História da Copa do Mundo, parte 6

As copas de 1998, 2002 e 2006

Apesar de ter acontecido apenas 12 anos atrás, vista hoje, a Copa da França em 98 parece ter sido em um século passado (sim, isso realmente é verdade). O Zidane ainda tinha cabelo, o Ronaldo era tão magro que parecia até ser anoréxico. Mas, no entanto, o Zagallo já era um velho chato com um discurso patriótico babaca.

Foi uma copa bem disputada, com poucas oportunidades para as zebras. Exceção feita à Croácia, que disputando sua primeira copa depois de ter se separado da antiga Iugoslávia, foi a terceira colocada e teve Suker, o artilheiro da competição. Fora isso apenas a Espanha (eliminada na primeira fase pela intransponível defesa paraguaia) e a Inglaterra (caiu contra a Argentina nas oitavas de final) decepcionaram.

Aliás, essa foi a última copa da Iugoslávia antes de mudar de nome e sofrer novas separações. Depois de todas as rupturas os países que se formaram nunca conseguiram boas campanhas. Os goleiros ficaram na Eslovênia, os zagueiros na Sérvia, os meias na Croácia e os atacantes na Bósnia Herzegovina e Montenegro. A pobre Macedônia não ficou com nada.

Nas semifinais, Brasil e Holanda fizeram um jogo dramático decidido apenas nos pênaltis. Os holandeses eram comandados por Bergkamp, jogador cerebral que jamais derramou uma gota de suor e haviam passado pela Argentina num outro jogo dramático. Assim como foi dramática a vitória brasileira contra a Dinamarca. Nos dramáticos pênaltis, deu Brasil. Galvão Bueno sobreviveu dramaticamente.

Partiu Cocu, saí que é tua Taffarel! Taffarel! Sai! Sai! Sai! Sai! Sai que é tua Taffarel! Taffarel!” – Galvão Bueno em momento de emoção.


E a França venceu a Croácia. Zidane estava em seu segundo jogo na copa, depois de ter pisado em um adversário. A Croácia saiu na frente com Suker, que não era idiota. A virada francesa veio com dois gols de Thuram. Foram os únicos 2 gols dele em 142 jogos pela seleção francesa. Aliás, depois da copa de 98 ele marcou apenas mais um gol em sua carreira que ainda durou 10 anos.

A história da final é conhecida. Ronaldo surtou com a pressão e teve uma convulsão. O Brasil foi escalado com Edmundo e todos pensaram o que estava acontecendo. Na hora do jogo foi Ronaldo mesmo que entrou. Parecia que foi o time todo que teve uma convulsão e a França atropelou o Brasil com dois gols de Zidane para o título. E não foi a última vez que isso aconteceu.

Não era o dia do futebol brasileiro” – Galvão Bueno, triste


2002
Se foram poucas as surpresas em 98, a Copa de 2002 disputada na Coréia do Sul e Japão foi cheia delas. Não sei se foi o fuso horário, se foi a comida oriental, os flashes das máquinas. Mas coisas estranhas aconteceram.

França e Argentina chegaram como as duas grandes favoritas. Passaram os quatro anos anteriores ganhando torneios e dando espetáculos futebolísticos ao redor do mundo. Pois caíram na primeira fase. A Argentina sofreu até o último minuto tentando derrotar a Suécia e os franceses conseguiram não ganhar nenhum jogo e não marcar um único gol. Portugal que tinha o então melhor jogador do mundo, Luís Figo, também foi eliminado. Pelos Estados Unidos e pela Coréia do Sul.

Nas oitavas de final foi a vez da Itália ser eliminada num jogo polêmico contra os sul-coreanos. Depois num jogo ainda mais polêmico (se preferir, roubado) foi a vez dos anfitriões eliminarem a Espanha nos pênaltis. Foi tão estranho, que os confrontos semifinais foram: Alemanha (chegaram desacreditados na Copa) x Coréia do Sul (que até então jamais haviam vencido um único jogo na história do torneio) e Brasil (tínhamos medo de passar vergonha no Japão) x Turquia (que nunca fizeram nada, nem antes, nem depois).

