O que é o suicídio virtual?

Ozzy Osbourne já pregava que a solução estava no suicídio. Beber até morrer. Música que levou várias pessoas a cometerem suicídio, por conta de supostas mensagens subliminares, você já sabe disso caso tenha escutado o nosso sensacional primeiro podcast. Não iremos aqui pregar uma solução suicida e nem mesmo falar do suicídio em si. É um tema muito delicado.

Vivemos em uma era virtual. Primeiro foi o Orkut e depois tantas outras redes sociais se popularizaram. Facebook, Twitter. E até mesmo aqueles fracassados como Gazzag e HI5. Fora isso, você pode ter cadastro em fóruns, tem os seus e-mails o seu MSN.

Cada perfil que você faz é uma representação de você próprio. Você deixa de ser você e passa a ser uma foto com uma descrição. As pessoas, ou, a representação das outras pessoas irão conversar com a sua representação. E será cobrado por respostas. Caso você não esteja usando o Orkut, ou esteja viajando, não importa. Existem inúmeros casos em que o seu Eu Virtual é muito mais interessante.

A vida virtual traz os seus problemas. Existem pessoas que levam a sério essa história da representação virtual e esquecem que aquilo não é uma vida paralela. Se representa algo, esse algo é a própria pessoa. O cara com namorada fica paquerando uma menina que mora no condomínio, o funcionário entra na comunidade “Eu quero matar meu chefe” ou “eu já comi a mulher do chefe” ou “eu já caguei na mesa do meu chefe”. O aluno resolve admitir que colou, ou teve acesso privilegiado a uma prova de matemática.

Isto será descoberto. Não adianta. Tudo o que você faz no Orkut é descoberto de uma maneira ou de outra. No Twitter então... bem, não imagino que alguém imagine planejar um assassinato em segredo no Twitter. Mas, se o Orkut tem alguma função hoje em dia ela é a de te informar quando os seus amigos fazem aniversário. Bem, também, mas na verdade eu ia dizer que essa função era a de um controle social. Seus chefes, parentes, pessoas interessadas, pode ter certeza que elas seguem os seus passos no Orkut.

E aí vem o suicídio virtual. Há pessoas que cometem o suicídio apenas com essa notícia de que tudo o que ele faz está sendo observado. Mas, geralmente, o suicídio é uma resposta a descoberta em si. Um scrap da namorada “Paulinho seu safado, eu to olhando”. Ou do chefe dizendo “ah, comeu minha mulher, é? Vamos conversar amanhã”.

As pessoas poderiam apelar para a desculpa de que, há, era uma pegadinha do Mallandro. Ou que alguém havia roubado a sua senha no Orkut. Ou que você tinha entrado na comunidade “Eu adoro Bon Jovi” e alguém de sacanagem mudou o nome da comunidade. Mas, é claro que essa desculpa não vai colar. Então num ato de desespero a pessoa deleta a sua conta. Para dizer “eu nem tenho Orkut, você não tem como provar! Ahhh!”. Acontece que hoje em dia, existe o Print Screen.

No final o suicídio acaba sendo o caminho mais fácil. Aposto que o índice de suicídios virtuais é maior entre suicidas reais fracassados. É um ato que no fim, não requer muita coragem. Ou não. Ao contrário do suicídio de verdade, neste há espaço para o arrependimento. E você continuará convivendo com o problema.

Existem pessoas que cometem o suicídio com outras desculpas. “Ah, o Orkut virou uma rede de idiotas” – “O Facebook já não é tão bom como antigamente” ou ainda que você está saindo do Twitter para ter mais tempo para estudar, ele está tirando o seu tempo. Para mim, essa é a pior desculpa. Eu não acredito que uma pessoa realmente deixe de sair de casa para ficar acompanhando o Twitter.

No geral, a melhor desculpa para o suicídio virtual é a desilusão. Sim, no Orkut você perde a sua fé sobre a raça humana. Vê tantas pessoas se comportando de maneira irracional, desrespeitando qualquer norma de convivência que você pensa “não, não é possível que essa pessoa tenha a mesma base genética que eu tenho”.

Outra desculpa aceitável vem de um conhecido de um dos membros do blog. Ele entrou em seu Orkut e viu um recado de um cara sem camisa e com cara de pedófilo dizendo “Oi”. No mesmo momento ele pensou “este cara está olhando meu Orkut” e chegou a conclusões nojentas sobre as atitudes que o cara sem camisa estava tendo diante do seu perfil. Na mesma hora, o conhecido do blog excluiu sua conta, quebrou seu computador e se jogou pela janela.

Comentários

Gressana disse…
" Eu não acredito que uma pessoa realmente deixe de sair de casa para ficar acompanhando o Twitter."
Pois acredite.