Palavrinhas Mágicas

Ou, Pequenas Coisas Superestimadas da Modernidade

Quando nós éramos crianças, os mais velhos nos ensinavam que existiam algumas palavras consideradas mágicas. Eram palavras como "Obrigado", "Por Favor" ou "Com Licença", que seriam capazes de abrir portas, mover montanhas e abrir o mar vermelho. Mais úteis do que "abracadabra" e similares ensinadas em programas infantis.

Neste mundo moderno, também conhecido como o mundo em que nós vivemos, existem outras palavras mágicas. Não, elas não te possibilitam tirar coelhos da cartola ou caminhar sobre o oceano. Mas, assim que elas são pronunciadas, o mundo parece parar. Pessoas e mais pessoas desistem de continuar a realizar os seus afazeres e entram em um transe coletivo, em êxtase, numa espécie de culto pós-moderno.

É o caso do cupcake. Fale para os seus amigos que você tem cupcakes em casa. Isso não te permitirá multiplicar peixes ou puxar um lenço de dentro do seu esôfago, mas te tornará no cara mais popular da roda de amigos. Isso porque o cupcake exerce um fascínio sobre a sociedade contemporânea. Na internet, podemos ver pessoas que dedicam os seus dias e toda a sua vida em adoração ao cupcake.

E o que vem a ser um cupcake? Um bolo. Sim, é um bolo pequeno que caberia em uma xícara. Mas não deixa de ser um bolo. A humanidade gosta de bolo? Creio que sim. Conheço pessoas que já praticaram os mais perversos atos em nome de um pedaço de bolo. Só que ninguém fica parado diante de um bolo, admirando-o em louvação incessante. Ninguém posta no Facebook uma foto filtrada de um bolo de fubá, ou um bolo de cenoura. Ninguém.

Já os cupcakes, gastronomicamente falando, não tem muita graça. O seu charme está em sua decoração. Por isso, os culinaristas responsáveis pelos bolinhos criam os mais diversos enfeites. Cremes verdes, confetes, jujubas, granulados, purpurina, penas de pavão. No final, o gosto pode estar horrível, mas o que importa é a aparência. O cupcake acaba por se tornar o símbolo de uma era de estetização dos padrões. O que importa é apenas a imagem, contrariando a lógica do Sprite. Você pode estar comendo merda, mas se a merda estiver enfeitada, ela é digna de ser postada no Instagram.
Um cachorro defecou em cima de um desses bolinhos. Adivinhe qual.

Enfim, o que eu quis dizer é que cupcake é uma baita frescuragem. Nessa vida você tem duas opções: ou é homem ou gosta de cupcake. Mas, como este blog não é adepto de polemizar as questões dos gostos sexuais, deixamos essa abordagem de lado. Assim como acontece com o Frozen Iogurt.

Outra coisa que fascina a humanidade atual é o Open Bar. Ou seja, que a festa vai ter bebida liberada. Como já diria o filósofo contemporâneo e anticristo em potencial, Michel Teló, tudo o que ele quer escutar é "eu te amo e Open Bar". E nisso não importa se o ingresso para a festa custou R$ 220. A lógica é o "de graça, até injeção na testa". A bebida liberada é a certeza absoluta de que todo investimento é válido para uma sexta-feira. Aliás, a sexta-feira é outra coisa superestimada pelo nosso mundo.

Comentários

Sou um pouco fascinada por cupcake, admito. É que eles tipo os filhos do bolo, umas fofuras.