Espetinhos e feijoada

Que atire a primeira pedra aquele que nunca comeu um espetinho.
E que atire a segunda quem nunca provou uma feijoada.

Os espetinhos são muito apreciados em ocasiões como as festas juninas de colégio. Normalmente acompanhado de farofa, que gruda na carne úmida. Há quem prefira a carne mal passada. Há espetinhos de frango, de carne vermelha, de coraçãozinho, lingüiça e até aqueles que vem com cebola no meio.

Os espetinhos também são muito vendidos em esquinas de grandes avenidas. Daqueles que sem dúvida o cheiro é ainda melhor que o gosto. Os famosos espetinhos de gato. Porque, pra ser tão barato, a carne tinha que ser conseguida de uma maneira diferente. Há também os espetinhos em churrascos caseiros.

A feijoada é igualmente apreciada. Normalmente é servida com arroz, couve e farofa (que é como um cimento no caldo do feijão). A feijoada acabou virando um programa. Tanto que há feijoada com pagode e a famigerada feijoada dançante. Eu não imagino como é que alguém consegue dançar e comer feijoada.

Basicamente há dois tipos de feijoada. Aquela em que o feijão vem apenas com lingüiça e bacon, e a outra na qual o feijão é acompanhado de língua, orelha, focinho, rabo e até o pé do porco. Muitos lugares adotam a estratégia de servir essas partes separadamente do resto do feijão. Eu, pelo menos, odeio a hipótese de se comer uma orelha de porco. Mas há quem acredite que feijoada sem rabo, não é feijoada.

Pois bem, nesse fim-de-semana, pai Jorginho de Ogum me chamou para almoçar no Carnicentas. Repudiei a idéia. Mas depois conversei com os outros membros do CH3. E eles continuaram repudiando a idéia. Comida no carnicentas nos lembra do monstruoso Risoto com Esmegma do Marcão.

Pai Jorginho de Ogum voltou a me telefonar, avisando que se nós não fossemos lá, ele daria nossos endereços para Hanz, o pansexual. Este charlatão sabe como ser ameaçador. Não nos restou outra hipótese que não fosse passar lá no carnicentas. Mas, não para almoçar.

Ok. Você há de perguntar “e o que isso tem haver com o espetinho, a feijoada e etc?”. Então. Chegamos lá, pai Jorginho quis nos apresentar as novas opções do cardápio da casa. O rodízio de espeto.

A primeira era um espetinho de cinqüenta centavos. O preço era ridiculamente barato. Eis que veio a explicação. Pai Jorginho fez um convenio com a lanchonete bicho atropelado. Basicamente, os espetos são feitos a base de carne de bichos encontrados nos acostamentos de nossas ruas, estradas e avenidas.

Isso já seria o suficiente para nos fazer levantar e ir embora. Como se já não bastasse o fato do Cão Leproso estar cantando Astronauta de Mármore no videokê. Foi ai então que nós vimos o outro espetinho.

Quando eu falei da feijoada, lembrei que ela vinha com rabo, orelha, pé e língua. Apenas uma parte do porco não está lá. Sim, o toba. Você nunca encontrou um toba de porco no meio do feijão. Pois Jorginho de Ogum entrou em contato com os frigoríficos e arrumou vários tobinhas pra fazer espeto.

Foi nesse momento em que o garçom Hanz apareceu com o espeto e disse “vai tobinha de porrco?”. Sim. O espeto passa justamente onde vocês estão pensando. Isso seria o suficiente para fazer com que nós nos levantássemos e fossemos embora correndo. Foi isso que aconteceu.

Comentários

Gressana disse…
Depois desse evento fiquei catatônico por dois dias, pois meu cérebro não conseguiu processar aquela situação nojenta.
Até as feijoadas dançantes faziam mais sentido pra mim.
Thiago Borges disse…
já falei pro hanz parar com essa mania d comer tobinha... tcc tcs tcs