Pulseirinhas do Sexo

Foram dias e dias preso a uma cama com febre, dor de garganta e outros sintomas variados provocados por uma virose sortida que me atacou. Dias nos quais minha única atividade, além de ingerir quilos de dipirona sódica, era me esforçar para postar no CH3. Produzi alguns textos medíocres, causados pelo cansaço e pela febre. Pedi para que Vinícius saísse de sua meditação para ajudar. E ele o fez brilhantemente. Peço aqui uma série de aplausos para Gressana.

Para me ajudar na guerra imunológica, ele teve a idéia de lançar pulseiras para arrecadar dinheiro. Graças a problemas burocráticos, eu acabei me recuperando antes. Mas a idéia para um post estava nas pulseiras. Não na campanha, mas nas famosas e polêmicas pulseirinhas do sexo.

Ingleses adoram inventar moda. Desde os Beatles, Sex Pistols, Futebol, dirigir na direita... bem, isso não é uma moda. Mas eles lançaram pulseirinhas coloridas com significados sexuais. É assim: as meninas usam umas pulseirinhas coloridas e os meninos ficam atrás tentando arrebentar essas pulseiras. Se eles conseguirem, recebem uma recompensa, de acordo com a cor rompida. Cada cor tem o significado a seguir:

Amarela – Abraço.
Laranja – Mordiscadinhas.
Roxa – Beijo de língua.
Verde – Chupão no pescoço.
Cor-de-rosa – Pagar peitinho.
Vermelha – Dança Erótica.
Azul – Boquete.
Dourada – Meia-nove.
Preta – Sexo.
Listrada– Sexo na posição “frango assado”.
Grená – Sexo anal sem lubrificante ou cuspe.
Transparente – Incesto.
Marrom – Coprofagia.

Não demorou muito e a moda chegou no Brasil. Colégios públicos e privados começaram a sofrer com os rompimentos. É bem fácil entender o que isso significa. Significa que as novas gerações estão perdidas e que falta pulso a muitos pais nos tempos atuais. A pulseirinha do sexo só atingiu a fama graças a um ambiente de liberdade extrema.

Dirigi-me então a casa de Pai Jorginho de Ogum para saber como tal assunto estava repercutindo. Sempre que preciso de uma fonte para discutir o assunto que seja, é para lá que eu vou. Logo encontrei o Cão Leproso. Perguntei a ele o que ele achava das pulseiras. Ele me disse que as achava bonitas e uma lágrima escorreu do seu olho.

Logo vi Marcão. Ele me disse que estava puto com isso porque uma filha sua usava essas pulseiras. Preocupei-me pensando que era a sua filha de 7 anos. Mas na verdade, era a filha de 22 anos do Marcão. Falei para ele que nesse caso a pulseirinha não fazia muita diferença. Também vi Hanz o Pansexual com o corpo coberto de pulseiras e tentando se esfregar nas pessoas para que elas quebrassem. Mantive-me distante.

Finalmente encontrei Pai Jorginho de Ogum, o mestre do sobrenatural estava sentado na sala lendo uma edição antiga da revista Caras. Ele escondeu a revista, como se estivesse constrangido e me perguntou o que eu fazia ali. Expus rapidamente o tema e ele fez um sinal de positivo.

Fui com ele até um quarto no fundo de seu quintal. O cheiro era de mijo de cachorro. Ele puxou uma caixa e me mostrou o seu conteúdo. Dezenas de pulseiras coloridas. Não demorou três minutos e uma adolescente bateu no local e comprou dois conjuntos completos de pulseiras. Estava claro que Jorginho de Ogum estava vendendo os objetos. Perguntei se ele não achava errado vender tais acessórios. Ele me disse reticente “Olha”. Logo lembrei que ele é dono de um prostíbulo no qual sua mulher, sua mãe e sua filha trabalham. Era claro que estava diante de um homem sem escrúpulos. Logo outra adolescente chegou ao local e pediu um conjunto de pulseirinhas, daquelas que arrebentam mais fácil. Ele as vendeu.

“Eu não obrigo ninguém a dar nada a ninguém se a pulseira arrebentar”, concluiu. De certa forma, fazia sentido. Não há nada na constituição brasileira, nem existem contratos lavrados em cartório que obriguem ninguém a guiar sua vida por pulseirinhas. As pulseiras são apenas um símbolo de uma geração perdida que troca o próprio corpo por qualquer coisa.

Essa reflexão fez o olho de Jorginho brilhar. Com ar empreendedor pensou no futuro de seu negócio, mais pessoas estarão dispostas ao trabalho. E quem sabe, ao invés de dinheiro, o pagamento possa ser feito em pulseirinhas.

Comentários

Eduardo disse…
Rasguei a marrom e deu merda.