A Arte de Elogiar Destruindo

A idéia desse post é batida, repetitiva e banal. Provavelmente o autor está a trabalhando por falta de uma idéia melhor. Talvez seja um sinal da decadência deste blog, que recebe poucos comentários em relação a um passado distante, e repercute pouco no Twitter e nas outras mídias sociais. Mesmo assim, creio que o autor está de parabéns, por continuar tentando. Não é um trabalho fácil de ser feito, nem mesmo uma idéia de fácil desenvolvimento. Por isso, eu aplaudo a iniciativa.

Destruir elogiando é uma prática comum entre membros de bancas acadêmicas, críticos literários e mesmo os famosos críticos de cinema. É uma nobre arte, difícil de ser aplicada em sua perfeição. É complicado chegar a um meio termo exato entre a destruição e o elogio. Quase sempre os elogios, ou as críticas prevalecem. No entanto, quando a perfeição é alcançada, o resultado é impecável. O criticado consegue o seu objetivo que é ser aprovado/elogiado, chamando a atenção para seu trabalho. E o crítico consegue manter uma boa convivência com o alvo das suas críticas, demonstrando o quão superior ele é, e o quão distante da perfeição, o criticado está.

Funciona mais ou menos assim na crítica cultural: você aponta todos os defeitos do autor do livro, da sua obra. Suas influências vazias, seu estilo que não traz nada de inovador, os clichês da trama. Faça com que a obra pareça abaixo de Quem Mexeu No Meu Queijo. A pessoa já estará quase chorando, quando você começa os elogios. Diz que o autor conseguiu cumprir os objetivos ao qual ele se propôs e que mostrou criatividade para resolver alguns pequenos conflitos. E que, sem dúvida, ele tem futuro e muito para aprender e seguir um caminho de sucesso.

O caso se aplica ao cinema também. Metáforas vazias contrapostas pela bela fotografia. A péssima escolha de elenco é recompensada por um figurino impecável. A falta de contextualização histórica é corrigida pela bela construção do personagem principal.

Note que é importante começar batendo. Se você começa com elogios e termina com as críticas, parece que as críticas destroem os elogios e que tudo é uma porcaria. É como sufocar depois do sexo. Quando você começa batendo, os elogios no final neutralizam as críticas e tudo fica na estaca zero. Você arrasa a pessoa emocionalmente, e no final lhe oferece tapinhas nas costas mostrando que tudo continua.

Veja o caso das apresentações de monografias. Se a sua banca começa criticando a falta de um aprofundamento teórico na questão dos relacionamentos virtuais, que ela sentiu a falta de um embasamento para a conclusão de que todo viado é surdo e coisa e tal, tenha certeza que logo virão os elogios a sua iniciativa e a seriedade do trabalho. Fora a inovação do mesmo. Você será aprovado sem sustos.

Agora, se a banca começar a falar que você se esforçou para fazer o trabalho, que teve uma idéia boa, que escolheu um tema perfeito... tenha certeza que vai se ferrar. Os comentários serão sobre todos os pecados metodológicos que você cometeu. A falta de desenvolvimento e o não cumprimento da idéia original. Que faltou uma orientação melhor e que há muito para ser melhorado. É a certeza de que você terá que se humilhar para conseguir uma aprovação.

É claro, existem as pessoas que só lhe farão elogios. Geralmente, elas estão dando mole para você. E também as pessoas que só te criticarão. Não tenha dúvida. Elas querem te matar e tem problemas pessoais com você. Não são praticantes da arte de elogiar destruindo, ou vice e versa.

Comentários

Eduardo Doria disse…
Um dos melhores textos do blog, embora um tanto chato.
Adérito Schneider disse…
Apesar de tudo, um bom post.
Eduardo Doria disse…
Agora que li o texto, vi que o correto seria:

Embora um tanto chato, um dos melhores textos do blog.