O caso Bruno

Vez por outra, a humanidade é presenteada por um caso sórdido. Uma história tão doentia que nos faz duvidar da própria humanidade. O pai que trancou a própria filha no porão e a estuprou por anos. E... bem, teríamos muitas outras histórias dementes, mas são tantas, que acabamos por esquecer.

O caso Bruno é mais uma dessas tantas histórias. Primeiro porque envolve uma figura sensacional, como o goleiro Bruno. Se o mundo fosse um lugar mais justo, Bruno seria reconhecido como o grande frasista que é. Um Oscar Wilde contemporâneo.

Certa vez, Bruno pulou nu no mar para comemorar o título carioca do Flamengo. Já deixou o campo chorando e dizendo que uma derrota não tinha explicação. Já subiu ao palco do prêmio craque do Brasileirão sobre gritos de que “puta que o pariu, é o melhor goleiro do Brasil” e sorrindo confiante da sua vitória. Ao ser anunciado como terceiro colocado, desceu do palco rindo debochado e não esperou o anúncio do vencedor. Ao ser vaiado pelos mesmos torcedores disse que “estava se lixando para a torcida”. Já organizou uma festa num sítio com garotas de programa e a festa teve que ser interrompida porque um dos seus colegas, também jogador do Flamengo, estava espancando uma prostituta. Bruno também entrou para a história ao questionar colegas jornalistas “quem nunca discutiu, até mesmo não saiu na mão com uma mulher?” ao defender seu amigo Adriano, que teria mandado amarrar a namorada em uma árvore.

Tempo para tomar um fôlego depois do último parágrafo.

O goleiro é o personagem principal dessa história que também tem outros nomes interessantes. Como Macarrão, amigo de Bruno que fez uma tatuagem escrita “Bruno e Maka. Nem a morte vai separar essa amizade verdadeira. Amor Eterno”. No fundo é a maior declaração pederasta, jamais vista, gravada na própria pele.

Temos ainda um Coxinha, um ex policial chamado Bola, um primo do Bruno, um adolescente que vivia na casa do goleiro, tantos amantes – homens e mulheres – e claro, Eliza Samudio. A ex-atriz pornô que também protagoniza o caso. Foi deixada pela mãe e criada pelo seu pai, que é acusado de ter estuprado uma filha de 10 anos, fruto de um relacionamento extraconjugal com a cunhada. Ele embebedava a criança para consolidar o ato.

Bruno poderia ter escrito um livro “como destruir a sua carreira em alguns passos”. Nada de coisas amadoras como “seja encontrado com três travestis em um motel na Barra da Tijuca”. Bruno engravidou Eliza, como acontece com freqüência. Sexo sem proteção e etc. Acho que seria impossível fazer uma pequena lista de jogadores que tiveram filhos em casos extraconjugais. Paga-se então uma pensão alimentícia. Você para na cadeia se não pagar, mas enfim, você tem que ter a responsabilidade na história. Como diria Bruno “onde come um, come dois, come três, come quatro”. Pensão é como uma orgia.

O resto da história é aquilo. Pediu para Eliza abortar, ela foi morta e seus restos mortais jogados para cachorros comerem. A história pode mudar, é claro. Samudio pode ser encontrada fazendo compras em Marrakesh. Macarrão pode assumir a culpa, alegando que foi um crime passional. O advogado do goleiro pode ser um gênio da oratória e talvez convença o júri de que Eliza mereceu morrer porque era uma Puta.

Mas o fato, é que talvez até o Tarantino se sentiria desconfortável em filmar uma história com estes personagens e com esta trama.


*Esta história é ficcional. Qualquer semelhança com a coincidência é mera realidade. O CH3 não tem conhecimento da existência, ou não, deste nomes e fatos e nem sequer de um time chamado Flamengo.

Comentários

Adérito Schneider disse…
Hahahahaha! Viva o "framengo"!