As mudanças são aparentes. O cansaço e a insônia são mostrados pelas olheiras. O peso se altera para mais ou para menos, mostrando que a rotina de alimentação da pessoa mudou. Seus cuidados com a aparência também. Seja a barba mal feita, o cabelo bagunçado ou as unhas não pintadas. Esses sintomas atingem tanto homens quanto mulheres. E são sintomas comuns, anualmente várias pessoas os têm.
Se você conhece alguém que esteja assim, não se preocupe muito. Não se trata de uma epidemia ou de uma doença fatal. Após algum tempo, os sintomas desaparecerão e a pessoa poderá tentar voltar a ter a sua vida normal. Afinal, a pessoa estava apenas fazendo a sua monografia.
Como a monografia é uma coisa considerada normal, as pessoas podem até achar que este é um processo que os seres humanos enfrentam com naturalidade. Mas, não é. A monografia estressa os monógrafos e causa reações parecidas com as fases pela qual a pessoa passa antes de morrer.
Primeiro, vem a negação. Nesse período, o monógrafo trata a monografia como se ela não existisse. Olha o calendário e pensa que ainda tem muito tempo disponível e resolve viver a sua vida adoidada. Ou, pelo menos normalmente.
Depois vem a raiva. Quando o monógrafo percebe que tem que começar a fazer alguma coisa. E a sensação é de raiva. Porque eu preciso fazer isso? Que merda, maldito seja o mundo!
Chegamos então a fase da barganha. Que é quando o monógrafo começa a tentar fazer sua monografia e percebe o tanto de coisa que tem que fazer. O normal então é pedir ajuda para deus. “Ajude-me a fazer a monografia e eu começo a ir à igreja”. No entanto, esse pedido também pode ser feito aqueles scraps do Orkut que se oferecem pra fazer o trabalho.
O passo seguinte é a depressão. É a sensação de que sua vida acabou, que você jamais vai conseguir fazer isso, que nunca vai se formar e se tornará eternamente alguém frustrado. É a fase mais duradoura.
Finalmente chegamos a aceitação. Quando você aceita a situação, seja qual for. Ou você faz o trabalho ou se consola em fazer apenas no semestre seguinte, ou resolve que o diploma não é assim tão importante e que os conhecimentos adquiridos ao longo desses quatro anos serão muito úteis.
Existem várias maneiras de reagir a essa fase da vida.
Tranqüilidade: Os tranqüilos são aqueles que nas conversas com os amigos se mostram sempre tranqüilos com a sua situação. Que estão escrevendo, sabem o que fazer e que tem confiança de que tudo vai dar certo. Pura pose. Na verdade, os tranqüilos têm surtos de desespero no quarto e antes de dormir tentam se sufocar no travesseiro para abreviar a dor. E os tranqüilos são os piores, porque eles fazem isso apenas para ver a cara de desespero dos seus colegas diante do seu sucesso.
Desespero: Esse é o mais normal. Encaixa-se em todos os sintomas mencionados no começo do texto. O desesperado pode ser tanto melancólico, quanto abatido, quanto desiludido.
Desespero em excesso: É a versão extrema da categoria acima. Combina o abatimento melancólico com um estado de nervos elétrico. Inquietação. É como se a pessoa tivesse tomado doses cavalares de cafeína.
E a monografia traz seqüelas. Você nunca mais será o mesmo, nunca mais uma dissertação, um artigo, ou qualquer coisa acadêmica passara imune a você. Não tem aquela história de “ah se precisar faço, se não, não faço”. Você pode tanto tomar um horror eterno, ter pesadelos e calafrios quando escutar essa palavra ou, pelo contrário, pode tomar gosto pela situação e fazer especializações, mestrados, doutorados, publicar artigos científicos mensalmente e etc.
Enfim. A vida de um monógrafo é uma desgraça pura. Só não é pior do que a vida do jornalista. A não ser que você seja um jornalista fazendo monografia. É tanta desgraça para uma vida, que, dizem, prisioneiros de guerra no Sudão são obrigados a serem jornalistas e a apresentarem monografias mensalmente.
Os monógrafos sonham com citações. Acordam pensando em referências bibliográficas. Em cada ato do seu dia eles pensam na metodologia a ser usada. Tem pesadelos com a ABNT.
Você vive com a eterna sensação de que seu dia está encurtando. Você se esquece das estrelas do céu, do sol que brilha e... (o parágrafo foi censurado, por ser extremamente parecido a um livro de auto-ajuda).
E não há nada para se fazer com isso. Apenas terminar a monografia. Triste.
*****
Abrimos os nossos comentários para que você, CHnauta, compartilhe a sua experiência. Tal qual uma seção de Monógrafos Anônimos.
Se você conhece alguém que esteja assim, não se preocupe muito. Não se trata de uma epidemia ou de uma doença fatal. Após algum tempo, os sintomas desaparecerão e a pessoa poderá tentar voltar a ter a sua vida normal. Afinal, a pessoa estava apenas fazendo a sua monografia.
