Tamo Junto

Após uma longa novela, Ronaldinho Gaúcho finalmente assinou com o Flamengo. Em seu discurso de posse, digo, de apresentação, para mais de 20 mil pessoas, o Gaúcho disse algo como:
“É isso aí. Fechei com vocês. Tamo Junto. Agora eu so mengão”.

É claro que ninguém pensava que Ronaldinho fosse capaz de fazer um discurso digno de prêmio Nobel da literatura e muitos se surpreenderam com o fato de que ele conseguia emitir sons com a boca e se comunicar com os outros seres humanos. Mas no mundo do futebol, se esperava que ele fosse capaz de um trivial “Estou muito feliz em vestir essa camisa, espero conquistar títulos e dar o meu contributo para que o grupo possa estar conquistando muitos títulos e dando alegria para essa torcida maravilhosa”.

Já Neymar, ao ser dispensado do exército junto com o seu moicano, deixou uma mensagem de apoio para os soldados brasileiros que não tiveram a mesma sorte. Suas palavras: “tamo junto”.

O atual momento da sociedade brasileira revela que vivemos um processo de tamojuntização. Expressões de apoio, solidariedades, superação e amizade convergem para um singelo “Tamo Junto” que deve ser inovador, ao mesmo tempo em que simboliza toda uma humanidade.

Pressionado por seu pai para voltar para Portugal, e pelos populares brasileiros que queriam que ele continuasse por aqui, Dom Pedro I teria reunido uma multidão a sua volta e dito: “Fala Galera! Tamo Junto! Fico no Brasil!”. E assim, teríamos o histórico dia do Tamo Junto.

Assim como Getúlio Vargas teria deixado em sua nota de suícidio: “Não tamo mais junto pessoal”. Hoje ele seria reconhecido com um suicida malandro e sua imagem não seria explorada por diversos políticos interessados em sua herança política.

Provável que a Alemanha tivesse saído vitoriosa da 2ª Guerra se Winston Churchill tivesse dito aos seus soldados: “Galerinha, Tamo Junto Heim! Quero ver todo mundo animado, vamo lá!”. Não haveria sangue, suor e lágrimas. E como seria a questão racial norte-americana se ao invés de ter tido um sonho, Martin Luther King mandasse “Tamo Junto rapaziada!”. Sem rubras colinas da Geórgia. Sem nada.

Carlos Drummond de Andrade só mandaria um “Tamo Junto” para a pedra que estava em seu caminho. E ao chegar ao paraíso, Beto Jamaica diria que “tamo junto” diante de tanta abundância. E Júlio César teria dito “Tamo Junto” em vão para Brutus. E Jesus obteria apenas o silêncio quando tivesse perguntado para Judas “Tamo Junto?”.

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Sempre visito o blog, tamo junto.