Retrospectiva 2011


Já é uma tradição no CH3. Nós sempre fechamos o ano com uma retrospectiva, ao melhor estilo global. Vocês sabem que um ano não acaba enquanto a retrospectiva do CH3 não for publicada. E nossa retrospectiva é publicada no último momento do ano, quando os foguetes já explodem em diversos lugares do mundo. Tudo para que nenhum fato fique de fora, nem mesmo a corrida de São Silvestre. (Pra dizer a verdade, nesse ano ficou tarde demais. Eu tinha esquecido de fazer).

Creio que daqui a 100 anos, os historiadores falarão de 2011 como o ano dos cadáveres. Este foi o ano em que fomos expostos a visão do cadáver ensanguentado de Khadafi. Seu linchamento encerrou o seu regime, mas não encerrou a polêmica sobre a grafia do seu nome. Também tivemos a morte de Osama Bin Laden, com uma possível foto fake de seu cadáver. Um símbolo deste século, Bin Laden foi homenageado por vereadores do Brasil e seu corpo foi enterrado em um lugar aleatório do mar. Um trabalho danado, mas que visa evitar que seu túmulo vire ponto turístico.

Os dois não foram os únicos inimigos dos Estados Unidos a morrer. Quem também passou desta para a pior foi o ditador norte-coreano Kim Jong-Il. Para os americanos, resta torcer apenas pela morte de Hugo Chaves e Fidel Castro. Ou não. Se isso acontece, o que eles vão fazer com o exército?

A morte de Kadafi (ainda sonho em fazer um texto utilizando todas as 141 maneiras de escrever seu nome), veio na onda da Primavera Árabe. Um movimento de libertação que levou os egípcios até a praça Tahrir, de onde eles nunca mais saíram. Mesmo vazia, a praça ainda ecoa os gritos da revolução. Conflitos ocorreram na Tunísia, Egito, Líbia, Marrocos, Síria, Bahrein, enfim, em tantos países com simpáticos ditadores no poder há 40 anos.

Os protestos também chegaram à Europa. Uma crise econômica sem precedentes derrubou primeiros-ministros em todo o Velho Continente. Jovens saíram às ruas utilizando máscaras do V de Vingança. O único lugar que se manteve na mais perfeita paz foi o Reino Unido. O país parou para ver o casamento real e ninguém escutou Sex Pistols.

A única coisa que caiu mais do que ditador árabe, foi ministro do governo Dilma. Até o momento, sete ministros foram embora pelos mais diversos motivos e tantos outros também quase ficaram sem emprego. Derrubar seu próprio ministro virou sonho de consumo das principais redações brasileiras. E enquanto ministros caiam, Jair Bolsonaro pregava um discurso de amor e compreensão aos homossexuais.

Falando em Bolsonaro, 2011 também teve os seus tradicionais psicopatas. Atiradores amadores que resolvem fuzilar pessoas a esmo pelos mais diversos motivos. Tivemos um norueguês maluco, que queria impedir que a Noruega ficasse igual ao Brasil. E no Brasil nós também conseguimos produzir o nosso psicopata, o Wellington do Realengo. Além de chocar a sociedade, ele foi o responsável por colocar o Bullying na boca do povo. O Bullying virou o discurso a ser ridicularizado da vez.

Mas, não é apenas o ser humano que produz mortes em série. Tivemos as tragédias naturais de sempre. Na região serrana do Rio de Janeiro, a chuva arrasou cidades e deixou um rastro de destruição. E no Japão, um terremoto vitimou milhares e ainda trouxe o pânico de um acidente nuclear.

Tivemos os mortos famosos, como a cantora Amy Winehouse que conseguiu sobreviver até os 27 anos. O jogador Sócrates, a atriz Elizabeth Taylor, o escritor Moacir Sclyar também morreram. Assim como o messias Steve Jobs, que deixou milhares de órfãos, incluindo pessoas que jamais tiveram um iPod.

Também tivemos aqueles que não morreram, como é o caso do Oscar Niemayer ou do Zagallo, que enganam os prognósticos há algum tempo. Ou o Lula, o ex-presidente que criou uma verdadeira corrente pela sua morte, através de um eufemismo facebookiano que pedia para que ele se tratasse no SUS.

Aliás, o Facebook foi um ótimo lugar para se acompanhar os assuntos do ano no Brasil como: o Prazer Anal de Sandy (bom nome para um livro), a pedofilia extremista de Rafinha Bastos, os divórcios de Zezé di Camargo & Luciano, Fátima Bernardes & William Bonner. Ou mesmos os vídeos fofinhos da banda mais bonita da cidade (aquela que parou na timeline de todo mundo e hoje ninguém mais se lembra), ou de Eduardo & Monica. Aliás, minto, foi péssimo acompanhar isso no Facebook.

E claro, nesse ano nós tivemos a despedida de Ronaldo dos gramados. Com 180 kg, ele fez o Pacaembu tremer e chutou bolas fora do estádio. Para variar, o Brasil foi humilhado nos mais diversos segmentos esportivos. De Felipe Massa ao Santos, acho que não conquistamos nada, nem no vôlei. A seleção brasileira se mostrou a pior batedora de pênaltis da história e Neymar virou um símbolo sexual, com um cabelo escroto, imitado por criancinhas de todo o mundo. Para piorar, o Corinthians foi campeão.

Por essas e outras, é melhor imaginar que 2011 será o ano dos cadáveres mesmo. Enfim, aproveitemos, porque a partir de amanhã, ninguém mais poderá escrever idéia e seqüência. A trema vive seu último dia na legalidade.

***

O Ano do CH3.

Eu seria injusto se falasse que 2011 foi um ano ruim para o blog. No entanto, seria mentiroso se falasse que foi bom. Por um lado, nós conseguimos 47 mil visitas neste ano, o que é um recorde e recordes são recordes, diria o filósofo. Por outro lado, os comentários desapareceram de vez, as pessoas passam cada vez menos tempo por aqui, enfim, ficamos abandonados. Não nos deixem sós!

Não conseguimos sequer provocar polêmicas. Penso que teremos que fazer piadas hereges ou sobre o Rafinha Bastos para chamar a atenção. Cheguei até a pensar em aposentar o blog, mas o ímpeto suicida foi contido. Com menos posts, ainda continuamos na ativa, para azar da nação.

Mas, eu tenho que reconhecer que os posts caíram de qualidade. Olho para alguns períodos em 2008 e vejo um clássico da literatura mundial atrás do outro em nossas páginas. Mas enfim, não há um único assunto que não tenha sido explorado neste blog, tirando talvez a coprofagia. E há também o fato que, vejam vocês, 2011 é o primeiro ano da história em que apenas eu postei no CH3. Pois é. Todos os 174.

Mesmo assim, esperamos que na medida do possível, 2012 seja um bom ano para todos, especialmente para você. Seja você alguém que está lendo esta retrospectiva no final de 2011, ou o historiador de 2111.

Há algo mais difícil do que encerrar uma retrospectiva sem um clichê? Soltem os malditos fogos, uhu!

Comentários

Eduardo Doria disse…
Teve a morte do Michel Jackson também. Sei que nao foi esse ano, mas sempre parece que ele morreu esse ano e já devem fazer uns 3 ou 5.
Sempre tem alguem falando dele ou procurando foto dele morto em meio a fakes no youtube.
volisc disse…
ô letrinha miudinha, sô.