História da Copa do Mundo, Parte 2

As copas de 1950, 1954 e 1958.

Hitler morreu, Mussolini morreu, bombas caíram no Japão e a 2ª guerra mundial acabou. Livres desses pequenos aborrecimentos, a humanidade pode finalmente voltar a se preocupar com o que realmente importa: futebol. A Copa do Mundo estaria de volta no ano de 1950, para acabar com as chateações. E o lugar escolhido foi o Brasil. A Europa estava destruída e o torneio cancelado de 1942 também seria por aqui. A escolha lógica.

E o Brasil se preparou para ser campeão pela primeira vez. Construiu o estádio do Maracanã, então o maior do mundo. Fora isso, nós também tínhamos uma equipe talentosa, com Zizinho e Ademir Menezes.

Outra novidade foi a participação da Inglaterra, que pela primeira vez aceitou disputar uma Copa do Mundo. Como inventores do futebol, os ingleses achavam que não precisavam do torneio, porque eles sabiam que eram os melhores. Mas eles tiveram uma participação pífia, caíram logo na primeira fase com apenas uma vitória. E ainda foram humilhados e derrotados pelos americanos, que tinham um time amador.

Pela única vez na história o torneio foi decidido em um quadrangular final, disputado por Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha. O Brasil aniquilou os seus adversários, enquanto o Uruguai sofreu com placares apertados. Os brasileiros seriam campeões.

Isso até o dia 16 de julho de 1950. Aproximadamente 200mil pessoas compareceram ao Maracanã para assistir o título brasileiro. O Brasil precisava de apenas um empate. E saiu na frente com um gol de Friaça. Os jornais já tinham suas capas prontas para a comemoração.

Mas os uruguaios viraram nos 25 minutos finais e foram campeões do torneio pela segunda vez, sem contar com bolas uruguaias. O gol de Ghiggia promoveu traumas no Brasil. Os jogadores que perderam a partida foram marginalizados, a seleção aposentou as camisas brancas e um clima de depressão se abateu sobre o país.

1954

A Copa da Suíça entrou para a história como a competição com a maior média de gols da história. Não era uma época em que se jogava futebol, mas um esporte parecido no qual as pessoas atacavam e não se preocupavam nem um pouco em defender. Eram 5 atacantes contra apenas 2 zagueiros, desgraçados pela vida.

E o Grande destaque foi a seleção húngara. Não é possível saber os motivos, mas esta foi a única vez na história em que jogadores de futebol nasceram na Hungria, e vários, e ao mesmo tempo. Seria preciso estudar a água da Hungria na época em que eles foram gerados. Mas o time de Puskás, Kocsis e Czibor marcou incríveis 27 gols em 5 jogos, um recorde.

Entre as vítimas húngaras esteve o Brasil, eliminado nas quartas de final com uma derrota por 4x2, na chamada “Batalha de Berna”. O jogo terminou em pancadaria, briga campal com cadeiradas e garrafadas distribuídas.

Na final, a Hungria enfrentou a Alemanha, que havia sido derrotada na primeira fase por 8x3. A expectativa era de que fosse um massacre. A impressão foi reforçada pelo fato de a Hungria ter feito 2x0 com 8 minutos de jogo. Os húngaros usavam modernas táticas de aquecimento e faziam vários gols no começo do jogo.

Mas os alemães logo viraram e a cinco minutos do fim, Helmut Rahn marcou o gol do primeiro título alemão, no jogo que ficou conhecido como o milagre de Berna. O jogo desgraçou para sempre a Hungria, que nunca mais viu nascer um único jogador de futebol no país.

Outro destaque da competição foi o jogo entre Áustria e Suíça, que terminou com um placar de 7x5. Os 12 gols em um jogo são um recorde de competição. Hoje em dia as duas seleções precisam jogar aproximadamente dois anos para conseguir marcar essa quantidade de gols.

1958

O Brasil saiu sem muita expectativa para disputar a Copa da Suécia. A imprensa tinha certeza que o Brasil iria perder no momento decisivo, que nossos jogadores tinham sangue de barata. Se Galvão Bueno fosse narrador à época, o Brasil seria provavelmente o pior lugar do mundo para se viver.

A certeza do fracasso aumentou quando o Brasil empatou com a Inglaterra, por 0x0 o primeiro jogo sem gols da história da Copa. Mas como num roteiro de filme, o empate promoveu mudanças no Brasil que o guiaram até a vitória. Vavá, Garrincha e Pelé ganharam vaga no time titular. Hoje, parece que o treinador era um retardado por deixar Garrincha e Pelé no banco, mas na época Pelé era uma criança e Garrincha um comedor de mulheres. Garrincha até fez um filho na Suécia.

As mudanças surtiram efeito. Garrincha fez as jogadas dos gols na vitória sobre a União Soviética. Pelé fez o gol da vitória de 1x0 sobre o País de Gales, mais três gols de Pelé contra a França e na final contra os suecos Pelé marcou mais dois e Vavá outros dois. Sim, o Brasil tornou-se campeão do mundo, Nelson Rodrigues disse que o brasileiro deixava de ter o seu complexo de vira-latas e Pelé foi coroado o rei do futebol.

Ao que consta, a Suécia não mudou a cor do seu uniforme por conta da derrota e os jogadores são considerados heróis nacionais, pelo maior desempenho sueco na história.

A copa de 1958 também ficou marcada por Just Fontaine, artilheiro francês que marcou 13 gols na competição, um recorde. Fontaine, que não escrevia fábulas sobre formigas e cigarras, parou de jogar logo depois, por conta de uma perna quebrada.

Comentários

Thiago Borges disse…
caramba, nem me lembrava das camisas brancas. bom post.
Guilherme disse…
Numa dessa o Brasil podia ter mudado sua camisa pra roxa. Olha o perigo.