A Saga Rubro-Negra na Libertadores


Uns vibram, outros choram

Foi uma das maiores crueldades de todos os tempos, não tenha dúvidas. A eliminação do Flamengo, ontem na Copa Libertadores, chegou a ser covarde. Poderia ter sido uma experiência leve, uma eliminação indolor. Mas, os deuses do futebol quiseram sacanear os flamenguistas. Quiseram fazê-los sofrer, vos dar a esperança até o final, para oferecer a negação de maneira radical.

As cenas são inesquecíveis para todos àqueles que acompanham futebol. Caso você não saiba, o Flamengo estava em uma situação dramática na Copa Libertadores. Chegou a última rodada precisando derrotar o Lánus da Argentina e precisando torcer para que Olímpia e Emelec empatassem no Paraguai. Apenas o empate. Quem vencesse esse jogo estaria automaticamente classificado.

O Flamengo tratou de despachar logo o Lánus. Fez 3x0 com facilidade, administrou a partida e ficou na torcida. Emelec e Olimpia empatavam o placar em 1x1 até o final do jogo, quando o milagre parecia possível. Flamenguistas, sempre otimistas, já preparavam o grito de campeão. Mas, aos 42 do segundo tempo, o Emelec vira o placar e ruma a classificação.

Silêncio. Torcida para que o Olímpia busque o empate. E ele vem. No minuto final do jogo os paraguaios buscam o empate. A torcida do Flamengo vai ao delírio com o resultado. Jogadores vibram no gramado. Comoção, júbilo, glória. O narrador não consegue esconder a emoção, comemora que o final da partida esta próximo. Mas havia um escanteio antes. E desse escanteio surge o gol do Emelec aos 47 do segundo tempo. Os pulos se transformam em choro. Os gritos em silêncio.
Praticamente um ritual

Percebam. O Emelec poderia ter feito 5x0 no adversário. Poderia ter decidido o jogo com muito de antecipação. Ou poderia, até mesmo, ter ganho com um gol no final. Mas, os deuses do futebol quiseram pior. Quiseram que o Flamengo tivesse a sensação da perda no final e do milagre subsequente. E que esse milagre se transformasse na maior das decepções. Os deuses do futebol sacanearam.

Apêndice histórico.
Deivid não é o único culpado
O Flamengo conquistou seu título na Copa Libertadores em 1981, ano da sua primeira participação no torneio sul-americano. Com Zico, Júnior e Andrade, os flamenguistas tinham o seu melhor time na história. Um começo que sugeria uma trajetória de sucesso internacional. Mero engano. Os anos seguintes registraram vexames imensuráveis.

As participações nos anos 80 e 90 foram discretas, com eliminações em jogos disputados. Os fracassos se acentuaram para valer nos anos 2000. Ainda em 2002, o Flamengo foi eliminado na primeira fase, em último lugar, com apenas uma vitória. Em 2007, uma boa campanha na fase inicial não resistiu ao medíocre Defensor do Uruguai. Derrota por 3x0 em Montevidéu. Mas, todos esses fracassos não se comparam ao que ocorreu no dia 7 de Maio de 2008.

Imagem que provoca calafrios
É preciso entender o contexto. Os rubro-negros estavam mal no Campeonato Brasileiro de 2007, quando Joel Santana assumiu o comando técnico da equipe. Joel era considerado um ex-técnico em atividade, mas comandou uma arrancada que levou a equipe até o terceiro lugar, com vaga na Libertadores de 2008.

Com o estádio lotado, o flamengo conquistou a Taça Guanabara em 2008 e depois o campeonato carioca, com uma vitória marcante sobre o Botafogo. Joel Santana anunciou que deixaria a equipe, para ensinar inglês e futebol na África do Sul. Se despediria depois do jogo de volta contra o América do México, pelas oitavas de final da Libertadores.

O jogo era uma festa. O Flamengo havia ganho o primeiro jogo por 4x2 e só seria eliminado com uma derrota por 3x0. Joel entrou em campo aplaudido a torcida fazia a festa. Uma despedida em alto estilo. O gordito Salvador Cabañas comandou a vitória por exatos 3x0. E o goleiro matador Bruno deixou o gramado chorando e dizendo “não tem explicação”.

Comentários

Thiago disse…
É como sempre digo, tem alegrias que só o Flamengo é capaz de nos proporcionar.