A final pelo menos foi lógica. Brasil e Alemanha se enfrentaram pela primeira vez na história das copas. De um lado a família Scolari com jogadores desacreditados como Edmilson, Lúcio, Roque Jr, Kleberson e Gilberto Silva, além de Ronaldo e Rivaldo que estavam machucados até pouco antes. Do outro a Alemanha que tinha jogadores pavorosos como Marco Bode.

O Brasil dominou o primeiro tempo, mas parou quase sempre no goleiro Oliver Kahn (que teria sozinho, levado a Alemanha até a final). No começo do segundo tempo o lance que decidiu o jogo. Cruzamento na hora, Kahn defende uma cabeçada e na queda, Gilberto Silva pisa em sua mão, provocando um pequeno corte. Pouco depois, Rivaldo chuta uma bola fraca e fácil, que bate no corte. Kahn solta a bola e Ronaldo faz o gol. A Alemanha pressiona, Marcos faz grandes defesas. Até Ronaldo fazer o seu segundo gol e garantir o título. Assim sendo, Ronaldo saiu do inferno de 98 até o paraíso em 2002.

2006
A arrogância estava de volta. O Brasil iria ganhar a copa facilmente com o chamado quadrado mágico, formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Mas no geral foi um pesadelo. Jogadores gordos, embriagados e cansados entraram em campo e o Brasil jogou mal. Perdeu novamente para a França, que tinha Zidane em seu último torneio antes de se aposentar. O francês driblou todos os jogadores brasileiros ao menos uma vez e em algumas vezes de maneira humilhante.

Zidane foi uma das poucas coisas boas de um torneio fraco. A maior parte dos grandes jogadores chegou desgastada depois de uma temporada cansativa. Foram vários jogos truncados, estudados, cautelosos, definidos com um gol ou nos pênaltis. Apenas duas partidas foram realmente boas.

Portugal 1x0 Holanda
Jogo marcante pela violência. Foram 16 cartões distribuídos no jogo, 4 expulsões. E várias chances de gol, discussões, brigas. Parecia que os jogadores iam se matar assim que acabasse a partida.

Itália 2x0 Alemanha
90 minutos horríveis e uma prorrogação absurdamente disputada de maneira enlouquecida. A Itália fez dois gols no fim da prorrogação e garantiu uma vaga na final.

Fora isso, quase todos os times eram modorrentos. A Argentina fez só um jogo bom, fez várias pessoas se masturbarem com seu futebol, mas os outros jogos foram pífios. Mesmo que ninguém tenha admitido isso. Portugal fazia gols apenas por milagre. Acabou que o grande momento foi a final.

Não que o jogo tenha sido bom. Os primeiros 20 minutos foram ótimos, mas depois disso as equipes se alternavam na marcação do meio de campo, muitas bolas roubadas no meio, pouquíssimas chances de gol. É compreensível que alguém tenha dormido. O grande momento foi quando Zidane deu uma cabeçada no peito de Materazzi. O lance foi analisado por aqui na época. Foi a aposentadoria do francês, expulso no lance. Desde então ele se dedica a lecionar kickboxing.

A Itália venceu nos pênaltis, para delírio dos poucos entusiasmados italianos.


Grosso comemora. É tiro de Meta para a Itália

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Assim acaba essa parte da cobertura da copa. A partir da semana que vem começamos a analisar como será a copa de 2010. A expectativa é de que seja legal. Contaremos a parte sete da história das copas, 2010, 2014 e 2018 no nosso especial para a Copa de 2022.

Comentários

Gressana disse…
Pra mim só teve UMA coisa marcante na copa de 2006. Você sabe o que é.