Fatos Estranhos de Cuiabá

Cuiabá completa 294 anos hoje e iremos apresentar 294 curiosidades da cidade como forma de homenagem! Bem, nem tanto.

A Rua das Óticas
Cuiabá não é uma cidade planejada, aliás longe disso. O centro da cidade é formado por ruas tortas, estreitas e ladeiras que se espremem entre casarões antigos. Mesmo assim, Cuiabá tem uma rua de fazer inveja a Lúcio Costa. Falamos da Rua Cândido Mariano, a Rua das Óticas.

Em um espaço de menos de um quilometro coexistem cerca de 320 óticas. Um número aproximado porque ninguém teria a capacidade matemática de contá-las. Comprar óculos por lá é um pequeno inferno, pelo simples fato de que você não sabe por onde começar. Vou à ótica Tokyo ou na Ótica da Carmem?

Agora, porque tantas óticas se agrupam no mesmo local? Minha hipótese é a de que nos remotos tempos provincianos de Cuiabá, o único oftalmologista da cidade se instalou no local. Isso teria atraído uma ótica e logo depois veio a concorrência. Então veio o caos que é sempre inexplicável. Se está não for a razão, a culpa deve ser da Opus Dei.

Medo e Delírio no Itapajé-Santa Amália
Itapajé e Santa Amália são dois bairros localizados em lados opostos da cidade. Por algum motivo, as empresas de ônibus resolveram eternizar estes nomes com uma linha de ônibus que liga os dois bairros, a lendária linha 605. Por algum motivo também, resolveram que o ônibus deveria fazer a maior volta possível durante o já longo caminho.

Uma vez eu peguei o ônibus no centro, sentido Santa Amália. Enquanto o veículo recortava as ruas no entorno da Miguel Sutil, eu fiquei sozinho no ônibus umas quatro vezes. O itinerário da linha era mais extenso do que uma obra de James Joyce e não existem relatos de pessoas que tenham sobrevivido ao trajeto completo.

O lobisomem da Lixeira
A Lixeira é um bairro tradicional de Cuiabá, situado em meio a ladeiras estreitas onde as pessoas ficam sentadas em cadeiras de fio na calçada. Eu estava no começo da faculdade, em 2005, quando começaram a surgir relatos de que a encarnação do mal estava visitando o bairro.

Uma história estranha, como todas as lendas urbanas. Tudo começou com um cidadão que viu uma criatura estranha, com cara de cachorro, nas proximidades do Centro de Saúde do vizinho bairro Baú. Em pouco tempo, várias pessoas conheciam outras pessoas que haviam visto a criatura e a história perdeu o controle. Houve quem afirmou tomar cachaça com o lobisomem e quem tivesse engravidado dele. Felizmente, ninguém morreu.

O Ponto do Morro da Luz
Desde os tempos em que você era uma inocente criança deste mundo, você já era avisado pelos mais velhos de que o Morro da Luz é um lugar perigoso e que não deve ser frequentado. De fato, o Morro da Luz é contraditoriamente escuro e sempre existem relatos de assaltos, assassinatos e estupros no local.

O problema, é que o Morro da Luz é o principal ponto de integração entre os ônibus que ligam a região do CPA e do Coxipó. Se você vai de lá pra cá, não tem jeito, passa por lá. Não existe cuiabano que não conheça o relato de alguém que já foi assaltado no Morro. Isso quando você não é o assaltado.

Beco do Candeeiro
Em 1998, três jovens foram executados no Beco do Candeeiro, no centro da cidade. Vivíamos o auge da época das chacinas de “jovens delinquentes” no Brasil e o crime marcou a entrada de Cuiabá no time das cidades chacinadoras. No local da tragédia foi erguida uma estátua que homenageia as vítimas e nada de sério aconteceu com os suspeitos, isso se realmente existiram suspeitos.

Hoje o Beco do Candeeiro carrega um nome pesado e proibitivo, tal qual a Igreja da Candelária. E boa parte das pessoas nem sabe onde é que ele fica exatamente.

O Maníaco do 8 de Abril
Essa história me foi contada pelo Tackleberry e, como toda história de publicitário, pode trazer mentiras. Ainda mais, porque Tackle a escutou de outro publicitário.

Consta que na região do Córrego 8 de Abril – córrego que aparenta cortar todas as ruas do centro de Cuiabá – a polícia começou a encontrar pessoas deitadas na margem do córrego, com as calças arriadas e as unhas machucadas. Os casos se repetiam até que finalmente a polícia descobriu do que se tratava: um cidadão passava a região em revista, buscando pessoas alcoolizadas. Ele então colocava em prática a lógica do cu de bêbado e arrastava o ébrio para dentro do córrego, onde o borracho era currado. O embriagado tentava fugir, mas não conseguia escalar as paredes do córrego.

Parece que depois de um tempo a polícia descobriu quem era o maníaco, mas por algum motivo ele virou motivo de piada ao invés de ser preso.

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