Como o Facebook substituiu nossa vida

Tente por um momento se lembrar como era navegar na internet há cinco anos. Você entrava no seu e-mail para ver se alguém havia lhe mandado mensagens, entrava na sua rede social (Orkut) para ver as fotos e stalkear alguém, conectava no MSN para conversar com os amigos, dava uma passada nos sites para ver se tinha alguma novidade, quem sabe o youtube para ver se tinha algum vídeo divertido.

Pensar não é mais condição
sine qua non para existir
Agora pense como é que você usa a internet hoje. Você entra e se conecta no Facebook. Ele é a sua rede social em que você pode ver fotos dos outros e stalkear vidas alheias. Nele, você vê se alguém lhe mandou uma mensagem, um convite de casamento, talvez uma proposta de emprego. Você irá conversar com seus amigos através do bate-papo. Também no Facebook, você irá assistir vídeos engraçados e acompanhar notícias com direito aos comentários dos seus amigos. E você ainda pode levá-lo no seu próprio celular, 24 horas por dia.

Pense. O Facebook é a única aplicação útil do seu computador. Ele substituiu todos os outros sites da internet e em breve estará substituindo a sua vida inteira.

Em um futuro não muito distante, você não precisará mais sair da sua casa para nada. Você só precisará estar conectado ao Facebook. Quer comprar alguma coisa? Entra na fanpage do Submarino e faça suas compras. Está com fome? Peça um Big Mag no chat com um atendente. Peça uma prostituta pelo Facefuck. Conecte-se a webcam. A sua vida será baseada em curtidas aleatórias. (Infelizmente, se você for o entregador de pizza, você ainda terá que sair de casa até o dia em que robôs controlados pelo Facebook consigam realizar as entregas).

Existirão cafeteiras conectadas ao Facebook. Basta postar uma atualização desejando um café, que ela começará a prepará-lo. Nos dias frios, bastará um desejo de ir ao banheiro para que a privada comece a aquecer o seu assento. Pode parecer um mundo irreal, mas imagino que já existam eletrodomésticos com acesso a internet.

O Facebook consolidou o processo que substituiu a sua existência por um Eu Virtual. A sua cara não é mais a cara que você olha no espelho, mas a cara que você colocou no seu perfil. Se, por algum acaso, você colocar uma foto do Brad Pitt na sua página, as pessoas imaginarão que você é o Brad Pitt.
A fantástica página do CH3 no Facebook. Lá, nós somos um blog
fracassado e essa fama pegou na vida real.
Sua existência só é confirmada pelas atualizações de página no site. Se você mantiver uma rotina de agito social e viagens, mas não postar nada no Facebook, as pessoas te perguntarão por que você está sumido. Em compensação, se você morrer e o seu assassino continuar alimentando a sua página, as pessoas nem perceberão que você não vai mais ao trabalho e não sai mais com os amigos.

Claro que o Facebook deverá passar pelo seu momento de queda. Chegará ao fim do ciclo da rede social que consiste em nascer, ser ignorada, ser descoberta, se popularizar, mudar, ser xingada, ser abandonada e morrer. Ou não, talvez não, talvez o Facebook jamais morra e com 80 anos ainda compartilharemos fotos dos tempos de faculdade. O fato é que hoje em dia você é o seu Facebook, você não é nada sem ele. Parafraseando, Descartes, “Atualizo, logo existo”.

Comentários

Leidi Montfort disse…
Tenho pra mim que isso não vem de Deus não