Dossiê Activia: Parte 2, o direito de resposta

O assunto estaria esquecido. Era apenas mais um post na história do CH3. No caso, o post de número 444, sobre a polêmica do iogurte Activia. Seria ele feito a base fezes de grandes animais? Seria ele bom? Ele funciona? Suas propagandas são engraçadas? Constrangedoras? Pois bem.

O assunto estava realmente esquecido. Até o dia 19 de outubro de 2009 as 16h10. Foi nesse horário que Aline Almeida da Ketchum Estratégia entrou em contato com o blog, por e-mail. O que ela queria? Ela trabalha para essa empresa que faz assessoria da Danone. E ela queria esclarecer alguns pontos sobre a postagem.

Como nós somos um blog pretensamente de humor, não demos bola a princípio. Se não fosse por um detalhe. No fim do e-mail ela pedia para que as informações do e-mail também fossem publicadas em nosso veículo. Sim, em nosso veículo. O fato de o CH3 ter sido pela primeira vez chamado de veículo mexeu com nossos brios. Massageou os nossos egos. E então, para Danone do Brasil, a oportunidade bate em sua porta.

Vamos começar pelo começo então. Tudo começou no dia 6 de outubro, quando eu recebi um e-mail de uma amiga. Não citarei seu nome em respeito à ética jornalística. Ela re-encaminhou um e-mail de uma fonte sua, para falar sobre os e-mails conspiratórios. Ela me sugeria que o assunto poderia dar um post para o CH3.

A fonte no caso é um terapeuta, que defende o estilo de vida saudável. Judeu, vegetariano, santista e abomina o pão branco. O título do e-mail original é “O que é Activia?”, contendo um texto assinado pela nutricionista paulista Marília Duarte. A idéia do texto é que os bacilos DanRegularis são bactérias retiradas das fezes humanas, e o iogurte te faz cagar porque irrita o seu intestino. Talvez você já tenha recebido esse e-mail.

O texto é como tantos textos que você recebe em seu e-mail. É igual acordar na banheira com gelo e sem os rins, ser assaltado pelo vendedor de perfumes. No mundo da internet a coisa mais fácil do mundo é juntar um monte de informações sem valor, assinar como se fosse um especialista na área e mandar por e-mail. Ninguém vai parar pra conferir se as informações tem sentido, ou se a pessoa que escreveu realmente existe. O botão de encaminhar é mais rápido.

Nós mesmos, do CH3 sabemos como isso é. Uma vez que alguns textos nossos vão parar no Yahoo Respostas e em trabalhos de crianças de terceira série. Tudo isso no fundo é parte do mundo dos Leitores Que Não Lêem.

O e-mail ainda tinha mais um texto, de Patrício Jr, contando as suas experiências ao fazer o teste do Activia. É um texto de certa forma engraçado, com passagens brilhantes como “Passei, como posso dizer, a gaseificar fervorosamente os ambientes pelos quais circulava”, “um cheiro que posso descrever como o de um burro morto por envenenamento com creolina e enxofre”.

O texto então foi publicado no CH3, e imagino eu, que o blog não tenha propagado teorias conspiratórias adiante. Recebemos o e-mail, nosso ego foi massageado e começamos a pensar na resposta. E hoje é foi o dia escolhido.

Tudo porque ontem, no jornal da TV Centro América, uma matéria que durou cerca de 10 minutos falou sobre o tema da dificuldade de evacuar. Pessoas respondiam sobre a sua dificuldade em ir ao banheiro, sobre o mau humor da prisão de ventre que as deixavam enfezadas (perceberam a origem da palavra?). E a apresentadora do jornal estava muito empolgada com o assunto, demonstrando claramente que ela sofre de prisão de ventre. O interesse dela em saber sobre os efeitos do mamão foi comovente.

O médico entrevistado alertou para a importância de notar o aspecto das fezes e também da força necessária para o ato. Tudo isso na agradável hora do almoço.

Voltamos ao direito de resposta. A Danone gostaria de esclarecer que:

- A Danone tem conhecimento dessas informações que circulam por aí. Portanto, se vocês acham que eles não sabem, estão errados, porque eles sabem.
- A nutricionista que assina o texto do e-mail não existe no Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo. Ou seja, o texto deve ter sido feito por um Ghost Writter.
- O Activia, ao contrário do especulado, não é feito a partir de fezes humanas. Na verdade ele é feito com cepas de iogurte tradicional, com um fermento especial, os tais bacilos DanRegularis, que não irritam o estomago. Essa cepa probiótica é armazenada em Paris, que por sua vez fica na França. Confesso que tirando a parte do fato de que Paris fica na França, eu tive dificuldades em entender o resto também.

Ou resumindo, o Activia não é feito de merda, a nutricionista não existe e o bacilo do Activia é normal. Para mais informações vocês podem acessar o www.activiadanone.com.br ou ligar para o DAC 0800 701 7561. Ou talvez, consultar o seu farmacêutico.

Agora nos só esperamos o contato da nutricionista inexistente, para que ela possa dar o seu direito de resposta. E dessa maneira, esse tema jamais será encerrado.

Comentários

Adérito Schneider disse…
Activea??? Beba Nova Schin e veja o resultado. Aí está meu depoimento.
Leidóca disse…
Ahahaha

Parabéns ao Ch3 pela cobertura do caso, pluralidade de discursos e abertura do espaço para quem quiser se pronunciar.
Dyolen disse…
Não aguento o comercial do Activea: "Se o produto não fizer efeito em 15 dias, eles te dão o dinheiro de volta". Gente, se em 15 dias a pessoa não for ao banheiro, é claro que tá morta, concorda?! É o que eu acho.
lais disse…
Hahaha, que divertido! O povo da Danone entrando em contato, uau! Vocês estão muito chiques e polêmicos! :D

(mas o melhor do post foram os marcadores, hahaha XD)
ahahhaha
Ai ai, concordo com o Dyolen. E o blog de vocês é uma verdadeira aula de Jornalismo junto com Íntimo e Pessoal.
Andreza
Luis Marcelo disse…
Quééé isso!! Gerando repercussões em gui! Ainda o verei no Jô Soares, rsrs!