Reflexões sobre um ano de “A prática do Jornalismo”

Esse texto é um making off.

No dia 5 de dezembro de 2007, uma quarta feira, 59 pessoas receberam o seguinte e-mail do remetente
chtres@gmail.com:

Confiram no CH3. Muito bom para trabalhos academicos.

Um texto tão maldito que o e-mail voltou várias vezes.

Estava publicada “A prática do jornalismo”. O primeiro texto desse blog que foi parar em outros lugares da internet. Do sindicato dos jornalistas de MT, até blogs de pessoas que nunca conhecemos. É possível que o texto tenha circulado por e-mails da internet. Que ele tenha parado em perfis do Orkut. Sabe-se lá. Pessoas próximas ao blog (jornalistas) o consideram o melhor texto publicado por aqui. Também foi o texto recordista de comentários na época.

O texto foi escrito quando o sexto semestre do curso de jornalismo da UFMT caminhava para o seu final. Aliás, para a sua interrupção para as férias de Dezembro. Essa é uma época na qual os trabalhos se acumulam. Matérias semanais, planos de assessoria, resenhas de livros. O estudante de jornalismo mais sortudo consegue dormir umas quatro horas por noite.

Nesse ambiente de depressão, me veio à idéia de escrever sobre a prática do jornalismo. O nome surgiu a partir de um texto escrito pelo Gressana, “A prática do nudismo”. Jornalismo e nudismo rimam, apenas isso. Além de que, muito se discute a chamada prática do jornalismo.

O texto abre com a definição da Wikipédia sobre o jornalismo. Pelo menos a definição da época. No geral, o texto fala sobre os vários clichês jornalísticos. A maneira como se fala deles no cinema, e as várias coisas que escutamos ao longo do curso. “Jornalista tem que ter cheiro de rua”, “tem que ser jornalista 24 horas por dia”, como os jornais eram feitos antigamente, os tempos dourados. Essas frases foram exageradas, para retratar a vida de um jornalista como um inferno – o destino do jornalista.

No final do texto, uma piada sobre Assis Chateaubriand. Um dos grandes nomes do jornalismo, que tinha quatrocentos jornais, trouxe a TV para o Brasil, mas que era um mafioso, assassino, difamador. Também tem uma piada do Cid Moreira. Certo que hoje, quando se fala que vai ser jornalista, sua avó pergunta “igual o William Bonner?”, mas o Cid Moreira já deve ter sido o personagem dessas piadas em outros tempos.

E há o grande momento do texto, que é o sexto parágrafo:
O jornalista não vive. Ele está aqui apenas para apurar matérias e entrevistar pessoas. O tempo todo. O jornalista também não come, e não faz sexo. A não ser que seja para conseguir a capa do jornal, revista. O jornalista também não dorme. Esse tempo é dedicado para pensar em pautas. Os sonhos de um jornalista tem lead e sub-lead e estão em pirâmide invertida.

É o parágrafo favorito, ou o trecho preferido. O qual, o autor faz uma revelação agora: ele não foi publicado do jeito que queria.

Esse foi um texto que demorou uns dois meses para ser elaborado. Foi escrito, re-escrito, mudado, fragmentado. Eu achava que era um texto com um bom potencial, e por isso o trabalhei bastante. Depois de achar que estava bom o suficiente, faltava uma frase: Os sonhos de um jornalista tem lead e sub-lead e estão em pirâmide invertida. Era a melhor frase do texto. Mas não era exatamente o que eu queria dizer. Os sonhos de um jornalista tem lead e sub-lead. Bom. Mas “e estão em pirâmide invertida”. Muito pensei depois se não deveria ter escrito “Seus pesadelos estão em pirâmide invertida”. O fato é que acho, que nunca pensei na palavra correta, a palavra que eu imaginava, que melhoraria essa parte do texto.

Pensei várias vezes em fazer “a prática do jornalismo 2”. Mas desisti. Não queria que ele se transformasse em várias sequências. E que no fim, terminasse por passar na Sessão da Tarde.

Comentários

Laïse disse…
ave! o texto foi parar em perfil do orkut O.o
é, vocês são foda.
Gressana disse…
Na verdade, se fosse uma triologia, o primeiro seria muito bom, o segundo uma seria o melhor e o terceiro seria uma merda. É a sina das triologias. Menos Star Wars.
Laïse disse…
é, com parque dos dinossauros foi assim.
Thiago Borges disse…
esse texto é mto foda, mas escrever o 2 é realmente perigoso, poucos filmes repetem no segundo o sucesso do primeiro.