A difícil missão de ser entrevistado por Jô Soares

- Boa noite! Neste programa eu vou entrevistar ele, que é pai-de-santo, estudante de direito, cafetão e ex-centroavante do Flamengo. Pai Jorginho de Ogum, vem pra cá!
(A banda toca. Jô Soares faz um gesto e eles param. E começa a conversa).
- Pai Jorginho, você está promovendo a casa de diversão noturna Carnicentas. Como é que essa história.
- Bem, começou quando eu e o Marcão...
- Grande Marcão. Grande amigo meu, nós já saímos juntos na turnê da minha peça em 1977. Ele tem uma presença de palco, um feeling tão grande, ele é contagiante.
- Pois é... a gente tava no Café Leblon...
- Eu adoro o Café Leblon. Sabe que o Luizinho, o primeiro dono de lá, é super amigo meu. E ele tem uma curiosidade. Ele morre de medo de avião. Uma vez, ele tava voltando de Varsóvia, uma cidade maravilhosa, e foi processado por assédio sexual, porque ficou segurando a mão da mulher do lado. Mas era medo! Imagina a situação, o Luizinho, daquele tamanho, segurando a mão da mulher e ela dizendo “sai daqui seu tarado!”.
(Risos)
- Pois é... enfim, a gente resolveu montar uma casa de diversão noturnas...
- Um puteiro.
- É, um... prostibulo...
- Puteiro (risos). Não sei porque as pessoas tem esse pudor. Parece que é um crime falar, mas é um puteiro. Agora, como é que funciona, vocês só trabalham com mulheres leprosas?
- Não, nem sempre...
- Sabe que eu passei boa parte da minha infância visitando um leprosário em Barbacena. Eu tinha um tio que era médico e eu passava sempre por lá. Sabe o que eu não me esqueço? Da comida de lá. É sério gente. Tinha um arroz com abóbora que era simplesmente sensacional. E, lá na carnicentas, vocês servem comida também. Fora as meninas? (risos).
- Sim, temos alguns pratos...
- Falando nisso, em comida de puteiro, sabe que eu já fiz um quadro sobre isso? No meu programa. Foi uma parceria com o lendário Charles Chaplin. A gente recuperou esse quadro para passar aqui.
(quadro de 1950).
- Sabe o que é mais engraçado? É impossível trabalhar com o Charles. Ele, sempre tão brincalhão, uma pessoa fantástica que interpretava meus textos brilhantemente, sabe o que ele fazia? Colocava areia na minha comida. E eu cai nesse truque várias vezes. Mas, depois eu me vinguei. Mas isso eu não vou contar aqui... (ahhhhhhhh), não, não vou contar gente, não adianta insistir (ahhhhhh), tudo bem. Mas só porque vocês pediram muito. Eu coloquei cola na cueca dele. Ele morreu de rir também, saudoso Carlitos. Mas conta, que história é essa de ser pai-de-santo?
- Bem, eu trabalho como...
- Sabe que eu já fiz um quadro em que eu era um pai-de-santo? Vamos mostrar aqui.
(novo quadro)
- A inspiração para esse quadro foi meu grande amigo Walter Mercado. Mas me diga, você já acertou alguma previsão?
- Sim, algumas.
- Então me diga, porque vocês não acertam o número na mega-sena? Tão mais fácil pra vocês! (Bira ri). Deve ser mais fácil do que jogar no Flamengo, não é mesmo?
- Bem...
- Eu tenho um tio, que foi fundador do Flamengo e depois diretor. Sabem, eu sou Fluminense, mas na família nem tudo é perfeito. E ele me contava muitas histórias da pressão da torcida.
- Pois é...
- Bem, eu conversei aqui com Pai Jorginho de Ogum...
(ahhhh)
- ... eu também adorei. Me dá um beijo aqui. Muito obrigado, Beijo do Gordo e até amanhã!

Comentários

Anônimo disse…
Magina, o Jô é super atencioso e focado na história do entrevistado. Ainda mais se ele for um defensor de vegetarianismo ou dos discos de LP...xD

Perfeito, sempre quando entro em uma discussão que envolva o gordito, tenho o mesmo pensamento que o seu

E a próxima entrevista é novamente o Jô se promocendo de alguma forma
Anônimo disse…
*defensor do vegetarianismo
*promovendo