A geração espontânea de coisas que nunca se perdem

Durante muito tempo, acreditou-se na hipótese da geração espontânea. Você colocava açúcar sobre uma mesa e logo surgiam formigas. Surgiam do nada. Vários filósofos gregos acreditavam nisso. Algo que diz muito sobre os filósofos, muito sobre a Grécia e a sua situação atual.

Sabe-se que as coisas não surgem mais espontaneamente. Como elas surgem? Não sei. Cada coisa surge de um jeito, precisaria de uma monografia para explicar a origem das pedras, flores e folhas do seu jardim. No entanto, como as coisas desaparecem? Difícil saber também. Sei apenas que uma lata de alumínio demora entre 200 e 500 anos para se degradar na natureza. Chicletes, 5. Uma folha de papel demora seis meses. E ninguém sabe quanto tempo demora para que luvas de borracha desapareçam.

Existem, no entanto, coisas que surgem espontaneamente e não desaparecem nunca. Sim, a geração espontânea é uma bobagem tremenda e seria um diagnóstico de retardo mental defendê-la. Mas vou fazer isso para essas exceções.

Flocos de isopor: Um pedaço de isopor se esfarela no seu quarto. O que você faz com isopor no seu quarto? Boa pergunta. Mas cada um faz o que quer e é provável que você consiga uma boa desculpa. Enfim, está feito, aqueles flocos de isopor estão no chão do seu quarto. E por lá eles permanecerão para sempre. Eles não têm peso suficiente para serem varridos. O vento os leva e os traz a seu bel prazer. Você desistirá de removê-los, deixando flocos espalhados pelo chão. Você ainda os encontrará em 2019.

Cacos de duralex: O duralex é uma espécie de vidro, fabricado sabe se lá como. Não estou a fim de pesquisar o seu processo de criação. Quando ele quebra, ele não se parte em cacos. Ele se esmigalha, forma dezenas, centenas, milhares, milhões, bilhões, trilhões, quatrilhões de pedacinhos. Hoje mesmo eu pisei em um pedaço, que deve ser de um copo que eu quebrei em 2002.

Purpurina: Os trabalhos infantis eram um inferno. Ok, trabalho infantil é considerado crime, mas falo daqueles trabalhos artísticos que você realizava na primeira série. Você se sujava todo com tinta guache. Sempre havia um retardado que comia o giz de cera. E a purpurina. Você podia não ter purpurina por perto, mas ela se espalhava pelas pessoas. Assim como as lantejoulas, mas estas eram de fácil remoção. A purpurina não. Ela ficaria presa no seu cabelo por anos. E quanto mais você tentava se limpar, mais se sujava. Uma prova de que ela surge por geração espontânea. Mas isso não iria te salvar das piadinhas.

Caneca BIC: Canetas BIC não têm dono. Você provavelmente não se lembra de já ter comprado uma. Mas olhe ao seu redor. Existirão centenas delas. De todas as cores. É provável que mais da metade não funcione corretamente e esteja sem a tampa. E quando elas acabam? Você se lembra de jogar uma caneta BIC fora? Não. Sem dúvida não. Mas um dia elas somem. Ou não? Será que são as mesmas canetas BIC que estão por aí desde que Eva mordeu a maçã? Fora o fato de que elas sempre mudam de lugar. O que reforça uma velha hipótese de que canetas BIC são sondas alienígenas.

Poeira: A poeira. Essa coisa que se acumula sobre os seus móveis. Da onde ela surge? Sim. Até em um lugar fechado as coisas ficam cobertas de poeira. Ou seja, não há a desculpa de que seja apenas o pó da terra. A poeira surge do nada. Pelo menos é melhor acreditar nisso. Na verdade, a poeira é formada por células, pele e pelos mortos. Além das fezes de ácaros. Era melhor achar que ela vinha do nada, não?

Comentários

Thiago disse…
Aquelas melecas de nariz que não descolam da mão por mais que você sacuda, vão passando de dedo em dedo, também conta?
Anônimo disse…
o isopor era usado pra feira de ciencias na escola, e esfarelava no quarto pq eu tinha preguiça de jogar fora o trabalho que eu tive pra montar a maldita orbita dos planetas... bala 7belo conta?