendendo esses pacotes para colecionadores azarados e crianças de nove anos. Que acabariam tendo uma enorme decepção ao ver que a difícil figurinha do Thiago Silva veio com dois dentes podres.

A pergunta é: quem esse protesto atingiu? Em primeiro lugar, a criança de nove anos que vai conviver com essa decepção. Em segundo lugar, o autor da sabotagem que gastou vinte reais para acabar com os sonhos de uma criança. O dono da banca se deu mais ou menos bem, porque lucrou duas vezes com a venda do mesmo produto, mas pode sofrer uma crise de imagem. Já a fabricante do álbum não sofreu nenhum prejuízo, porque já havia comercializado o material. A FIFA então, já teve os seus lucros milionários bem antes, quando fechou o contrato de comercialização do produto.

Será que esses manifestantes não tem nenhum tutorial que mostra como comprar fulecos, retirar a pelúcia de dentro deles e substituí-la por fezes de cachorro? E depois levar o Fuleco de merda de volta para a loja? Ou como adulterar camisas da seleção brasileira que custam mais de 200 reais, adulterar ingressos da copa de 800 reais, escrevendo CU ao final de todas as palavras. Várias opções.

Acredito que esses manifestantes, para protestar contra o sistema financeiro, ensinam como sacar mil reais no caixa eletrônico, escrever “pau no cu do capitalismo” em cada uma das notas e depois reinseri-las no caixa (a parte mais difícil). Assim, cada um que fosse sacar dinheiro lá seria surpreendido com notas revoltadas contra o sistema. Uma manifestação bem inteligente.

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