A Vida e a Obra de Carlos Alberto Parreira


Carlos Alberto Parreira é um treinador que ficará eternamente marcado pela conquista do tetracampeonato mundial de futebol em 1994. Motivos existem para isso. Após dominar o cenário internacional nos anos 60, o Brasil já amargava 24 anos de jejum e parecia que o título jamais viria. Parreira foi o responsável por conduzir a equipe ao sonhado tetra.

Para melhorar a situação, houve a lendária narração de Galvão Bueno e seus gritos de “é tetra”. Mesmo quem não viu a cena ao vivo se lembra dela com a narração de Galvão. Seus gritos adicionaram um charme patético a situação e tudo o que aconteceu ao seu redor entrou para história. Poderia dizer que a história da humanidade pode ser dividida em antes e depois do grito de “É Tetra” e não cometeria nenhum exagero.

A seleção do tetra não era das mais brilhantes. Convenhamos que um meio campo com Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho não seria capaz de empolgar nem um torcedor do Bragantino. Por conta disso, esse título muitas vezes acaba sendo desdenhado, uma espécie de ovelha negra das conquistas brasileiras. Mas o fato é que ganhou e isso é o que importa. O fato é que Parreira vive sua vida por conta desse título.

Ele começou sua careira como preparador físico, formado em Educação Física, do São Cristovão. Foi o preparador dos atletas na Copa de 1970 e seu primeiro trabalho como treinador foi no Fluminense, seu time de coração, em 1975. Depois disso, embarcou para o Kuwait, para treinar a seleção de lá. Classificou o país para a Copa do Mundo e foi eliminado na primeira fase.

Teve uma breve passagem pelo Fluminense em 1984, conquistando o Campeonato Brasileiro e embarcou para o mundo árabe novamente, dirigindo a seleção dos Emirados Árabes Unidos na Copa de 1990. Foi eliminado na primeira fase novamente, terminando como a pior seleção do torneio. Voltou para o Brasil, para o Bragantino e acabou vice-campeão brasileiro. O suficiente para assumir a Seleção Brasileira nas eliminatórias para a Copa de 1994.

Classificou o país com o maior sufoco da sua história. Ganhou a Copa do Mundo e então sua carreira seguinte foi marcada por uma série de fracassos. Dirigiu o Valencia e terminou o campeonato espanhol em décimo lugar (no ano seguinte, sem ele, a equipe seria vice-campeã). Foi campeão turco pelo Fenerbahce e voltou ao Brasil, para dirigir o São Paulo. Acabou demitido depois de uns dez jogos.

Dirigiu a Arábia Saudita na Copa de 1998 e conseguiu a façanha de ser o primeiro técnico demitido durante a disputa da competição. De volta ao Brasil, conquistou o título da terceira divisão brasileira com o Fluminense. Fracassou com Atlético-MG, Santos e Internacional e quando foi anunciado como técnico do Corinthians em 2002, os torcedores pensaram que os dirigentes haviam enlouquecido.

Aí aconteceu o milagre. Parreira montou um bom time no primeiro semestre, em seu primeiro e último bom trabalho depois da Copa do Mundo de 1994. Ganhou dois títulos e foi reconduzido a Seleção Brasileira que havia acabado de conquistar o pentacampeonato. Parreira treinou aquela que provavelmente foi a mais talentosa geração brasileira dos últimos 25 anos. Mas não conseguiu montar um time, viveu apenas dos brilhos individuais e foi eliminado após levar um baile da França.

Era para sua carreira estar acabada. Mas ele ainda treinou o Fluminense, novamente, sendo eliminado por estar levando o time ao rebaixamento. E dirigiu a seleção da África do Sul, que disputava a Copa do Mundo em casa. Parreira entrou para história ao comandar a primeira seleção anfitriã a ser eliminada na primeira fase da Copa do Mundo.

O resultado o levou a anunciar a sua aposentadoria do cargo de técnico de futebol, após 35 anos e 12 títulos conquistados. Vinte e dois jogos disputado em Copa do Mundo e apenas uma vitória por outro time que não seja o Brasil.

Mas Parreira voltou, novamente, como um Jason. Quando Felipão foi anunciado como novo treinador da seleção brasileira no final de 2012, Carlos Alberto foi conduzido ao cargo de Coordenador Técnico. Um cargo que ninguém sabe exatamente o que faz. Ninguém mesmo, não dá nem para especular o que ele faz.

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