A era do fake

Alguém te passa um vídeo do Youtube. Você assiste e acha engraçado e vai ver o que outras pessoas comentaram sobre o vídeo. Certamente você encontrará alguém dizendo “Fake.”. E várias outras pessoas discutindo se aquele vídeo é verdadeiro ou não.

Você entra em um blog que conta com Tolices do Orkut. Morre de rir com a besteira alheia dita por algum incluído digital. Vai ver os comentários e lá está – alguém dizendo que aquilo é fake.

Não importa o quão engraçado possa ser o material. O que importa é discutir se é fake ou não. E por vezes, não importa o quão óbvio seja que o vídeo em questão realmente seja fake. Vejam esse vídeo abaixo.




Engraçado não? Então, ele é fake. Foi todo gravado em estúdio. As pessoas que participam dele são todos atores profissionais contratados. Nada disso é real. Essa entrevista de emprego jamais aconteceu e o endereço mencionado no final não existe. Sim, lamento ter acabado com seus sonhos e falsas ilusões. Mas todos os filmes que você já assistiu, com a possível exceção de alguns documentários, são fakes, eles não são de verdade.

Não existe um ser humano que ao ser picado por uma aranha adquiriu os seus poderes. Os extraterrestres não invadiram os EUA no dia da Independência e a novela Caminho das Índias foi toda filmada em um estúdio no Rio de Janeiro. Sim, os cenários eram fakes.

E a única pergunta que fica é: afinal, o que importa? Você vai perder sua vida refletindo se algo engraçado é fake ou não?

Os fakes já dominam o mundo. E agora falo dos perfis fakes do Orkut. Todo mundo tem um. E eles são moderadores de comunidades, as pessoas mais engraçadas e prováveis formadores de opinião. Ser um fake é muito melhor do que ser você mesmo.

O mesmo acontece no Twitter. Os perfis fakes de personalidades muitas vezes são mais interessantes do que as pessoas verdadeiras. Vitor Fasano deve ter se tornado uma pessoa mais popular por conta do seu fake. Que aliás, é obviamente um fake também, mas muitas pessoas devem olhar esse perfil e apontar impiedosamente: fake.

Quem diz fake, provavelmente se sente um justiceiro. Alguém que no meio de um mar de cegos e inocentes, é uma ilha de discernimento, o único capaz de enxergar o que é verdadeiro e o que é falso. Alguém que sem remorsos é capaz de olhar para algo, analisar e apontar: fake! E assim acabar com os sonhos da resto da humanidade miserável que acredita em qualquer coisa. Aqueles que dizem fake são um lastro de sapiência.

Sim, senhoras e senhores. Vivemos a era do fake. E é bom que aqueles que dizem fake a aproveitam logo, porque em breve eles serão substituídos e perderão seu lugar de bastiões da moralidade para aqueles que dizem fail. Aliás, acho que isso já está acontecendo.

Comentários

Gressana disse…
Era o que eu ia comentar. A era do fake está aos poucos sendo substituida pela era do fail.
Tudo isso torna a navegação na internet tão mais desagradável...