Profissões desgraçantes: roteirista de filme pornô

Como nosso amigo Guilherme bem disse aqui nesse humilde blog certa vez, algumas profissões são degradantes. Hoje trataremos de uma das profissões mais insólitas que temos notícia. Roteirista de filme pornô.

Primeiro é preciso deixar uma coisa clara: filme pornô com roteiro é sempre ruim. Se não sempre, se você vir que um filme pornô tem uma história, com personagens e plots, desconfie. Por exemplo, veja aqueles filmes do Cine Privé. Tudo bem que eles não são exatamente "pornôs", porque não mostra nada do entra-e-sai. Na verdade, nem um boquete. O máximo que você vai ver num filme desses são os pêlos pubianos das atrizes. Mas mesmo em filmes pornôs mesmo, o roteiro só atrapalha.

E mesmo assim tem gente que escreve. Pra ser roteirista de filme pornô, você não precisa de um curso de cinema na USP. Você só precisa ter uma noção mais ou menos do que é um roteiro. E isso pode ser facilmente aprendido em qualquer curso barato de comunicação social. Porém normalmente você não procura esse cargo, você acaba ocupando-o porque é um frustrado. Um roteirista que escreveu vários projetos que foram recusados, um radialista que nunca conseguiu emprego, um produtor de teatro que nunca conseguiu financiamento pra sua peça, ou mesmo publicitários e jornalistas desiludidos. Esses que sempre acabam na indústria pornô. E não como atores.

Imagine um roteiro pra filme pornô. Não é uma coisa difícil de se fazer. Você só tem que escrever os atos sexuais dos atores e quanto tempo vai durar. Por exemplo, durante os dois primeiros minutos, o casal se encontra e começa a se beijar, do terceiro minuto ao sétimo, a mulher faz sexo oral, do oitavo ao décimo, o homem faz oral, do décimo até o final você varia as posições do casal até o minuto final, que sempre termina com o ator ejaculando na cara da atriz. Aí você faz algumas variações disso aí. Você pode colocar uma mulher a mais, e fará elas interagirem entre si e com o ator. Um filme lésbico é a mesma coisa, só, obviamente, não termina com a ejaculação facial. Durante o filme você escreve algumas falas, como "ooohhh", "aaahhh", "yeeeessss", "fuck me, yeah, fuck me".

Se você ainda nessa profissão quer ter algum orgulho profissional e fazer a coisa como está escrita na cartilha, faça uma pequena historinha ridícula antes. Por exemplo, uma empregada hiper-gostosa chega pra limpar a casa do patrão solteiro, vê ele saindo do banho nu e começa a se excitar. Um grupo de jovens está estudando mas uma das garotas não consegue se concentrar e incita uma suruba. Normalmente a gente vê esse tipo de filme na produtora Brasileirinhas e na Buttman. Os filmes deles sempre começam com historinhas. Um caso internacional, um filme em que o ator é um gordão fantasiado de Obelix numa aldeia gaulesa, que começa a passar presunto no corpo da atriz também fantasiada a caráter.

Você pode usar sua criatividade até esse ponto. Mais que isso não pode, senão o público não vai querer ver o filme. Por exemplo, Breeders, que é um filme pornô em que a Terra sucumbiu a uma hecatombe e há poucos sobreviventes, que têm a missão de se reproduzir para reconstruir a humanidade, enquanto um cientista pretende fazer clones. E outro filme que não me lembro o nome, que tratava de vampiros (no caso, vampiras), que seduziam suas vítimas e depois que transavam com elas, sugavam seu sangue. Evite isso. Até porque como filmes pornôs têm orçamento baixíssimo, a produção não tem como cobrir os gastos pra alguma coisa decente e sempre fica um resultado muito, muito escroto.

Portanto, não vá pensando que trabalhar na indústria pornô é a melhor coisa do mundo. Tudo bem, você vai ver quase todo dia gente pelada transando, e isso pode ser legal. Mas você não vai ganhar bem. Você não vai desenvolver seu potencial. Você não vai ser reconhecido. A não ser que seja o ator, claro, daí todo mundo que te ver na rua vai apontar pra você e dizer que te viu em alguns filmes.

Comentários

Guilherme disse…
Esse vai pro proibidão do CH3.

Imagina se a Laís lê isso.
Gressana disse…
Sim, eu pensei nisso.
Desculpe, Laís.
Thiago Borges disse…
que post ultrajante hein
tirem as crianças da sala