Guia CH3: Como citar obras inexistentes

Existem muitas maneiras de ganhar uma discussão com alguém. Como: trazer vários amigos seus para que eles apoiem cada fala sua em detrimento do adversário, estudar as mais modernas táticas psicológicas para destruir a alma do seu oponente com apenas um olhar, ou ainda, simplesmente partir pra porrada pura e simples desde que você seja mais forte e ágil.

Mas existe uma maneira que é muito mais eficiente. É uma tática que pode ter sua origem, ou talvez, um exemplo bem claro, nos debates políticos. Trata-se de citar obras inexistentes. Vá dizer que nos debates políticos, não é (ou, não era) um grande momento quando um dos candidatos pegava um calhamaço de papel debaixo de sua mesa e dizia “tenho aqui provas irrefutáveis de que vossa excelência excedeu os gastos!”. A tensão era criada no ambiente e o candidato do calhamaço seria o claro vencedor do debate.

Mas, vocês por algum acaso já viram o conteúdo desse calhamaço se tornar público? Ou que a acusação feita pelo oponente repercutisse na imprensa nos dias seguintes? Não. O calhamaço estava ali apenas como uma figura simbólica de uma grave acusação.

A verdade é: suas palavras e seus argumentos se tornam muito mais fortes se você se embasar em obras de terceiros, ou em figuras que demonstrem o que você quer dizer. Mas é muito difícil que você tenha um calhamaço de papel durante uma discussão sobre a existência de vidas em outros planetas. E você também corre o risco de que seu debatedor diga “me deixa ver isso”. E que ele encontre seu trabalho de psicologia da comunicação no meio daquela papelada.

Então, nesse caso, o mais fácil a se fazer é citar obras de terceiros. Porque seu oponente jamais terá a coragem de negar o que foi dito por uma pessoa que teve o trabalho de escrever um livro sobre o assunto. E ele jamais terá como provar ali na hora que o autor não existe. Você ganhará a discussão e ainda poupará seus punhos.

Uma maneira bem fácil é citar um documentário. Quer algo mais vago do que um documentário? Hoje em dia trocentos documentários são lançados por dia. E devem existir sobre os mais variados assuntos. Imigração Búlgara da década de 40, o sexo dos castores. Você pode ter visto esse documentário na internet, ter baixado ele de uma única fonte no Soulseek, ou ainda, ter visto de madrugada no Discovery. “Mas, uma vez eu vi um documentário que dizia que existem fungos que se adaptaram a sobreviver na beira de vulcões. Em uma condição inóspita. Poderia existir alguma forma de vida que se adaptasse em condições consideradas adversas para nós, em outros planetas”.

Citar um livro também é bom. Diga que você leu o livro de um escritor francês, faz muito tempo, que você não se lembra direito o nome dele, mas que era algo como Pierre Lovèrdam e que ele dizia exatamente isso que você está falando. Que a fragmentação da pós modernidade é resultado dos acontecimentos do pós guerra na Polônia.

Um vídeo no youtube também é uma boa fonte. “Mas, to te dizendo. Tem no youtube o discurso do Obama falando que ele irá roubar a Amazônia dos brasileiros. E ele diz também que seu filme favorito é o Pequeno Príncipe”. A pessoa irá procurar no youtube, e não irá achar. Mas ele pensará que a culpa é dele, por não ter capacidade de procurar direito.

Uma entrevista em uma revista também. “O Fernando Henrique disse em uma entrevista para a revista Balacobaco, que a melhor coisa em ser presidente, é poder se besuntar na Granja Comary”.

Existem, porém, citações que não devem ser feitas. Se você as fizer, elas poderão te fazer perder a credibilidade. Falar que você recebeu por e-mail, informações de um homem que perdeu os dois rins e acordou em uma banheira de gelo. Não, não dá certo. Tente também evitar dizer que você leu isso em um blog, porque em blogs qualquer lunático pode escrever qualquer besteira que vem na cabeça dele. Geralmente as mentiras são facilmente identificadas, mas infelizmente existem pessoas que tem dificuldade em interpretar. E existem lunáticos que escrever coisas absurdas, mesmo.

Comentários

Luis Marcelo disse…
hehehe. Bom saber, já que vou entrar pra política, rs.