Barata da Vizinha

Este clássico do pagode dos anos 90, que conseqüentemente se transformou em um clássico de churrascos e rodas de amigos, em geral, tem um importante papel na sociedade brasileira. Seus versos parecem simples. Toda vez que o “indivíduo A” chega em casa, a barata da vizinha está na cama dele. Ele então pergunta a um interlocutor o que ele faria. Este, responde que usaria, digamos, um chinelo para se defender. Logo, ele vai dar uma chinelada na barata dela.

O primeiro papel desta canção está na integração da sociedade. Seus versos caem facilmente na boca do povo. Quando ela toca em um churrasco, não há quem não participe. Brancos, pretos, amarelos, vermelhos, azuis, heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais, altos, baixos, anões, gordos, magros, aleijados, eunucos, flamenguistas, judeus, palestinos, nazistas, jornalistas, tailandeses, todos se juntam em uníssono para matar a barata. Exceção feita ao seu vizinho mudo.

Cedo ou tarde, você será chamado para agir contra a barata. Um chamado que é mais importante do que o chamado da pátria. Você terá que tomar uma ação. Você terá poucos segundos para pensar no que fazer com a barata. Esta pródiga canção estimula o raciocínio rápido, algo que pode ser útil para a sua vida. Para dificultar ainda mais, você não pode repetir o objeto já utilizado anteriormente por alguém.

Ou seja, as diversas formas para se matar uma barata estimulam o trabalho em equipe. Matar a barata deixa de ser apenas um ato isolado de um indivíduo enraivecido, para se transformar numa ação entre amigos. Este clássico ainda ajuda as pessoas a conjugar verbos, formar palavras. O chicote para uma chicotada. O sapato para uma sapatada. A bola para uma bolada. Uma bigorna para uma bigornada. Um escafandro para uma escafandrada. Criamos neologismos, como se Guimarães Rosa fossemos.

Apresentados todos estes aspectos, a se lembrar: a velocidade de pensamento; o trabalho em grupo; e o ensino da língua; concluo que a música da barata da vizinha é uma aula de vida. Ela deveria estar na grade curricular de todas as faculdades, e mais, ser ensinada na pré-escola. Creio que os professores deveriam realizar a atividade entre eles, para que eles possam se capacitar. Assim, formaríamos seres humanos melhores.

Claro que nem tudo é perfeito. Algumas questões contrárias a esta teoria podem ser levantadas. A primeira, é que ela pode provocar o famoso bullying. Principalmente se, omitidos alguns versos, as crianças digam que alguém vai apenas “dar”. Sim, é chato. Mas é algo que pode ser evitado pelo trabalho entre os professores.

Outra importante questão é: devemos realmente unir tantos esforços para matar uma reles barata? Estes seres merecem uma morte cruel? Eles não têm direito a vida? Esta atividade não estimula a violência desnecessária? Oras, não sejamos tão radicais. Encaremos este exercício no sentido figurado e tentemos aproveitar os seus aspectos positivos, seus viadinhos.

Dedicado a Renê Dióz.

Comentários

Eduardo Doria disse…
luis fernando - chicote
rogerio - pau
fernando - espora
luizinho - inseticida (tonteada)
serginho - furadeira
alexandre - bombinha (ele vai dá)

http://www.youtube.com/watch?v=sZDRpTrhKaI
Thiago disse…
Dilma deveria fazer um kit mata baratas pra distribuir nas escolas