Como a monografia é uma coisa considerada normal, as pessoas podem até achar que este é um processo que os seres humanos enfrentam com naturalidade. Mas, não é. A monografia estressa os monógrafos e causa reações parecidas com as fases pela qual a pessoa passa antes de morrer.
Primeiro, vem a negação. Nesse período, o monógrafo trata a monografia como se ela não existisse. Olha o calendário e pensa que ainda tem muito tempo disponível e resolve viver a sua vida adoidada. Ou, pelo menos normalmente.
Depois vem a raiva. Quando o monógrafo percebe que tem que começar a fazer alguma coisa. E a sensação é de raiva. Porque eu preciso fazer isso? Que merda, maldito seja o mundo!
Chegamos então a fase da barganha. Que é quando o monógrafo começa a tentar fazer sua monografia e percebe o tanto de coisa que tem que fazer. O normal então é pedir ajuda para deus. “Ajude-me a fazer a monografia e eu começo a ir à igreja”. No entanto, esse pedido também pode ser feito aqueles scraps do Orkut que se oferecem pra fazer o trabalho.
O passo seguinte é a depressão. É a sensação de que sua vida acabou, que você jamais vai conseguir fazer isso, que nunca vai se formar e se tornará eternamente alguém frustrado. É a fase mais duradoura.
Finalmente chegamos a aceitação. Quando você aceita a situação, seja qual for. Ou você faz o trabalho ou se consola em fazer apenas no semestre seguinte, ou resolve que o diploma não é assim tão importante e que os conhecimentos adquiridos ao longo desses quatro anos serão muito úteis.
Existem várias maneiras de reagir a essa fase da vida.
Tranqüilidade: Os tranqüilos são aqueles que nas conversas com os amigos se mostram sempre tranqüilos com a sua situação. Que estão escrevendo, sabem o que fazer e que tem confiança de que tudo vai dar certo. Pura pose. Na verdade, os tranqüilos têm surtos de desespero no quarto e antes de dormir tentam se sufocar no travesseiro para abreviar a dor. E os tranqüilos são os piores, porque eles fazem isso apenas para ver a cara de desespero dos seus colegas diante do seu sucesso.
Desespero: Esse é o mais normal. Encaixa-se em todos os sintomas mencionados no começo do texto. O desesperado pode ser tanto melancólico, quanto abatido, quanto desiludido.
Desespero em excesso: É a versão extrema da categoria acima. Combina o abatimento melancólico com um estado de nervos elétrico. Inquietação. É como se a pessoa tivesse tomado doses cavalares de cafeína.
E a monografia traz seqüelas. Você nunca mais será o mesmo, nunca mais uma dissertação, um artigo, ou qualquer coisa acadêmica passara imune a você. Não tem aquela história de “ah se precisar faço, se não, não faço”. Você pode tanto tomar um horror eterno, ter pesadelos e calafrios quando escutar essa palavra ou, pelo contrário, pode tomar gosto pela situação e fazer especializações, mestrados, doutorados, publicar artigos científicos mensalmente e etc.
Enfim. A vida de um monógrafo é uma desgraça pura. Só não é pior do que a vida do jornalista. A não ser que você seja um jornalista fazendo monografia. É tanta desgraça para uma vida, que, dizem, prisioneiros de guerra no Sudão são obrigados a serem jornalistas e a apresentarem monografias mensalmente.
Os monógrafos sonham com citações. Acordam pensando em referências bibliográficas. Em cada ato do seu dia eles pensam na metodologia a ser usada. Tem pesadelos com a ABNT.
Você vive com a eterna sensação de que seu dia está encurtando. Você se esquece das estrelas do céu, do sol que brilha e... (o parágrafo foi censurado, por ser extremamente parecido a um livro de auto-ajuda).
E não há nada para se fazer com isso. Apenas terminar a monografia. Triste.
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Abrimos os nossos comentários para que você, CHnauta, compartilhe a sua experiência. Tal qual uma seção de Monógrafos Anônimos.
Comentários
hahahaha
Eu já perdi 2 kg por causa desse trabalho. E uma quantidade incrível de cabelos. Já está chegando o dia de entregar. Eu quero morrer.
e eu ainda to na fase da depressão. acho que ela vai durar até o dia de apresentar.
e tenho tido pesadelos.
Eu oscilo entre as duas fases, a da tranquilidade aparente, mas no fundo eu estou puro desespero! e o café é meu melhor amigo :\
srsrsr
Comecei a pensar já o meu tcc, apesar de ainda ter dois periodos para escrever alguma coisa, mas já passei por todas as fases eu acho!
adhuiashdisadhiaidashdiu
Agora to na fase lerda, esperando os livros sobre o assunto que eu quero escrever cairem no meu colo.
Mas estou começando a ficar realmente com medo, principalmente pq faço jornalismo, e terei uma monografia para escrever.
Adorei a idéia do blog!
bjus
Por vezes, tomamos.
É triste...